Prefeitura investiga nova origem para o mau cheiro sentido na cidade

Meio Ambiente avalia que o problema vai além da aplicação do biofertilizante da Ecocitrus

Mau cheiro continua sendo constatado em Montenegro e região. Após meses de especulação e levantamentos, a conclusão era de que o foco do odor forte sentido era o biofertilizante produzido pela Cooperativa Ecocitrus, que estava sendo aplicado sem a maturação ideal, o que demandou correções. Com a sequência do problema, no entanto, a Prefeitura já considera outras possibilidades de origem do fedor.

“Estamos investigando com a nossa fiscalização, através de visitas em empresas instaladas dentro deste período (em que passou a ser constatado o mau cheiro) e trabalhando com a possibilidade de outra fonte de odor”, apontou o secretário de Meio Ambiente de Montenegro, Adriano Campos Chagas.

Recebendo reclamações sobre o problema de leitores de diferentes partes da cidade – houve relatos nos bairros São João, Centenário, Progresso e Centro – a reportagem cobrou um posicionamento da pasta no dia 25 de março. Recebeu o retorno só nesta segunda-feira, 22, após quase um mês de espera.
“Só recebemos uma reclamação de mau cheiro nessas últimas semanas”, adicionou o secretário, “com relação ao bairro São João. Estamos investigando as empresas situadas dentro do perímetro destes bairros e ainda não encontramos nenhum desconforto representativo nas empresas investigadas”.

CONFLITO DE INFORMAÇÕES
Em entrevistas anteriores, Chagas havia reconhecido o produto da Ecocitrus como o responsável principal pelo odor sentido na cidade, chegando a sugerir a suspensão de sua aplicação em solo agrícola dentro de Montenegro. Agora, ao contrário, ele afirma que não há problemas com o processo da empresa.

“A Ecocitrus continua trabalhando com biofertilizante porque a atividade de aplicação deste fertilizante em solo agrícola é licenciada pela Fepam (órgão estadual) e, segundo os técnicos responsáveis pelo licenciamento e também pela investigação no processo de licenciamento e de produção deste biofertilizante realizados por esta secretaria, não encontramos nenhuma irregularidade”, apontou o titular do Meio Ambiente.

A própria empresa, no entanto, já havia reconhecido a sua participação no problema. Em nota oficial publicada no Ibiá de 28 de março, a cooperativa admitiu ciência do problema gerado pelas operações em sua usina de compostagem e pela aplicação do produto. Colocou, ainda, que estava em contato com autoridades a fim de solucionar o problema o mais rápido possível.

“Visando a redução do odor na área de processo e do biofertilizante, a cooperativa está adequando processos e volumes de resíduos tratados via biodigestão anaeróbica”, escreveu. “Com a construção dos três novos biodigestores, com 10 mil metros cúbicos de área de processo, 80% dos lodos tratados atualmente no processo sólido passarão a ser tratados por meio de novo processo. Assim que os microorganismos se desenvolverem em quantidade ideal para que a biodigestão da matéria orgânica ocorra de forma adequada, o odor pungente será minimizado.” Não foi dado prazo para essa resolução.

Pareci Novo já proibiu o uso do biofertilizante da Ecocitrus
Foi notícia em 20 de março o fato de o município de Triunfo ter suspendido a licença para aplicação do biofertilizante da Ecocitrus pelos agricultores de lá. Também recebendo reclamações sobre o odor, a Prefeitura havia criado um mecanismo de controle e conseguiu ligar a origem do mau cheiro ao produto da empresa montenegrina. Fez a suspensão.

Agora, a Prefeitura de Pareci Novo divulgou que, ainda antes de Triunfo, já tinha tomado atitude parecida. “A gente começou, no ano passado, a ter o problema do cheiro forte. Tinha muita reclamação de que estava sendo aplicado o produto de Montenegro”, conta a fiscal de Meio Ambiente do Município, Pricila Terres. “Nós tivemos que fazer uma declaração e enviar, via Fepam, proibindo a vinda desse produto para cá. A gente cancelou todas as autorizações.”

Sem permitir a aplicação em seu território, no entanto, Pareci ainda sofre com o problema exportado dos municípios vizinhos. “O cheiro não respeita divisas”, lamenta Pricila. Na semana passada, reclamações recebidas sobre o odor levaram ela e os colegas para as ruas, buscando verificar se havia irregularidades entre os parecienses. A constatação foi publicada nas redes sociais para acalmar os munícipes. O cheiro não pertencia a Pareci Novo.

Pricila conta que também há aplicação de biofertilizante em Capela de Santana e em São Sebastião do Caí, o que traz problemas ao seu Município. Localmente, Pareci já lida com questões referentes ao mau cheiro, mas em menor intensidade, quando as propriedades que trabalham com suinocultura fazem a liberação das esterqueiras para aplicar o material no solo.

A fiscal explica que esse processo tem, como regras, a aplicação exclusiva na zona rural, o tempo correto para que os dejetos sejam “curtidos” e a distância mínima de 100 metros das residências para o uso. “Nosso Município tem a zona urbana bem restrita, então não tem como proibir isso. Se aplica na área rural, sempre acaba que vai vir o odor para o Centro. Mas esse cheiro da compostagem é bem mais forte”, conclui.

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