Seminário “14 de Maio: O Dia Seguinte” aborda desafios da negritude

EVENTO aconteceu durante o dia todo com participações especiais

Nessa quinta-feira, 25, a Cufa Montenegro realizou o seminário “14 de Maio: O Dia Seguinte”, um evento que reuniu autoridades, especialistas e membros da comunidade de todo o Brasil para discutir os desafios enfrentados pela população negra no país. O seminário contou com uma série de painéis e debates que se estenderam até a noite, proporcionando um espaço para a troca de experiências e a reflexão sobre questões fundamentais de inclusão e igualdade racial. Durante a noite, os pontos altos foram show acústico com a Valéria Barcellos, painel com Jojo Toddynho e encerramento com Edi Rock.

Kanhanga é imigrante angolano e participou do seminário com suas experiências de vida e sua arte

O seminário destacou a necessidade urgente de enfrentar o racismo estrutural no Brasil através de um esforço coletivo que vá além de discursos e se traduza em políticas públicas efetivas e mudanças de atitudes. A Cufa Montenegro reforçou a importância de avançar nas questões de igualdade racial, promovendo uma reflexão profunda sobre os caminhos a serem seguidos para que o Brasil se torne um país verdadeiramente inclusivo e justo para todos. Para isso, é necessário que não apenas os negros estejam à frente do tema. A pauta antirracista deve ser de todos, inclusive brancos, para que assim, a caminhada em busca de um país igualitário seja plena.

Entre os convidados estava o Narrador Kanhanga, mentor, youtuber, articulador dos Migrantes e refugiados e imigrante angolano, que compartilhou suas experiências pessoais de racismo vividas no Brasil. Ele destacou como essas experiências influenciaram sua música, especificamente a canção “Tire as algemas de mim”, que aborda o racismo de maneira direta e impactante. Para ele, essas histórias precisam ser contadas para que possamos entender a profundidade do problema e começar a trabalhar em soluções reais.

Coordenador da Cufa Montenegro, o jornalista e sociólogo Rogério Santos também mediou debates

MC Pedrão, embaixador do Hip Hop no Rio Grande do Sul, também participou do evento e ofereceu uma perspectiva sincera em um desabafo sobre o futuro da luta contra o racismo no Brasil. “Tudo que estamos fazendo é uma semente plantada, mas acho que a minha geração e nem a dos meus filhos vão ver esta mudança. Quem sabe minha bisneta. Em 2070 talvez as coisas comecem a mudar. Nós temos que provar quem somos todos os dias. Quando mudar, vai acontecer porque a gente faz isso: gente de tantas esferas se unindo para tentar mudar essa realidade”, pontua.

Negros e os espaços de poder
Um dos pontos altos do evento foi a discussão sobre as políticas públicas para a população negra. Dentre os convidados, estava o delegado Antônio Padilha, diretor executivo do RS Seguro. Em sua fala, Padilha destacou a grave sub-representação de negros em cargos de liderança no Brasil, utilizando dados para ilustrar essa realidade. Ele mencionou que o Ministério Público brasileiro nunca teve um procurador-geral negro e que a presença de promotores negros é extremamente limitada, um sinal claro de que as barreiras estruturais ainda são muito fortes. Ele também citou Joaquim Barbosa, o primeiro ministro negro do Supremo Tribunal Federal (STF), como um exemplo isolado que precisa se tornar uma norma, e não uma exceção.

Daí, a importância de criar mais oportunidades para as comunidades negras, que são frequentemente excluídas dos espaços de poder e decisão. Os participantes destacaram a necessidade de uma implementação mais efetiva das leis e direitos já garantidos pela Constituição, que muitas vezes não se traduzem em realidade para essas comunidades.

Palestra “Black Money Após 14 de Maio”, com a presença da Deputada Federal Reginete Bispo, discutiu a economia e o empreendedorismo de mulheres negras

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