DIREITO. Prédio que havia sido abandonado atenderá 800 pessoas
A união da comunidade de Porto Garibaldi para reivindicar o compromisso assumido pelo atual governo resultou na reabertura da Unidade Básica de Saúde (UBS) fechada há quase 30 anos. A cerimônia da última quarta-feira, 1º, restabelece o direito de aproximadamente 800 cidadãos que vivem afastados 23 quilômetros da sede do município de Montenegro.
Este número corresponde à comunidade sede, cortada pela BR-386; mais a Volta do Anacleto e Pesqueiro. “E eles pensam em expandir até Bom Jardim do Caí”, revela o presidente da associação de moradores, Cleber Pires Goulart. Somente em Porto Garibaldi seriam 450 moradores, dos quais cerca de 100 crianças. O líder comunitário assinala que a luta continua, agora para ter seu Agente Comunitário de Saúde ou ampliar a carga do profissional compartilhado com a Rua Nova.
Outro direito que podem vislumbrar para 2024 é ampliar os dias de atendimento para três por semana, com as quartas e sextas-feiras, além das segundas-feiras (das 8h30min às 16 horas). “Mas da comunidade a expectativa é ter o posto aberto todos os dias”, comenta, mesmo admitindo que este sistema é pouco provável no interior.
Seu vizinho, Dirnei Griebeler, 55 anos, é mais modesto, e pede que apenas as sexts-feiras sejam acrescidas ao esquema.
Sua preocupação é com a mãe idosa, Sirlei Ana Griebeler, que tem 80 anos, e que até então era submetida às viagens à cidade para uma simples renovação de receita. “E tem uma senhora aqui que tem 101 anos”, comentou dona Sirlei, fazendo coro com o filho de que a reabertura da UBS “é muito boa”.
Prédio tem história ligada à comunidade
Outro morador satisfeito com a nova UBS é o pai do presidente da associação. Seu Clóvis Goulart tem 66 anos vividos na Porto Garibaldi, e contou que, caso um familiar não pudesse levá-lo à Secretaria Municipal de Saúde (SMS), sua única alternativa era o ônibus de linha. Mesmo com a atenção dispensada pela equipe da Unidade Móvel que vinha uma vez por mês, ele vê vantagem na UBS fixa, como encaminhar a pessoa a um médico especialista.
O idoso foi encontrado pela reportagem no armazém de Itamar Pedroso, 46 anos, que também é natural da localidade. O comerciante recordou que o posto foi construído no “Governo Mattana”, mas até seu fechamento, nunca funcionou de forma efetiva. “Agora vai ajudar bastante do povo da vila”, comentou.
Cleber Goulart confirma que o posto é datado de dezembro de 1992, tendo sido fechado um ano depois. “Então caiu no esquecimento e virou um ‘elefante branco’”. O terreno foi doado pelo empresário e ex-vereador, José Mendes Moreira Guedes, dono da olaria histórica que ficava naquela barranca do Rio Caí; e que dá nome à UBS e à rua central de Porto Garibaldi.
Números da Saúde
Hoje Montenegro conta com sete UBS’s urbanas e três rurais, número que será ampliado para quatro com a inauguração da UBS de Costa da Serra. A Unidade Móvel atende em torno de 22 localidades, que em breve terão também uma Farmácia Móvel. O Município mantém ainda uma Unidade Básica Prisional na Penitenciária Modulada de Pesqueiro.
Ocupação de um espaço público
A secretária de Saúde, Andréia Coitinho da Costa, explica que o prédio ainda pertencia ao Município, mas estava sem uso há muito tempo. “Em 2014, quando iniciei no Município, lembro que a equipe atendia na Unidade Móvel e o prédio estava tão deteriorado que nem o banheiro era possível usar”, recorda. A iniciativa do Governo Zanatta foi investir R$ 124.000,00 na recuperação deste patrimônio, sendo grande parte da verba fruto de emenda parlamentar direcionada pelo vereador Juarez Vieira da Silva ao Orçamento de 2021.
A estrutura conta com consultórios médico e odontológico, para uma equipe de médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, dentista e auxiliar de dentista. O atendimento semanal será tanto da demanda espontânea quanto por agendamento; e no decorrer do tempo será realizada avaliação deste fluxo para definir uma ampliação.
Goulart ressalta o benefício à sua gente, mas também comenta que as UBS’s rurais reduzem a demanda na Secretaria. Já a secretária de Saúde aponta que um posto físico permite alcançar aos moradores programas em saúde, inclusive preventivos e educacionais, que não têm acesso na volante.