Semiaberto sem fugas e reincidência

Trabalho prisional muda a imagem do semiaberto

A fama não era das melhores. Fugas, envolvimento em crimes, ingresso de drogas e bebidas alcoólicas. Até anos atrás o presídio da Timbaúva, hoje Instituto Penal, não era visto com bons olhos pela comunidade montenegrina. Entretanto, mais recentemente essa imagem vem tendo uma sensível mudança.

O aproveitamento da mão de obra prisional, com os apenados trabalhando na limpeza da cidade, obras e até no asfaltamento de ruas, têm rendido elogios. Também já trabalharam em reformas e ampliações das instalações da Brigada Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e Polícia Rodoviária Estadual. Atualmente 57 detentos do semiaberto prestam serviços para a Prefeitura de Montenegro. E o serviço, além de resultar em redução de tempo na cadeia – já que cada três dias de trabalho reduz um na pena -, também gera renda para as famílias e oportunidade de aprendizado e ressocialização.

O atual diretor do Instituto Penal, Nairo Resta Ferreira, enfatiza outro ponto importante do trabalho para os apenados. Ela colabora com a disciplina. “Não temos notícias de reincidência e envolvimento em ocorrências”, afirma o diretor, que faz um monitoramento diário dos detentos que estão no trabalho externo, inclusive com uma viatura circulando para conferir a atuação. “Cobramos muita disciplina”, frisa, citando que o objetivo é evitar que retornem ao crime, valorizando o trabalho. Nairo lembra que, além do trabalho, é oferecido estudo. “Hoje 30% dos presos estudam”, diz, inclusive indo em escolas públicas.
Também é oferecida uma estrutura melhor, já que o antigo presídio apresentava condições precárias. O prédio foi construído como pavilhões da Festa da Laranja na década de 1950, sendo depois adaptado como cadeia em regime fechado até a inauguração da Penitenciária Estadual do Pesqueiro. Só então passou a ser utilizado como casa prisional de regime semiaberto, onde os presos podem sair durante o dia para trabalhar e em fins de semana. “Eles têm a oportunidade de mudar de vida, sendo valorizados”, afirma o diretor.

Instituto Penal está com melhor estrutura, com oportunidade de trabalhar e estudar

Nairo diz que é feita uma triagem quanto aos apenados que ingressam no Instituto Penal. “Não pode ter envolvimento com facção criminosa. E só ficam aqui os presos que realmente querem trabalhar”, informa. “É importante mostrar que podem ser úteis para a sociedade, contribuindo com o município”, ressalta o diretor. “Cobramos trabalho e disciplina, oferecendo como contrapartida os benefícios e a oportunidade de recuperação. “A gente conversa bastante com os presos, mostrando o caminho do bem”, completa.

O semiaberto é o último passo para o apenado retornar ao convívio da sociedade, após o cumprimento de pena. E, por isso, a importância do trabalho e qualificação para depois conseguir emprego e ajudar no sustento da família. “Estamos fazendo um mapeamento com os que estão com tempo de progressão de regime, para tentar encaixar e encaminhar no mercado do trabalho, para não ter a desculpa de voltar a cometer algum delito por não conseguirem emprego. E mantemos contato com ex-detentos que passaram por aqui e hoje estão bem empregados”, diz. “Não temos informações de reincidência, que tenham envolvimento novamente com crimes. Ficamos felizes que o método de trabalho está dando resultado”, comemora.

Nas reuniões, Nairo Ferreira diz que muitas pessoas comentam da transformação que ocorreu no Instituto Penal e no pensamento das pessoas sobre o regime semiaberto. “É resultado de muita dedicação, mostrando que o semiaberto não é um problema para a sociedade e sim pode colaborar para melhorar a cidade”, conclui.

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