Mesmo depois de tanto tempo o companheirismo e a paixão permanecem
Uma história de amor, fé e muita cumplicidade. Os montenegrinos Nicolau Alvisio de Oliveira, de 70 anos e Leci de Oliveira, de 65, completam 50 anos de união neste dia 19 de abril.
O casal é praticante da Igreja Católica, e garante que a fé é uma das coisas que os mantém unidos. “Além da religião, nós somos pessoas simples, otimistas e alegres” revela Nicolau. Para eles, a receita para um bom relacionamento é a simplicidade e a confiança um no outro. Problemas maiores nunca aconteceram no relacionamento. “Nós nunca tivemos grandes problemas. Claro, dificuldades no dia-a-dia, mas nunca houve ameaças nem o caso de dormirmos separados”, conta ele.

Os dois se conheceram no dia 21 de janeiro de 1967 em um baile na Costa da Serra, no salão que pertencia ao avô de Leci. “Foi amor à primeira vista”, relembra ela. Apesar de morarem apenas 5km distantes um do outro, não se conheciam e o primeiro contato não foi tão fácil. “A gente não tinha o costume de tirar para dançar, mas eu criei essa coragem e fui convidar”, diz Nicolau. Segundo ele, o outro empecilho para o momento é que ele nunca soube dançar, enquanto Leci dançava muito bem.
Depois do primeiro ato de coragem, tudo mudou para os dois, o amor foi amadurecendo e o namoro começou após um mês. Em dois anos e meio ocorreu o casamento, que seguiu todos os passos tradicionais: cartório, igreja e uma grande festa com mais de 300 convidados.

O casamento foi de urgência, pois Leci já estava grávida de sua primeira filha. Naquele tempo não se tinha conhecimento de como e o porquê usar preservativos. “Eu não sabia de nada, os pais não ensinavam. Eu fiquei menstruada e não sabia o que era. Eu casei grávida, por que não entendia”, explica Leci. Porém, isso não foi motivo para mudar algo no amor dos dois, pelo contrário, estreitou laços.
Nicolau, que trabalha como contador, desde os 16 anos, e Leci que trabalha em casa e ainda cuida da família, não esperaram muito para obter sua casa própria. “Logo depois do casamento fomos morar com a mãe dele e um ano depois já tínhamos a nossa casa”, fala Leci.
A segunda e a terceira filha em breve chegaram para trazer mais alegria aos dois. Mas nem tudo era fácil, segundo Nicolau. “Eu me formei técnico em contabilidade em 66 e comecei a faculdade em 75, quando as meninas eram crianças. Às vezes eu chegava em casa e a Leci estava com uma chorando na cama e outra no colo. Mas sempre tentei ser solidário e ajudar”, comenta Nicolau. De acordo com Leci essa época foi bem difícil, mas relata que passou por tudo e está bem satisfeita com a sua vida.

O tempo foi passando, a cumplicidade aumentando e a família também. Hoje, Nicolau e Leci, além das três filhas têm também cinco netos, que a avó ajudou a cuidar. “As minhas filhas e os meus netos são tudo pra mim. Os netos são meu xodó, para tudo sou eu que ajudo eles”, fala, com brilho nos olhos, Leci.
Apesar de a família estar ansiosa, a festa de bodas de ouro terá que esperar. Além da comemoração ser na Sexta-feira Santa, essa é a época em que Nicolau mais trabalha. “Mesmo assim vamos fazer alguma coisa, nem que seja uma celebração em caráter reservado em casa”, fala Nicolau. A intenção dos dois é trazer o padre que os abençoou há 50 anos atrás, e atualmente está em Porto Alegre. “Queremos celebrar esse momento, nem que seja só para os familiares e amigos mais próximos”, revela o marido.
Para os dois este momento é de um agradecer ao outro pelo companheirismo e pela simplicidade que se teve todos esses anos. “Nós esperamos viver com saúde e com alegria. A gente tem que deixar uma marca, eu penso que todo ser humano durante a sua vida ele constrói uma história, então temos que fazer que essa história seja boa para que alguém conte depois”, finaliza Nicolau.