Vizinhos se reúnem para celebrar a volta ao lar após as enchentes

Reencontro simbolizou renovação e esperança para as 21 pessoas que participaram

Cinco meses após as enchentes que atingiram Montenegro, vizinhos dos bairros Centro e Manduca se reuniram com o intuito de retomar os laços comunitários e compartilhar experiências vividas durante a tragédia. A moradora Silvana Schons foi a anfitriã do encontro, que aconteceu no último domingo, 20. A iniciativa foi uma resposta à necessidade se reunir e a vontade dos moradores de compartilhar o que passaram durante as cheias.

Silvana, que reside no local desde 1996, destacou a importância do encontro, ressaltando que muitas famílias da vizinhança estão há gerações no local. “Aqui, nesse pátio, teve muito riso, muito choro e muita troca do que passou não só na enchente, mas ao longo dos anos”, comentou, lembrando que alguns vizinhos estão na comunidade há quase 80 anos. Com a presença de cerca de 20 moradores, a reunião se transformou em um espaço de reencontro, onde todos compartilharam não apenas suas dificuldades recentes, mas também memórias de tempos passados.

A emoção do encontro foi grande. Silvana conta que até vizinhos debilitados de saúde se esforçaram para participar, demonstrando o desejo coletivo de se reconectar. “Foi muito emocionante. O pessoal queria muito”, revelou. Durante a conversa, houve uma troca de mudas de plantas, uma atividade simbólica que representou a revitalização dos lares e jardins que foram muito afetados pelas águas.

“Cada um trouxe um prato e a sua bebida”, disse Silvana, ressaltando o caráter simples e acolhedor do evento. Os moradores também presentearam os vizinhos mais velhos e aqueles que estavam chegando, buscando integrar novos residentes na comunidade. “A vizinhança nova também ganhou um mimo, por estar chegando”, destacou, enfatizando o desejo de acolher a todos.

O sentimento de pertencimento ficou evidente, especialmente considerando as perdas materiais que muitos sofreram. Silvana contou que, em sua casa, a água chegou a um metro e quinze de altura, destruindo seus pertences. Mesmo assim, a esperança de reconstrução dominou as conversas. “Quem ficou está muito empenhado em recuperar seu patrimônio e embelezar seu espaço”, disse, observando que a maioria dos que permaneceram tem um apego forte ao local.

Ao refletir sobre a importância desse tipo de encontro, Silvana afirmou que é essencial aproximar as pessoas que moram no entorno. Em um mundo onde a pandemia aumentou o distanciamento social, ela acredita que essas reuniões podem ajudar a resgatar laços. “A gente vive uma sociedade que se distancia cada vez mais. Ter um mínimo de proximidade é muito positivo”, completou.

O encontro foi repleto de apoio diante das dificuldades recentes e lembranças de boas memórias

Novo encontro já está previsto
Tânia Maria Schons Kayser, uma das moradoras que participou do encontro, destacou a importância da iniciativa. “Silvana recebeu a todos nós com muito carinho em cada detalhe”, comenta. Ela conta que cada vizinho trouxe uma mudinha de planta para troca, incluindo mimos para os mais antigos, simbolizando um renascer de um novo tempo com mudas de chitinha e girassol. Para Tânia, o evento foi significativo, especialmente por terem ficado abrigados na casa de Silvana durante a grande enchente de maio, de onde saíram a pedido da Defesa Civil em um momento de grande medo. “Voltar para o lugar que saímos com tanto medo, de forma tão carinhosa, reforçou que a esperança. Foi o que nos sustentou unidos”, finaliza.

Suelen da Silva, uma nova moradora do bairro, compartilhou sua experiência durante o encontro. “Eu, meu noivo e nosso filho viemos para essa vizinhança há quase 2 meses, após as enchentes, com a saída da dona Maria, a proprietária da casa”, contou. Suelen expressou a preocupação que tinha sobre como seria a nova vizinhança, especialmente após terem vivido em um lugar onde cultivavam boas relações. Para sua surpresa, a acolhida foi ainda melhor do que esperavam. “Logo de início, fomos muito bem recebidos pela Silvana, que nos presenteou com um lindo bouquet de orquídeas que, por incrível que pareça, sobreviveu às cheias”, lembrou.

Ela falou sobre como a interação com os vizinhos, incluindo Sérgio, marido de Silvana, foi repleta de histórias e humor. “O encontro foi emocionante e nos permitiu conhecer mais sobre as vivências dos moradores antigos, além de fortalecer laços”, destacou. Suelen também mencionou a importância de eventos como esse, que criam um ambiente de comunidade e apoio mútuo. “Uma boa vizinhança faz a vida leve, saudável e segura. Estou encantada e pretendo continuar a cultivar esses laços, pois agora sinto que faço parte de uma grande família”, finalizou, agradecendo pelo acolhimento.

O sucesso do encontro gerou planos para uma nova reunião, possivelmente próxima ao Natal, que deve acontecer na casa da moradora Neida Schons, para celebrar as festividades e a recuperação da comunidade. “Foi muito bonito. Mexeu com as emoções das pessoas e fortaleceu as relações da vizinhança”, finalizou Silvana, reafirmando a importância de manter viva a chama da solidariedade e do contato humano em tempos difíceis.

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