Na correria do dia a dia, é fácil negligenciar aspectos essenciais da nossa saúde, e um dos mais frequentemente esquecidos é o cuidado com a saúde bucal. No entanto, especialistas alertam que manter uma boa higiene oral não só preserva nossos sorrisos, mas também é crucial para o bem-estar geral do corpo. Muitas pessoas não fazem ideia, mas a falta de higiene e cuidados básicos pode ser um grande problema em longo prazo. A saúde bucal é exatamente onde inicia todo o processo de cuidado com o organismo. Se este “setor” não estiver bem, podem ocorrer inflamações, infecções, entre outros, podendo levar a um quadro mais grave.
Segundo a Dra. Keli Cristina Tessaro, diretora clínica Oral Unic Montenegro e cirurgiã dentista com especialidade em implantes, a nossa boca possui muitas bactérias, por isso, é preciso sempre realizar revisões e exames de imagem para saber como tratar possíveis problemas nos dentes e gengivas.
Mas, afinal, o que é ter uma boa higiene bucal em casa? Conforme a Dra. Keli, utilizar uma escova macia e escovar os dentes devagar é essencial. Além disso, a utilização de fio dental ao menos três vezes ao dia é indicada. Isso porque o fio consegue tirar as sujeiras em locais onde a escova não alcança. Uma dica valiosa que muitas pessoas não conhecem é a não recomendação de uso de palitos de madeira para retirar os resíduos alimentares dos dentes. Segundo a profissional, este hábito causa danos à gengiva. Não utilize cremes dentais que dizem ser clareadores, pois eles têm partículas abrasivas que causam o desgaste do esmalte dentário.
A saúde das gengivas também é crucial. A gengivite, uma inflamação das gengivas, pode levar a complicações mais graves se não for tratada adequadamente. Escovar os dentes corretamente e usar enxaguantes bucais podem ajudar a prevenir essa condição, mas é fundamental buscar orientação profissional se houver sinais de problemas gengivais.
Além da rotina básica de cuidados, a escolha de uma dieta equilibrada desempenha um papel crucial na saúde bucal. Evitar o consumo excessivo de açúcares e alimentos ácidos reduz o risco de cáries e erosão do esmalte dentário. Em contrapartida, alimentos ricos em cálcio, como laticínios (leite, queijos e iogurte, por exemplo), fortalecem os dentes, contribuindo para uma boca mais resistente a doenças.
As visitas regulares ao dentista são igualmente importantes. Mesmo que não haja nenhum problema aparente, exames odontológicos periódicos podem identificar precocemente qualquer problema, como cáries, gengivite ou doenças periodontais. O tratamento precoce dessas condições pode evitar complicações mais sérias no futuro. Segundo a Dra. Keli, a busca deve ocorrer a cada seis meses, com exames de imagem, raio x e tomografias em caso de necessidade. “Alguns problemas dentais só são detectáveis através de exame de imagem”, afirma.
Falta de cuidados pode trazer sérios problemas
A falta de cuidados com a saúde bucal pode acarretar uma série de problemas, que vão desde questões dentárias até complicações que afetam a saúde geral do corpo. A negligência com a saúde bucal pode resultar em uma série de problemas que podem facilmente comprometer a saúde e o bem-estar geral do corpo. Portanto, é fundamental que os cuidados citados acima sejam seguidos, para assim, agir como prevenção a uma série de complicações.
A Dra. Keli inicia explicando o que é a endocardite. Significa uma inflamação das estruturas internas do coração, o endocárdio, podendo ser infecciosa ou bacteriana. “A endocardite surge quando bactérias circulam na corrente sanguínea e acabam se alojando em uma das válvulas cardíacas. Corações saudáveis também podem ser acometidos, mas ela é bem mais comum em pacientes com doenças em uma ou mais válvulas do coração, ou em indivíduos que possuam dispositivos protéticos, principalmente válvulas cardíacas artificiais”, explica.
Ela salienta que sempre que o paciente tiver uma infecção, principalmente em algum órgão interno, como pulmões, rins, articulações, intestinos, ele pode sofrer uma endocardite. Dessa maneira, infecções graves da cavidade oral e da pele, também podem dar origem a uma endocardite.
