Deslumbramento e memórias em visitas ao Seminário São José

Visitas guiadas levaram cerca de 200 pessoas ao interior do prédio histórico

Memórias carregadas de emoção para aqueles que já conheciam o espaço e deslumbramento dos que ainda não o haviam visitado. Esses são apenas alguns dos sentimentos que cerca de 200 pessoas tiveram entre segunda-feira, dia 14, e esta quinta-feira, 17, ao visitarem o Seminário Jesuíta São José e seus arredores, em Pareci Novo.

Júlia Braga (E) diz que ideia é repetir visitação em outros momentos

Entre aqueles que se emocionaram estava a professora de Geografia Marilene Elise Fell dos Santos, 43 anos. Ela é sobrinha de Delmar Pedro Fell, que adquiriu o terreno dos jesuítas, e passou alguns momentos da sua vida no antigo prédio. Ela guarda com carinho recordações de almoços no local e de piqueniques no chamado Morro dos Padres. “Quando trabalhei aqui na (escola) São Francisco, no Ensino Médio, eu trouxe um grupo de alunos uma vez para fazer esse passeio”, contou. Na opinião dela, seria interessante voltar a mostrar para os alunos a história local, uma vez que muitos não a conhecem.

Marilene se emocionou e reavivou memórias

“Eles nem imaginam como é aqui, tanto a questão do morro ou dentro do seminário”, reforçou a professora. Nesse sentido, Marilene destacou que é muito legal ver o prédio, aos poucos, voltar a ter vida. “Que bom que estão dando valor. Inclusive, abrindo ao público e gente de fora do Município procurando esse espaço para conhecer um pouco melhor a nossa história”, frisou.

A visitação foi promovida pela Administração Municipal como forma de celebrar o Dia Estadual do Patrimônio Cultural. Quem perdeu a oportunidade não precisa ficar chateado, uma vez que a ideia do Executivo é promover a visitação em outros períodos do ano. De acordo com a secretária municipal de Turismo e Desporto, Júlia Braga, uma das possibilidades estudadas é realizar passeios durante a realização da 8ª Citrusflor, que ocorre de 29 de setembro a 8 de outubro. “Tem muita gente pedindo (visitação) nos finais de semana também. A gente está analisando, até porque nessa primeira etapa fomos nós, servidores públicos, que guiamos. Vale ressaltar que a gente não tem formação de guia, mas procuramos sempre estudar o assunto para poder passar o máximo de informações aos visitantes”, afirmou.

Escadaria leva até a Gruta do Silêncio

O roteiro da visita
A visita guiada ao Seminário Jesuíta São José iniciava no Museu Municipal Delmar Pedro Fell, localizado em frente ao prédio histórico. Dali, os visitantes eram acompanhados até a entrada da construção centenária, onde podiam observar os jardins revitalizados com seu layout original e com a mesma variedade de plantas que ali existiam.

Antes de entrar no seminário, os visitantes recebiam capacetes para sua proteção e algumas últimas instruções de segurança, como manter-se apenas nos corredores principais. Ao entrar pela portal frontal, os visitantes eram apresentados a duas salas – numa das quais estavam expostos alguns itens encontrados durante a primeira parte do restauro do prédio. Ali também é apresentada a telha do estilho sanduíche usada na obra e um modelo das peças de madeira, cópia das originais.
A visitação segue pelo primeiro andar até o antigo refeitório – e que, antigamente, também foi casa do restaurante Mato Verde. No segundo andar, são apresentadas salas de estudo, enfermaria, uma bela sacada e uma das partes mais bonitas do seminário: a sua capela.

A visita também conta com uma volta pela área externa do prédio, de onde é possível ver a piscina escavada em pedra grés. Dali segue-se para a Fazenda Dom Oscar, onde ficavam oficinas de trabalho dos jesuítas, como serraria. É ali também que encontra-se a escadaria que leva à Gruta do Silêncio e também o espaço conhecido como Morro dos Padres, que dá uma vista privilegiada ao Rio Caí.

Jardins na frente do seminário foram revitalizados

Antiga fazenda deve virar espaço turístico
Desde 2012 sob a administração de Cládia Lúcia Sost, a Fazenda Dom Oscar tem uma área de 44 hectares. Algumas partes desse amplo espaço devem estar abertas para visitação durante a 8ª Citrusflor. “A projeção é ter trilhas abertas. São trilhas já existentes que estão sendo limpas e reorganizadas”, revelou.

Fazenda Dom Oscar tem vestígios da fazenda dos Teixeiras e do trabalho dos Jesuítas

“Esse espaço aqui é muito importante em termos de história para o Município e para o Vale do Caí, porque muita coisa se deu nesse espaço. Qual é a ideia inicial? É abrir, sim, para o turismo e resgatar toda essa questão histórica e cultural”, enfatizou a proprietária. Ela ressaltou que na área da fazenda estão antigas construções usadas pelos jesuítas, como a piscina escavada em pedra grés, a Gruta do Silêncio e uma fonte de água limpa na base da escadaria que leva para a gruta.
Aliás, Cládia revela que a Gruta do Silêncio não é a única existente na propriedade. “Há grutas que eu acredito serem de construção jesuítica e outras, eu acredito, que foram feitas por escravos”, relatou.

História do Seminário Jesuíta São José
Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), em 1900 foram iniciadas as obras do Seminário Jesuíta São José. Projetado por Johann Gruenewald e executado por José Frast, o prédio foi parcialmente concluído em 1901. Em 1929, o seminário foi ampliado com as obras sendo finalizadas em 1931.

Além de estudantes, o complexo abrigava jesuítas que garantiam a sustentabilidade da instituição com a confecção de roupas, cozinha própria, horta, pecuária, marcenaria, ferraria, abatedouro e pomares. Em função da alta qualidade do solo, foram incrementadas as atividades de floricultura, tradição e fonte de recursos do município até os dias atuais. Fazem parte do complexo, além do edifício, uma piscina construída na rocha e oriunda da antiga fazenda, e a Gruta do Silêncio.

Em 1992, a propriedade desativada foi vendida à iniciativa privada. Em 2006, o município adquiriu as terras e os prédios para restauro e atividades culturais. Segundo o Iphae, o Seminário São José foi tombado como patrimônio histórico do Estado em 2013. Em março deste ano foi concluída a reforma de parte do telhado do prédio centenário, marcando o início do restauro da imponente construção.

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