EMPRESA doou 450 mil litros de água potável a Montenegro durante a enchente
Durante o período de enchentes deste ano, o processo de abastecimento de água potável da JBS Aves de Montenegro demonstrou a eficiência do seu sistema flutuante de captação de água do rio, sendo capaz de atender grandes demandas. Devido às dificuldades enfrentadas pelo sistema público de abastecimento operado pela Corsan/AEGEA, a JBS doou 450 mil litros de água potável para atender ao HM Regional, abrigos, bombeiros, comunidade e prefeitura.
A empresa também estabeleceu pontos externos de abastecimento em frente à fábrica, permitindo que funcionários e cidadãos pudessem encher suas bombonas e levar água para casa. Com o fim da cheia, a JBS optou em manter ativos esses reservatórios para atender a eventuais necessidades futuras da comunidade.
Pedro Leitão, gerente administrativo da unidade, relata que durante a grande enchente de 2023, a empresa já havia fornecido água. “Fomos solicitados no ano passado pela Prefeitura para fornecer água ao Hospital Montenegro. Desta vez, a colaboração já estava estabelecida. A logística dos caminhões foi responsabilidade da Prefeitura, e o fornecimento da água foi por nossa conta”, afirma Leitão.
Vantagens do sistema próprio
A autonomia no abastecimento de água da JBS Aves traz vantagens significativas, conforme explica Norberto Mello, supervisor de Meio Ambiente da empresa. Utilizando um sistema próprio de captação e tratamento de água, a empresa evita custos elevados e possíveis desabastecimentos que poderiam ocorrer se dependesse da rede pública.
A capacidade de tratar e fornecer água continuamente, 24 horas por dia, sete dias por semana, permite à JBS manter a eficiência operacional, realizando manutenções e revisões de forma autônoma. Se a empresa dependesse de terceiros para o fornecimento de água, qualquer problema exigiria a intervenção externa, o que poderia causar atrasos e interrupções.
O sistema próprio permite que a equipe da fábrica responda imediatamente a qualquer necessidade de manutenção ou reparo, garantindo a continuidade das operações sem a necessidade de esperar por serviços externos.
Ampliação e modernização
O sistema próprio de abastecimento de água da JBS em Montenegro começou a ser implementado em 2007 devido ao crescimento da indústria. Norberto Mello, supervisor de Meio Ambiente da JBS, explica que a implementação ocorreu de forma gradual. Até 2018, 50% da água era captada do Arroio Alfama e os outros 50% do Rio Caí. Com a chegada da portaria que permitiu a captação de até 0,2 metro-cúbico por segundo do Rio Caí, todo o abastecimento passou a ser feito pelo sistema de balsa no rio.
Norberto destaca que a capacidade total de processar e tratar água é de até 500 metros cúbicos por hora. Em cerca de 20 horas de operação, aproximadamente 6 mil metros cúbicos de água são utilizados no frigorífico da empresa. Cada reservatório da Estação de Tratamento de Água (ETA) armazena 1.000 metros cúbicos. A ETA pode disponibilizar para uso até 70% volume dos reservatórios, enquanto os 30% restantes são mantidos como reserva técnica para eventuais emergências na fábrica.
Ciclo de reaproveitamento de água
O ciclo de aproveitamento total de água na JBS começa com a captação de 100% da água do Rio Caí, que é tratada na Estação de Tratamento de Água (ETA), instalada no complexo da empresa. Ao ser bombeada e chegar à ETA, a água passa por dois medidores de vazão e recebe tratamento químico com policloreto de alumínio a 12%, que atua como coagulante. Além disso, é utilizado carbonato de sódio para regular o pH e hipoclorito de sódio a 12% para uma pré-coloração, visando eliminar metais prejudiciais e realizar uma primeira desinfecção.
A água tratada segue para a fase de mistura rápida e depois para dois módulos de floculação, onde a velocidade é gradualmente reduzida. No primeiro misturador, a velocidade é mais alta e, ao longo do processo, o coágulo se transforma em floco e ganha peso. Quando entra no decantador, os flocos mais pesados decantam, e a água limpa passa por perfis de PVC com ângulos entre 45 e 60 graus.
Os difusores direcionam a água para os filtros automáticos, que não utilizam bombas. Após a filtragem, a água é armazenada em um tanque de 100 metros cúbicos antes de ser bombeada para dois reservatórios. Todo o sistema na ETA é automatizado, incluindo as purgas dos decantadores que direcionam o lodo para uma caixa específica. Esse material é então bombeado para um adensador que separa o lodo da água.
A água recuperada do adensador é combinada com a água do filtro em uma lagoa de reaproveitamento. O sistema é fechado, garantindo que não haja desperdício. A água da lagoa de filtro é reutilizada no início do processo como água bruta, reduzindo a necessidade de captar mais água do rio.
O lodo que sai do adensador passa por uma prensa, após o qual é coletado em uma caçamba e enviado para a Ecocitrus. Lá, o lodo é transformado em adubo orgânico, que é utilizado na agricultura como fertilizante.
Funcionamento e segurança
Norberto Mello detalha o funcionamento do sistema de captação de água instalado no Rio Caí. A balsa flutuante foi projetada para se adaptar às variações no volume de água do rio. O sistema de pinos permite que a passarela se ajuste ao nível da água, mantendo a balsa sempre no mesmo nível do rio.
À medida que o rio sobe, a passarela móvel acompanha e nivela a balsa, evitando que ela force ou submerja. A balsa permanece flutuante e é fixada por dois cabos de aço, garantindo a estabilidade, independente das mudanças no nível da água.
As bombas, responsáveis pela captação, funcionam normalmente com energia elétrica. Em caso de falta, o abastecimento é feito com uso de diesel. Durante a última enchente, foi necessário o auxílio dos bombeiros para transportar tambores de óleo até a balsa. “Eles nos levaram com um barco a motor até a balsa. Normalmente, quando falta energia por um período curto, o condutor vem e aciona a bomba diesel, mas dessa vez não foi possível devido à correnteza”, conta Mello.
O uso de diesel exige um sistema de contenção para prevenir vazamentos. A balsa possui contenção interna e materiais absorventes para reter qualquer vazamento. Além disso, há uma barreira flutuante no rio e um contrato com uma empresa de emergência ambiental, que realiza inspeções e atualiza o plano de emergência da balsa anualmente. Esse protocolo é submetido ao órgão ambiental da FEPAM para garantir a conformidade com as normas de segurança ambiental.