Com a participação de dezenas de devotos e simpatizantes, o cortejo emocionou por onde passou
Fé e muita devoção. Assim foi a 4ª Procissão em Homenagem a São Jorge e Ogum, realizada no início da noite da última terça-feira, 23, no Centro da cidade. Organizada pelo Conselho Municipal dos Povos de Terreiros, juntamente com o Grupo Irmãos de Axé, de Montenegro, o cortejo saiu de frente à farmácia Panvel, localizada na rua Ramiro Barcelos e seguiu até a Praça Rui Barbosa.
Ao som de batuques e orações, dezenas de devotos e simpatizantes ocuparam uma das principais ruas da cidade para celebrar o Dia de São Jorge – também chamado de Ogum pelas religiões de matrizes africanas –, comemorado do dia 23 de abril.
De cima do caminhão do Corpo de Bombeiros, a imagem do santo montado no seu lendário cavalo branco conduziu a procissão luminosa. Entre os fiéis, estava a devota Barbara Pereira, que falou sobre o significado da data para ela. “São Jorge e Ogum representam a força que precisamos para vencer as batalhas da vida, por isso, esse dia é importante para que a gente possa renovar nossa fé”, disse Barbara.
Durante o percurso, crianças, adultos e idosos caminhavam em passos lentos carregando velas que, como um gesto de fé e adoração, iluminava o caminho por onde o santo passava. No céu, fogos de artifícios anunciavam a passagem do cortejo, que atraiu a atenção do comércio e de quem transitava pela rua.
A dona de casa Sirlei Maria Marciel, parou para contemplar o ato de fé. “São Jorge foi um guerreiro e, para mim, todas as religiões que falam em Deus são iguais, merecem respeito e admiração”, salientou Sirlei, se referendo às diferentes manifestações religiosas que reverenciam o santo.
No fim da procissão, na Praça Rui Barbosa, um grande círculo de pessoas se formou diante do altar montado para o santo. “Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam…”, entoou a multidão em oração que, ao final, reverenciaram o santo com uma salva de palmas.
Um ato de fé e orgulho em praticar a sua religião
Até a Praça Rui Barbosa, o branco e azul (algumas das cores de Ogum) predominou o cortejo através das roupas e indumentárias dos devotos praticantes de religiões de
matrizes africanas, como a Umbanda. Para a massoterapeuta e umbandista Rosane Pereira, a procissão cumpre com um importante papel em Montenegro ao mostrar que, além de ser a Cidades das Artes, também pode ser a Cidade das Religiões.
“Temos no município uma diversidade muito linda de religiões e, apesar de algumas diferenças, as pessoas precisam entender que é a mesma coisa, é o mesmo Deus. Um exemplo disso é São Jorge e Ogum, que possuem a mesmo significado em diferentes crenças”, destaca Rosane. “Infelizmente ainda existe muito preconceito em relação às religiões de matrizes africanas, por isso, essa procissão proporciona que as pessoas se mostrem e sintam orgulho da fé deixada pelos nossos ancestrais”, completou.