Cejusc Montenegro conta com novo apoio nas Constelações Familiares

PARCERIA. Instituto Servir propõe olhar diferenciado aos conflitos

O Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc/Montenegro), em parceria com o Instituto Servir, do Estado do Rio Grande do Sul, promoveu a 1º Mostra da Justiça Sistêmica em Montenegro. O evento realizado no Fórum, na tarde da última sexta-feira, dia 6, tem o objetivo de apresentar às autoridades convidadas e à sociedade em geral – através da imprensa – os métodos alternativos complementares à justiça tradicional na resolução de conflitos, com a utilização de constelações sistêmicas.

Em Montenegro, as Constelações Familiares (ou sistêmicas) passaram a ser desenvolvidas em 2019. O serviço é “ferramenta” para solucionar conflitos familiares que envolvem casos de violência doméstica. Conforme a juíza Deise Fabiana Lange Vicente, o Judiciário faz o acolhimento de todas as vítimas que registram ocorrência, a fim de verificar se a situação de risco persiste, bem como realizar encaminhamento. Assim, é realizado contato com vítimas e agressores e quando necessário lhes é ofertada a possibilidade de participar das constelações ou círculos restaurativos, conforme o caso apresentado.

Na prática, o constelador recebe, individualmente, quem sofreu e ou quem cometeu a violência. Cada um é convidado a refletir sobre a origem do problema que culminou na ação violenta. A partir daí eles passam a ter uma visão mais clara sobre seu papel no conflito. A intenção é que, a partir dali ou em um novo relacionamento, o agressor não repita o comportamento; e que a vítima saiba como evitar que novas agressões lhe sejam praticadas. “O que se espera é a tomada de consciência da própria vida, e a possibilidade de se renovar, de enxergar novos caminhos. Muitas vezes a pessoa está numa repetição de comportamentos e não enxerga”, explica a juíza.

Até julho deste ano, as mediações eram realizadas pelos consteladores Maurício Akio Ikeda e Nara Fontoura. Mas graças à parceria com o Instituto Servir, o quadro de consteladores passou a contar com novos integrantes. Com isso, as mediações que antes ocorriam duas vezes por semana, agora são realizadas de segunda a quinta-feira, com duas constelações por tarde. “A mediação tanto cível como familiar, em meio à pandemia, estava sendo prestada virtualmente. Porém, na constelação a gente precisa além do sigilo, conforto, acolhimento, concentração, entre outras condições favoráveis, e no mundo virtual muitas vezes isso não é possível. Estamos muito felizes com a retomada presencial”, afirma a magistrada.

A 1º Mostra da Justiça Sistêmica em Montenegro ocorreu no Fórum da cidade

“Nosso objetivo geral é auxiliar o Poder Judiciário como agente de transformação e pacificação social, implementando uma nova ferramenta de abordagem para resoluções de conflitos e propondo a inclusão das técnicas sistêmicas da constelação como uma política pública de enfrentamento a violência doméstica”, explica a presidente do Instituto Servir, Sibele Amador de Azeredo.

Com base no projeto desenvolvido em Parobé, Sibele mostra que em 55% dos casos, em que os envolvidos não aceitaram fazer parte das constelações, o autor do fato voltou a praticar crimes contra a mesma vítima. Já quando ambos aceitaram integrar o projeto, apenas 7% dos agressores reincidiu em crimes contra a mesma vítima.

Sobre as Constelações Familiares
As Constelações Familiares (ou sistêmicas) – criadas pelo psicanalista alemão Bert Hellinger – consistem em uma técnica que tem o objetivo de proporcionar solução de conflitos em processos que tramitam na Justiça. O método passou a ser usado diante da sobrecarga de processos do Poder Judiciário. Seu uso vem crescendo e ganhando espaço no Judiciário gaúcho e nacional. Mais de 16 estados já utilizam as constelações.

Através da intervenção dos consteladores, busca-se abrir novos horizontes, fazer vítima e agressor compreender a origem do conflito, saber aceitar, agradecer e conciliar, de forma humanizada, questões até então desconhecidas no seio familiar.

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