Mais de 450 pessoas atingidas pela enchente estão abrigadas nesta sexta-feira (3) em ginásios, escolas e até em uma igreja em Montenegro. A grande maioria perdeu praticamente tudo nesta cheia histórica do Rio Caí. Os ginásios do Domingão e do Sesi estão abrigando mais de 150 pessoas cada. Há também famílias na escola Polivalente, na escola Adão Martini (na Vendinha), no ginásio do Sesc e na Igreja Lagoinha.
Dona Isolete Camargo Pinto nasceu em Torres, mas reside em Montenegro há 20 anos, no bairro Industrial, e perdeu tudo o que tinha em casa nesta cheia. Ela e sua família chegaram terça-feira (30) no ginásio Domingão, e ainda não sabem quando poderão retornar para casa. “Perdemos tudo. Não deu para pegar as roupas de ninguém. Já não posso comprar, e o que tinha, eu perdi. Ninguém esperava essa enchente, ainda mais desse tamanho”, lamenta.
“Não posso ficar dentro da água, sou doente e faço tratamento. Precisávamos de uma casa, na verdade. Nem que fosse uma pequenininha, só para ter um lar, seria uma bênção de Deus. Pago aluguel ali no Industrial, não tenho casa própria. Ficamos tristes pensando nas coisas que perdemos. Ganho pensão, mas não dá para quase nada”, acrescenta Isolete.
Também abrigado no Domingão, Laerte Ferreira reside na rua Apolinário de Moraes. “Perdi tudo, não tenho nada. Levantei o que deu em casa, mas não adiantou. Ficou só o telhado da casa fora d’água. É o quarto dia aqui já e não sabemos quando a água vai baixar para podermos voltar”, frisa.
Morador do bairro Municipal, William Valdívia dos Santos vive a incerteza de não saber o que vai encontrar quando retornar para casa. “Ainda não sabemos o que perdemos, levantamos o que conseguimos. Nunca tinha chegado água onde chegou desta vez. É um sentimento ruim, provavelmente vamos perder muita coisa, bastante roupa, móveis”, declara.
Resgatado pelos Bombeiros em sua residência, na rua Fernando Ferrari, seu Leandro Jacó Guerra valoriza o acolhimento no ginásio do Sesc. “Saí quando a água alcançou praticamente dois metros dentro da minha casa, aí os Bombeiros foram me resgatar. Me trouxeram pra cá (Sesc), e fui muito bem acolhido. O prejuízo em casa foi total, tinha várias ferramentas que trabalho. A água foi subindo demais, não tinha mais como levantar as coisas”, relata.
“Só trouxe pra cá um casaco e a roupa do corpo. A ficha nem caiu ainda, estou esperando passar um pouco para sentar e ver o que vai sobrar, para fazer a limpeza. Não adiantar pegar um monte de coisa. Espero que baixe logo a água, mas pelo que to vendo, vai demorar uns dois ou três dias ainda. Teremos que aguardar”, complementa Leandro.
No ginásio Domingão, a chefe da Vigilância Ambiental, Camila Cristina Schmitt Lima, salientou a preocupação com o pós-enchente. “No momento, os abrigos estão bem equipados, o que nos preocupa mais é o pós. No momento em que essas famílias forem retornar para seus lares, haverá necessidade de materiais de higiene para limpeza das casas, alimentação, roupas de cama. Temos que mobilizar a comunidade para o pós-enchente”, declarou.
“Estamos com 44 famílias e 165 pessoas aqui no Domingão (às 11h de hoje). A grande maioria dos desabrigados são realmente pessoas que moram nas áreas mais afetadas pela enchente, onde tiveram suas casas praticamente cobertas pela água, e vão precisar recomeçar do zero”, finaliza Cristina.
A central das doações para o município, nesta sexta (3), está localizada no ginásio do Sesc. Confira abaixo uma lista do que é prioridade neste momento:
• Fraldas (tamanhos M, G e GG);
• Colchões;
• Roupas de cama (cobertores, lençóis);
• Toalhas;
• Alimentos prontos;
• Água mineral;
• Materiais de limpeza.