ALFAMA. Comunidade está mobilizada para reativar ainda o Tiro e o Bolão
Na noite do sábado, 27, aconteceu o retorno do tradicional Baile do Tiro Rei, que, após oito anos de paralisação, recolocou a Sociedade Cultural Cruzeiro do Sul no calendário de eventos da região. O tradicional salão da comunidade de Alfama recebeu 425 pessoas, em noite de homenagem aos Reis e Rainhas de edições anteriores. A iniciativa foi para manter vivo na Sociedade este esporte difundido pelos Alemães, diante da impossibilidade estrutural de retomar a competição iniciada em 1964.
Essa mobilização que já permite voltar os bailes começou há um ano, através de esforço que uniu amigos e familiares para preservar uma história de 83 anos. Os atuais presidente e vice são, respectivamente, Valdir Frederico Kochenborger e Raine Jáco Krug (bieno 2023/2024); em eleição no primeiro semestre de 2023. Vencida a etapa burocrática, era hora de entrar no salão que estava fechado, ao menos, desde 2019, quando reportagem do Ibiá revelou o abandono daquele que foi um dos bailes mais requisitados no Vale do Caí.
O cenário mais grave era o desabamento de parte do telhado no pavilhão anexo aos fundos, onde ficam as churrasqueiras e a cancha de bocha. Internamente havia muita sujeira e entulhos, tanto que a Prefeitura de Montenegro cedeu um caminhão com jato para lavar. Feita a limpeza, reparos e construção de novo banheiro feminino, era hora de voltar a música e a comida típica.
Kochenborger revela que a primeira atividade de fato foi um almoço em 30 de junho, inicialmente programado para 150 moradores e amigos. Por fim, foram servidas 375 pessoas de Montenegro e cidades vizinhas, subvertendo os pessimistas. “Daí veio uma bandinha voluntária, e virou baile que foi até o final de tarde”, recorda o presidente.
Cruzeiro é o centro comunitário da Alfama
Os moradores estão engajados na revitalização do salão, que, além da função festiva, é o espaço comunitário, social e para reuniões com autoridades. Tanto é, que no primeiro almoço houve autêntica emoção nos reencontros sob aquele teto.
Depois das portas reabertas, a Escola Municipal Dona Clara Camarão já realizou dois eventos; e a Igreja Católica fará suas festas, começando pelo Kerb em novembro. Estes são dois exemplos de pilares sociais que não têm seus próprios salões sociais.
A Cruzeiro é usada ainda para casamentos, batizados e reuniões dos moradores com autoridades. Ainda em setembro aconteceu um bingo beneficente, e em novembro o Kerb com almoço e baile, que subiu as expectativas ao receber mais de 500 pessoas. “Aqui a fama de uma comida boa é grande”, observou a voluntária na cozinha Ieda Maria Endres Altenhofen.
Principais reformas serão em 2024
O lucro dos eventos de 2023 cobriu parte dos custos com as reformas. No horizonte para 2024, mais tardar 2025, está a revitalização da Pista de Bolão, que já conta com a doação de duas pistas e equipamentos pela empresa JBS. A diretoria aponta que este será um projeto mais oneroso, pois a base de tábuas precisa ser refeita. Então, neste espaço será instalada também a linha do Tiro Rei, que pela legislação agora deve ser “indoor”.
Histórico de festa e cidadania
Em 1941 iniciou a construção do primeiro prédio, pelo casal Carlos e Paulina Kranz, que abriu um típico armazém de ‘secos e molhados’; mas que, como de costume no interior, também era salão de bailes e festas. O patriarca faleceu em 1954, com 48 anos. A esposa assumiu os negócios ao lado das filhas Anita, Selvira e Selma. Com a morte da matriarca, na década de 60, Selvira e Selma venderam sua parte à irmã Anita e o cunhado Osvino Affonso Kochenborger. Este prédio, que tinha segundo andar com assoalhos de madeira e quartos, foi perdido em incêndio na década de 90, restando apenas paredes externas. Em assembleia no dia 27 de agosto de 1962, sob presidência de Hélio Alves de Oliveira, foi fundada a Sociedade Cultural Cruzeiro do Sul; tendo como primeiro presidente João Kranz e vice Lindolfo José da Motta. A sede ficou no Salão cedido por Osvino e Anita. Em 1964 foi introduzido o esporte de Tiro Rei, e seu primeiro Rei foi Armindo Kochenborger. O salão foi adquirido pela Sociedade em 1989, por 496.000 Cruzados. Em dezembro do ano 2000, a pedido da moradora Cátia Schu, iniciou a modalidade feminina, e sua primeira Rainha foi Ediane Kochenborger.