Todos os cidadãos serão envolvidos em ações que beneficiam agricultura e natureza
Resta apenas sanção do governador Eduardo Leite, e publicação de regulamentação, para que uma importante ferramenta de preservação das abelhas passe a vigorar. O projeto de lei 544/2023, de autoria do deputado estadual Sergio Peres, foi aprovado na Assembleia Legislativa, instituindo o programa “Polinizar Cidades” no Rio Grande do Sul. A iniciativa tem por finalidade a divulgação, a conservação das abelhas-sem-ferrão e a instalação de meliponários (colméias) em escolas, hortas comunitárias, praças, zoológicos e em outros espaços verdes localizados nas áreas urbanas dos municípios gaúchos.
Apesar de não atuar com abelhas-sem-ferrão, o apicultor Roberto Carlos Machado se une aos que defendem a preservação deste inseto. “O Programa Polinizar Cidades é uma boa iniciativa”, declara. Ele aponta que a iniciativa vai ao encontro da necessidade de engajar a sociedade neste sistema de preservação, como forma de enfatizar o papel fundamental que as abelhas têm no equilíbrio do ecossistema e que o futuro depende desta harmonia. “Sem abelhas não existe a Vida. A maioria das pessoas não sabe lidar e conviver com estes animais e acabam se afastando. Temos papel como sociedade de educar a população”, declarou
Ele aproveita para ressaltar as perdas que o setor de apicultura sofre devido ao uso irregular de agrotóxicos. Há inúmeras leis proibindo uso de alguns pesticidas, todavia alguns agricultores continuam aplicando. O resultado tem sido a aniquilação de enxames e apiários inteiros, além de colméias nativas, assim, consequentemente, destruindo a Natureza. “Os órgãos governamentais tem que ser mais enérgicos”, conclama Machado, defendo mais do que o controle, mas a proibição da fabricação de alguns venenos.
Uma verdadeira ação social
A meliponicultura está relacionada à criação de abelhas-sem-ferrão, espécies nativas do Brasil, que não são agressivas. Assim como as chamadas “africanizadas” que têm ferrão, são fundamentais na polinização em lavouras e no Meio Ambiente. O projeto também dá atenção a todas as atividades de produção de mel e seus derivados.
“É um setor que apresenta capacidade de expansão e precisa ser pensado como política de Estado para contribuir com o desenvolvimento social e econômico, de forma ambientalmente sustentável”, observa Peres, que presidiu, na Assembleia Legislativa, a Comissão Especial da Apicultura e Meliponicultura.
Exemplo Catarinense
Inspirado no programa “Poliniza Santa Catarina”, o “Polinizar Cidades” pretende: incentivar a instalação de colméias nas áreas verdes dos municípios; formar e capacitar multiplicadores e guardiões das abelhas nativas (ASF), visando à manutenção da cultura de criação desses insetos necessários ao equilíbrio do ecossistema; implantar o programa nas escolas, somado à Educação Ambiental a partir da divulgação dos serviços ecossistêmicos de regulação e equilíbrio do planeta promovidos pelas abelhas nativas; auxiliar na conservação das espécies de polinizadores; promover a consciência ecológica das crianças e adolescentes e estimular a criação racional de abelhas-sem-ferrão, inclusive no pátio das casas.