A bacteremia é um evento essencial para o surgimento da endocardite. Por isso, não se deve procrastinar o tratamento de infecções, sejam elas dentárias, na pele ou em qualquer outra região do corpo. Pois, quanto mais tempo uma infecção existir, maior será o risco destes germes alcançarem a circulação sanguínea. Lembre-se que uma vez no sangue, as bactérias podem se deslocar para qualquer ponto do organismo, incluindo as válvulas cardíacas.
As principais medidas preventivas da endocardite bacteriana na odontologia, visam minimizar a bacteremia e a subsequente localização de bactérias no endotélio. Sendo assim, particularmente para as categorias de pacientes de alto e intermediário risco incluem: visitas regulares ao dentista, tratamento com antibióticos, sempre sob supervisão médica, evitando o surgimento de resistência bacteriana sem erradicar a infecção, atenção cuidadosa à higiene bucal e da pele, desinfecção completa de feridas e evitar piercings e tatuagens.
“Procedimentos odontológicos são responsáveis por aproximadamente 40% das causas de endocardite bacteriana. Porém, a profilaxia antibiótica da endocardite só é recomendada em categorias de pacientes de alto risco, antes da realização de procedimentos odontológicos que requeiram manipulação do tecido gengival ou perfuração da mucosa oral”, detalha. Abaixo, veja algumas consequências da falta de cuidados com a boca.
Cáries dentária e doenças gengivais
A falta de escovação regular e o acúmulo de placa bacteriana nos dentes podem levar à formação de cáries, que são áreas de deterioração dos tecidos dentários. Já a gengivite, uma inflamação das gengivas causada pelo acúmulo de placa, é comum em pessoas que não mantêm uma boa higiene bucal. Se não tratada, pode progredir para uma doença periodontal mais grave, como a periodontite, que pode resultar em perda óssea e perda dentária.
Mau hálito (halitose)
A presença de bactérias na boca, especialmente em áreas onde a higiene é deficiente, pode causar mau hálito persistente.
Perda dentária
A falta de cuidados com a saúde bucal pode resultar em cáries não tratadas, infecções gengivais e outras condições que, eventualmente, levam à perda de dentes.
Dor e desconforto
Infecções dentárias, cáries não tratadas e doenças gengivais podem causar dor e desconforto significativos, afetando a qualidade de vida.
Impacto na saúde geral
A saúde bucal está intimamente ligada à saúde geral do corpo. A inflamação crônica na boca pode contribuir para o desenvolvimento de doenças como diabetes, doenças cardíacas, acidente vascular cerebral (AVC) e complicações na gravidez.
Problemas de auto-estima
Todos estes problemas, como dentes cariados, gengivas inflamadas e mau hálito podem afetar a autoconfiança e a autoestima de uma pessoa, levando-a a evitar situações sociais.
Hábito desde a infância
Os primeiros anos de vida são cruciais para estabelecer hábitos saudáveis, e a saúde bucal não é exceção. Desde pouca idade, é fundamental ensinar às crianças a importância de cuidar dos dentes e da boca.
Por isso, comece cedo. Assim que os primeiros dentes do bebê aparecerem, comece a limpar suavemente com uma gaze úmida após as refeições. Isso acostumará a criança com a sensação de ter os dentes limpos e preparará o caminho para a escovação futura. A escolha da escova certa também é importante. Opte por uma escova de cerdas macias e cabeça pequena, especialmente projetada para crianças. Escolher uma escova com personagens favoritos pode tornar a escovação mais divertida.
Além disso, utilize uma pasta dental adequada, ou seja, infantil com baixo teor de flúor, especialmente formulada para crianças. Outra dica valiosa é deixar seu filho te ver escovando os dentes. Durante, explique a importância da escovação. As crianças são mais propensas a imitar o comportamento dos adultos. Faça da escovação uma atividade divertida e interativa. Cante uma música, conte uma história ou faça uma contagem regressiva enquanto escova os dentes.
Permita que seu filho segure a escova e tente escovar os dentes sozinho, mesmo que você precise ajudar com a técnica adequada. Isso ajuda a promover a independência e a responsabilidade. Não menos importante, elogie e recompense seu filho por escovar os dentes.