Médicos e cidadãos de Montenegro cumprem uma missão em nome da vida, implantando na comunidade a consciência quanto à doação de órgãos. No centro deste diálogo está a compaixão, que nasce quando a família entende que seu ente querido seguirá vivo através de um ato de solidariedade. Esse carinho confortante foi traduzido através de um abraço ao Hospital Montenegro (HM), realizado na manhã desta quinta-feira, 27, Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos.
A casa de saúde é o alicerce do projeto Cultura Doadora, que visa mudar a realidade de zero doação na cidade. O ato teve a presença do professor Marcos Fuhr, presidente da Fundação Ecarta, entidade ligada ao Sinpro-RS (Sindicato dos Professores do Ensino Privado) que fomenta o Cultura Doadora. Antes de mais nada, ele ressaltou a recepção afável recebida da comunidade local, além de destacar a importância da casa de saúde na ação.
O presidente explica que a sigla Ecarta significa as áreas bases – Educação, Cultura, Arte, Recreação, Tecnologia e Assistência. Partindo desses princípios, mantém vários projetos, dentre os quais está o educacional quanto a doação de órgãos. Como é formada por professores, a Fundação tem a facilidade de inserção no meio escolar, com ações de conscientização.
“Queremos contribuir para formar uma cultura doadora”, destacou, referendo-se não apenas ao Vale do Caí, mas ao Rio Grande do Sul. Fuhr faz questão de salientar que é montenegrino, mas foi a inexistência de doações na sua terra natal que motivou a Ecarta concentrar esforços na região. O diretor técnico do HM, médico Fabrício Pimentel Fonseca, falou a respeito do receio que as famílias têm em relação às normas para determinar o falecimento; além da forma de retirada.
Sua postura é de compreender esse medo da pessoa leiga, sem esquecer-se da grande dor em momento de perda. Ele tranquiliza ao explicar que somente o paciente em morte encefálica é considerado como possível doador. Esse é um quadro médico final e irreversível, determinado por uma série de normas ministeriais e protocolos internacionais. “Então, não se tira nenhuma chance de recuperação desta pessoa”, garante.
Família é consultada e informada
O diretor técnico segue sua fala insistindo no fato da morte encefálica ser o estágio final com morte atestada; sem que essa definição seja baseada em critérios criados pelo próprio hospital ou corpo médico. E somente depois deste atestado definitivo é que a família é abordada, pois a retirada de órgãos acontece somente mediante autorização. Respeitando o momento, os médicos explicam cada detalhe do procedimento.
Inclusive, é deixado claro que o corpo será entregue integro, sem mutilações, para os atos fúnebres. Fonseca reforça que os exames e testes afastam completamente a possibilidade de que haja um erro de diagnóstico. “Naquele momento, ele chegou ao final de sua vida, e ele tem a chance de promover o reinicio da vida de uma série de outros pacientes que estão na fila de transplante”, encerra o diretor.