Após início meteórico, prodígio das pistas sonha com a Fórmula 1

Leonardo Reis leva a experiência dos jogos virtuais para as pistas

Estudioso e arrojado, Leonardo Reis quer fazer história no automobilismo

O montenegrino Leonardo Porto Reis tem apenas 17 anos, mas já ostenta um currículo de gente grande no automobilismo. Apaixonado desde pequeno por carros, o jovem piloto leva a experiência dos jogos virtuais para as pistas e sonha em chegar à Fórmula 1. O caminho é longo, mas já começou a ser percorrido por um dos pilotos mais promissores do Estado.
Mãe do prodígio, Angélica Marques Porto Reis lembra que, quando pequeno, Léo sempre gostou mais de brincar com carrinhos e pistas, do que com bola de futebol. Em 2018, Angélica e Homero Alexandre Reis – pai do jovem piloto – compraram um volante gamer para Leonardo jogar Xbox. No ano seguinte, o garoto já disputava campeonatos virtuais de automobilismo.

Com a prática no videogame, Léo foi aprendendo muitas técnicas de pilotagem e também de acerto de carro. Em 2021, o jovem andou pela primeira vez em um carro de corrida, na Alpie – Escola de Pilotagem, em Interlagos-SP. “Tirei a carteira de piloto da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), fiz um curso e não parei mais. Fiz treinamentos em Interlagos, Guaporé e no Velopark”, salienta.

No final de 2021, o montenegrino fez seus primeiros treinos pela Fórmula 1.4 – a extinta Fórmula Júnior. Já em maio de 2022, o atleta teve a oportunidade de correr na Fórmula 1.600, novamente em Interlagos. Era a estreia oficial de Léo, no local que é referência para o automobilismo nacional.

“Logo de cara, tive um problema no carro e larguei em 23° no grid. Subi para 17ª posição na primeira corrida e depois para o 14° lugar na segunda corrida. Foi a maior escalada do evento no final de semana. Fiquei em 6° na categoria Rookie. A maioria dos treinos e corria era contra pilotos mais velhos. Fiz apenas um treino com pilotos da minha idade”, ressalta.

Os primeiros grandes resultados
Em junho de 2022, Léo correu na pista do Velopark, pelo Campeonato Estadual de Fórmula 1.4. Nos treinamentos, disputou a pole-position com o piloto Guto Rotta, um dos destaques da modalidade no país. No treino classificatório para o grid de largada, o montenegrino estava na frente por meio segundo. Na chuva, onde a dificuldade é maior, a diferença subiu para 1,9 segundo, e Léo largou na frente.

Em fevereiro deste ano, Léo disputou a etapa final do Estadual de Endurance com o protótipo Spyder com sucesso

A corrida teve mais chuva, e o montenegrino ficou em segundo por uma “quebra de acordo”. Na segunda corrida, o jovem da cidade largou em segundo, mas passou Guto Rotta e ganhou a prova. Na somatória das duas provas, que corresponde a uma etapa, Léo foi o campeão.

Em julho, o piloto de Montenegro liderou as sessões de treino em Tarumã. A etapa aconteceu em agosto, e Léo dominou a primeira bateria, vencendo com 39,5 segundos de vantagem para o segundo colocado. Na segunda bateria, tirou o pé do acelerador, perdeu três posições na largada, mas assumiu a liderança na quinta volta, abriu vantagem na ponta e venceu mais uma vez.
A terceira etapa do Estadual acabou sendo cancelada, devido à falta de pilotos para realização da prova. Com isso, Leonardo se sagrou campeão gaúcho. “Envolve toda uma preparação física, uma alimentação correta e aulas de simulador”, frisa. Em março deste ano, o montenegrino recebeu o troféu de campeão na cerimônia de premiação da Federação Gaúcha de Automobilismo.

Experiências com outros carros
Por conta de seu desempenho na Fórmula 1.4, mas também por ouvir e respeitar os superiores, Leonardo Reis foi indicado para fazer um treino com um protótipo MRX, em dezembro de 2022. “Foi um treino curto, visando correr o campeonato com esse carro. Mesmo assim, consegui fazer um tempo bem próximo ao do dono do carro, que já anda nele há 10 anos”, enfatiza.

Já em 2023, no final de fevereiro, Léo foi convidado para disputar a última etapa do Gaúcho de Endurance. Em Guaporé, realizou um treinamento de apenas oito voltas, mas conseguiu fazer o tempo mais rápido da temporada, com o protótipo Spyder. O montenegrino competiu junto com um piloto argentino, de 78 anos. O hermano só precisava completar a prova para ser campeão do certame. E a dupla terminou a corrida na liderança da categoria P4, não dando chance para os oponentes.

Apesar dos danos irreparáveis causados pela pandemia do novo coronavírus, o período de 2020 e 2021 foi positivo para o crescimento de Léo no automobilismo. “Esses dois anos ‘em casa’ me ajudaram a focar nas técnicas de pilotagem e acerto de carro. Foi no simulador que aprendi as técnicas de corrida”, declara.

Inspirações e os próximos desafios
Detalhista e ambicioso, Léo tem muitas inspirações no automobilismo. Ele revela que busca aprender um pouco com cada piloto. “Me inspiro no Ayrton Senna pelo arrojo; no Lewis Hamilton pela frieza e administração; no Max Verstappen pela velocidade e arrojo; em Rubinho Barrichello e Nelson Piquet pela precisão de acerto e conhecimento do carro”, ressalta.
Após uma temporada vitoriosa na Fórmula 1.4, o jovem piloto já planeja este ano. “Estamos com o projeto de correr a Fórmula Delta, em São Paulo. É um campeonato de oito etapas, em um carro mais rápido, de uma tecnologia muito acima. Também há a possibilidade de correr com o Spyder, no Endurance. Outra possibilidade é correr a Fórmula Inter, num carro parecido com o Delta. Todas etapas ocorrem em Interlagos”, projeta.

Atual campeão, Léo também pode disputar novamente o Estadual de Fórmula 1.4. Para seguir crescendo e levando o nome de Montenegro para o topo do pódio, Léo pede auxílio da população. “Dependo de investimento para disputar as competições. Qualquer empresa ou pessoa que quiser ajudar e ser um parceiro, será bem-vindo”, salienta.
“O sonho é viver do automobilismo e correr campeonatos mundiais. A Fórmula 1 seria o ápice. Em 2024, o objetivo é correr na Fórmula 4 Brasil, que é um satélite da Stock Car”, completa.

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