No fim de ano, são inevitáveis certos exageros quando o assunto é alimentação nas confraternizações e ceias de Natal e Ano Novo. Mas, você sabia que tem como ter um “olhar mais gentil” sobre as refeições nestas datas tão especiais? Neste momento, depois de um ano cheio de altos e baixos, as ceias costumam ser muito mais do que apenas um jantar ou almoço. É um momento com a família e amigos que representa grande importância em um elo até mesmo de união. Então, por que não fazer deste momento especial sem pensar que o mundo vai acabar se você aproveitar as ceias, preparadas com tanto carinho?
A nutricionista montenegrina Denise Garateguy é também mestre em saúde e desenvolvimento humano e especialista em comportamento alimentar. Em entrevista na Rádio Ibiá Web nesta semana, ela tratou dos exageros de final de ano com empatia, focando no comportamento alimentar. A primeira dica dada pela profissional é: é possível aproveitar sem medo, mas com limites. “Não devemos exagerar em nenhum momento do ano. Proponho nos relacionarmos de forma diferente com as refeições. É possível aproveitar com consciência”, assinala.
Segundo ela, pesquisas mostram que as pessoas aproveitam muito mais as primeiras garfadas de uma refeição. Levando este ponto em consideração, Denise analisa que o importante é comer sem medo: devagar e aproveitando cada parte dos gostos e aromas que o alimento traz. Isso porque, se aproveitarmos de maneira correta as primeiras garfadas, muito provavelmente, comeremos menos. Ela destaca que o cérebro demora 20 minutos para entender que o estômago está cheio, por isso a importância de mastigar e ingerir lentamente a refeição.
Denise traz um ponto muito pertinente, que é o medo que muitas pessoas sentem de aproveitar as ceias e colocar “por água abaixo” um esforço de um ano todo para manter a forma ou até mesmo seguir um cardápio saudável. Ela adianta: mito! “O importante é a constância”, alerta. Se uma pessoa segue com afinco um cuidado com a saúde durante o ano todo, não vai ser em dois dias de ceia que tudo vai pelo ralo.
Outra dica fundamental parece simples de ser seguida, mas na prática não é bem assim: parar de comer quando a fome já foi embora. É claro que, nas ceias, são tantas opções que experimentar tudo pode ser tentador. Isso pode ser feito, mas que tal comer um pouco de cada alimento ao invés de servir dois pratos de cada?
Denise alerta que é preciso dar ouvidos ao corpo e ao que ele precisa. “Se prestarmos atenção ao que o nosso corpo está pedindo, provavelmente a gente vai dar a ele o que ele precisa. Às vezes não é comida que ele está pedindo, às vezes é bebida, é sede, e confunde com fome e o contrário também. A gente precisa olhar para a gente”, orienta.
Não ao jejum!
Em dia de Natal e Ano Novo, é quando muitas famílias aguardam até a meia noite para iniciar a refeição. Denise aponta que não há problema algum na tradição, mas é possível tomar cuidado com alguns pontos de atenção. Algumas pessoas optam por ficar em jejum o dia todo para “aproveitar melhor” a refeição principal da noite, ou melhor, por achar que é saudável “economizar” na comida durante o dia para extrapolar à noite. Erro grave! “Jejum não precisa ser feito para compensar. É um erro grande. Isso porque jejum faz a fome crescer e quando ela fica grande, nos engole. Quando a fome cresce demais a gente perde nosso poder de escolha e ela escolhe por nós”, afirma.
Por isso, uma dica valiosa da profissional é realizar alguma refeição rica em proteínas e fibras antes da ceia. Isso porque, este tipo de alimento dá saciedade. “Sempre que a gente associar fibras a proteínas, teremos saciedade por mais tempo. Uma refeição que só tem carboidratos logo em seguida dá fome novamente”, explica. Uma boa opção é um sanduíche saudável. Mas, atenção: petiscos não são indicados. Segundo Denise, petiscando de pouquinho em pouquinho, o valor fica pesado em calorias ao final, portanto, opte por uma refeição mais saudável e natural que lhe dê sustância até a hora da refeição.
Ela dá uma dica que muitas pessoas pecam no dia da ceia: é importante não ficar ao redor da mesa “beliscando” os quitutes até a hora da refeição principal. Ainda, ela relembra que “todo um comer descontrolado, toda compulsão alimentar, foi precedida por uma restrição alimentar”. Ou seja, todo mundo que “enfiou o pé na jaca” estava se restringindo de alguma forma. Por isso, evite estas restrições alimentares e também o ficar sem comer por muitas horas.
Líquidos antes ou após as refeições
Denise ainda aborda um tema que traz dúvidas para muitas pessoas. Na hora da refeição, é indicado tomar líquidos como água e suco antes, durante ou após? A resposta é: antes ou depois. “A gente tem uma química acontecendo no estômago durante o processo de digestão e o líquido atrapalha isso. Mas, se eu constantemente tomo líquidos antes ou após, não é em uma refeição no final do ano que eu não faço isso que eu vou estragar tudo. Para tudo o importante é a constância. Constância de hábitos bons ou ruins vão nos dar resultados”, explica. Ela diz que esta é uma pergunta recorrente. “As mulheres têm medo se tomar líquido junto com a comida dá barriga. Não é isso, mas a gente fica com uma digestão prejudicada, isso pode gerar gases e a barriga fica mais inchada”, detalha.
Bebidas alcoólicas
A bebida alcoólica na ceia é mais um fantasma que ronda as festas de fim de ano, que costumam ser sinônimo de excessos. Dados do Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig) mostram que 55% dos brasileiros com mais de 18 anos fazem uso regular da substância. Dentre eles, 11% consomem acima de 10 doses por dia. Com a proximidade da ceia de Natal e do Réveillon, o exagero alcoólico contribui para o ganho de peso tanto quanto a comida em excesso. Denise argumenta que sempre deve se escolher uma bebida alcoólica que a pessoa saiba que vá beber menos e intercalar com goles de água.
A nutricionista Denise aborda que, na verdade, a época em si de calor, ainda mais este ano com altas temperaturas quase todos os dias, já é um momento propício para maior ingestão de álcool, como o famoso choppinho ou cerveja. É difícil escolher alguma bebida que “supra as necessidades” de uma destas bebidas, mas, por outro lado, é uma época muito rica em frutas que têm bastante água. Alguns exemplos são melancia, melão e morango. É por isso que, com criatividade, você pode criar diversos tipos de sucos naturais, até mesmo utilizando a hortelã, para grande refrescância. Uma dica de suco tem base na melancia. Corte-a em cubos e congele-a. Com folhas de hortelã e gelo, bata tudo no liquidificador e sirva geladinho.