Mobilização foi realizada por caminhoneiro do Paraná
Em novembro do ano passado, a família do pequeno Ruan Pereira da Silva, de 3 anos, descobriu a presença de um tumor benigno em sua cabeça. A suspeita surgiu após ele apresentar alguns sintomas, como febre e vômito. “Levamos o Ruan no Plantão duas vezes, até que encaminharam para o Hospital Montenegro, onde fizeram um exame que detectou a presença do tumor. De lá ele já foi encaminhado para o Hospital da Criança, em Porto Alegre, onde ficou internado por 20 dias”, conta o pai, Ademir Soares da Silva.
Ademir teve que largar o emprego para acompanhar a esposa, Daiana, durante o tratamento do filho em Porto Alegre. “Ele passou pela radioterapia e está se recuperando, mas ainda tem dificuldade de caminhar”, conta o pai. Os problemas aumentaram também em razão do estado da casa onde a família morava, em Muda Boi. Com o assoalho repleto de buracos, Ruan tinha ainda mais dificuldade para se locomover pela casa. “Ele caia muito, e nós, como pai e mãe, chorávamos por não ter condições fazer essa melhoria, foi então que decidimos pedir ajuda”, cometa Ademir.
A internet foi o meio pelo qual a família foi em busca de socorro. O pedido atravessou a fronteira do Estado e chegou até o voluntário Marcelo da Rosa, conhecido nas redes sociais como Solitário. Morador da cidade de Toledo, no Paraná, ele conta que recebeu o vídeo gravado por Ademir de um amigo. “O vídeo foi circulando pelos grupos de WhatsApp e do Facebook e chegou em um amigo meu, em Santo Antônio do Sudoeste, no Paraná. Ele me ligou e falou para eu dar uma olhada”, conta.
A situação da família de Muda Boi comoveu o voluntário paranaense, que até então nunca havia realizado uma ação social voltada para a construção de uma casa. “As minhas ações sociais geralmente são para caminhoneiros que estão com os veículos quebrados na estrada, ou até uma cadeira de rodas a gente já conseguiu. Mas eu olhei para a criança e o estado que estava a casa e decidi vir para Montenegro ajudar”, comenta o voluntário.
Mobilização garantiu a construção da casa nova
Foi através da sua página no Facebook, que conta com mais de 300 mil seguidores, que o voluntário Marcelo da Rosa realizou a mobilização para a construção de uma nova casa para a família do pequeno Ruan. Antes de vir para a cidade, uma seguidora de Novo Hamburgo esteve em Muda Boi para conferir a situação da família. “Ela me ligou e falou que não era só o assoalho que precisava trocar, porque a casa inteira estava para cair”, aponta.
As doações começaram a chegar de todos os cantos. A maior parte da madeira para a construção da casa foi doada por um seguidor da cidade de Chapecó, e o telhado por outro de Concórdia, em Santa Catarina. Também chegaram doções via PIX, que ajudaram na compra do restante do material e de móveis para a família.
A construção da casa iniciou na última quinta-feira, 13, após a demolição da antiga residência. Solitário destaca a importância dos voluntários que ajudaram na construção da casa. “Nós estávamos em quatro pessoas para construir, foi então que eu pedi, na minha página, para voluntários nos ajudarem. Todos os dias vieram pessoas. No último sábado estávamos em 20 pessoas, e no domingo em 15. Então foram muitos voluntários que vieram para colaborar”, diz.
A mobilização de pessoas que vieram de todas as partes garantiu que a casa fosse finalizada nessa terça-feira, 18. “Essa é a primeira casa que eu faço, o meu ramo é o caminhão e a estrada. Por isso, quero agradecer a todos os voluntários que nos ajudaram e pedir para os governos darem mais prioridade para as pessoas mais pobres”, finaliza Solitário.
Para a família de Muda Boi, a nova casa significa um sonho realizado. “A emoção tomou conta, a gente olha e parece que não está acreditando, de olhar como estava a outra casa e como está agora”, afirma Ademir. Os pais também comemoram os benefícios para o pequeno Ruan, que poderá ter uma recuperação mais tranquila. “Agora, com o assoalho novo, ele vai poder caminhar por toda a casa e brincar, só temos que agradecer a Deus e a todos que nos ajudaram”, conclui Ademir.