Ainda assim, criminosos serão indiciados por homicídio, pois deram origem ao tiroteio
Os dois criminosos que estavam no sítio no qual foi desencadeada a operação que resultou na morte do inspetor Leandro de Oliveira Lopes, 30 anos, foram indiciados pela morte, embora a investigação tenha apontado que o disparo fatal não tenha sido efetuado por eles. Ficou comprovado se tratar de um projétil de fuzil 556, arma não utilizada pelos marginais, mas sim pelos agentes policiais. Contudo, a perícia não pode concluir quem foi o autor do tiro, pois a bala ficou danificada ao atingir o colete de Leandro.
A investigação ouviu 26 pessoas. Também foi realizada reconstituição, com duração de três dias. Os trabalhos foram comandados pelo delegado regional Marcelo Farias Pereira, mas a autoridade policial não está comentando sobre o caso. Contudo, há indícios de que houve falha no planejamento da ação. O inquérito já está com o Ministério Público e a promotora Graziela Lorenzoni deve decidir, nos próximos dias, se aceita ou não a denúncia.
Leandro foi morto durante cumprimento de mandado de prisão contra Valmir Ramos, o “Bilinha”. O inspetor e mais 23 policiais, entre eles integrantes do Grupamento de Operações Especiais (GOE), foram recebidos a tiros quando ingressaram no sítio, onde o acusado e seu comparsa Paulo Ademir de Moura, vulgo “Zoreia” estavam escondidos, na localidade de Matiel. Bilinha tem registros por tráfico de drogas, roubo e outros crimes, além de ser ligado a uma facção criminosa. Os dois conseguiram fugir após escalar um barranco e se embrenhar no mato.
Zoreia foi preso em um sítio no município de Maquiné, Litoral Norte, próximo à ERS-484, no dia 19 de maio de 2018. O homem estava com a namorada quando os cerca de 25 agentes entraram na propriedade e ele não reagiu. Com o acusado, foi apreendida uma pistola 9 milímetros, mesmo calibre utilizado para atacar os policiais no dia do crime.
Havia cinco mandados de prisão contra Moura, expedidos pela Justiça. Quatro por homicídios e um por roubo. Bilinha segue foragido. No dia 4, em Sapiranga, o criminoso havia conseguido escapar de mais uma abordagem policial. Após receber informações, um grupo tático formado por cerca de 50 agentes, ele ingressou em um sítio localizado no município. Na fuga, deixou cair um carregador de cartucho do mesmo calibre. O meliante ainda entrou em uma casa, onde fez uma menina refém. Lá, Paulo perdeu uma sacola cheia de munição do mesmo calibre. A vítima reconheceu o acusado por fotos. Mais tarde, rendeu um motociclista e o obrigou a levá-lo para fora da cidade.
Bilinha segue foragido. Os policiais realizaram diversas diligências em municípios gaúchos, de fora do Estado e até mesmo no exterior. Durante as investigações, foi levantada a possibilidade de ele ter fugido para um país vizinho. “Para nós, é uma questão de honra localizar e prender este indivíduo o quanto antes. Com certeza, não vai cair no esquecimento”, comenta o ex-diretor do Departamento de Polícia Metropolitana, Fábio Motta Lopes, atual subchefe de Polícia.