Viver em sociedade é aprendizado constante

Fazer o certo dá muito trabalho. Muitas vezes nos deparamos com situações complexas e, ao adentrarmos nelas, pensamos: Putz! Mas aonde foi que eu amarrei minha égua! A gente vai presenciando comportamentos que vão nos pondo de pelos em pé e, em silêncio, ainda mesmo enquanto procuramos assimilar e compreender o contexto caótico e absurdo que se nos apresenta, indagamos como seja ele ainda possível, num período moderno e tão tecnologicamente avançado, onde o normal seria esperar que a sociedade de uma maneira geral até evitasse determinadas condutas já tão recorrentemente sabidas como desaprovadas pela coletividade.

Mas não. Por incrível que pareça quase que diariamente nos deparamos com cenas e manifestações bizarras que bem poderiam servir de script para filmes de terror ou comédia, tal o grau de ausência de cuidados para com a preservação dos interesses do bem comum.

É um festival de egoísmo, de ganância, de desrespeito, de absoluta inexistência de empatia e senso de responsabilidade para com o próximo. É a morte da solidariedade com os mais desesperados e carentes, a presença nefasta e tenebrosa da frieza e da perversidade! É tanta coisa ruim circundando que, ufa! Talvez fosse mesmo melhor fazermos caras de paisagem ou de samambaias, darmos de ombros e de conta que não estamos a presenciar nada daquilo.

Contudo, aos que se incomodam são exatamente nessas horas que, postos à prova, questionamos o quanto vale a pena comprar brigas nas quais ninguém mais deseje entrar. É sabido que, ao se mexer no vespeiro, as vespas, incomodadas, reagirão. Mas se o vespeiro traz dissabores graves e danos prejudiciais coletivos, o que mais se fazer na tentativa de corrigir e de acertar?

Não é nada fácil. Eu diria até que na esmagadora maioria ou mesmo na absoluta quantidade de vezes, ao fazer esse movimento de confronto e oposição com o errado e na busca do correto, você estará só. Não obstante, no fundo de tudo sabemos que a vida é mesmo assim, qual seja, feita de escolhas.

Afinal, se pudéssemos, por óbvio que escolheríamos sempre trilhar a vida somente pelas suas zonas de conforto, e nas quais não existiriam as falhas e os desvios comportamentais alheios. Ninguém em sã consciência gosta de procurar treta, inimizades, conflitos e desavenças. Por outro lado, dormir com o gosto do fel na boca que nos invade sempre que presenciamos algo muito errado e silenciamos é, para mim, muito pior do que toda e qualquer briga comprada.

Interessante também é, pois, acompanhar o desenrolar após estabelecido o conflito. Já vivi algumas experiências dessa natureza e, repetidamente, o depois é sempre bastante revelador. Aparecerão aqueles que, uma vez já passada a correnteza toda por debaixo da ponte, dirão: Eu sabia! Aquela conduta só poderia mesmo acabar nisso! Fato é que, estes, geralmente tinham ciência de tudo o que lhes chegara ao conhecimento. Só não pretendiam sair das suas zonas de conforto, promover rupturas, balançar as estruturas e as organizações já estabelecidas.

Mas saia da zona de conforto e desorganize os esquemas. Lute, acredite em você, aja procurando o bem, enfrente o que vier e não se deixe intimidar, ainda que isso lhe cause enorme desgaste. Dormir com peso na consciência, angústia no peito e amargura na boca é e sempre será muito pior.

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