Tiros de laço, vaca parada e gineteadas são algumas das atrações para quem é fã de rodeios
Cultura e tradicionalismo campeiro andam juntos no Rio Grande do Sul. Pelo Estado, dezenas de rodeios acontecem semanalmente e atraem apaixonados pelas provas de laço e gineteada. Os eventos também são frequentados por quem quer se divertir e torcer pelos competidores. Em Brochier, no último final de semana, o XI Rodeio Crioulo aconteceu no Parque da Expofesta, com a presença de prendas e peões apaixonados pelo tradicionalismo.
A montenegrina Eduarda do Espírito Santo, 21 anos, aprendeu a laçar aos nove anos e, para ela, as mulheres participando de tiro de laço são uma revolução. “As prendas estão sendo muito valorizadas, principalmente nos rodeios”, afirma. A jovem vem de família laçadora e apaixonada por cavalos.
O pai, o irmão e o tio de Eduarda também são laçadores. “Hoje o laço não é levado apenas como um esporte e sim como um tipo de profissão, o que aumenta o nível das disputas. Vejo que tem mais mulheres nas competições e tem prendas que competem de igual para igual com os homens”, diz Eduarda. Em Esteio, ela ganhou um carro pelo Laço de Ouro das Divas, onde competiu contra 200 prendas.
No 11º Rodeio Crioulo de Brochier, Eduarda organizou grupos de prendas para as categorias Duelo de Prendas e Equipes Femininas. O evento foi organizado pelo CTG Rincão dos Brochier, com o apoio da Prefeitura e marca os 31 anos de Brochier.
Treino e conexão com os animais
De acordo com a laçadora Eduarda do Espírito Santo, para laçar bem é preciso muito treinamento. “A gente treina com gado xucro e com a vaca mecânica que é puxada por uma moto”. Durante as disputas na cancha de rodeio, a concentração dos participantes é grande.
Quando a porteira do brete abre, um bovino sai em disparada, sendo perseguido pelo cavalo e o laçador. Os olhos do competidor miram atentamente os chifres do gado enquanto o laço é girado e lançado sobre a cabeça do animal que será laçado e conduzido até o final da cancha. Caso a laçada seja perdida, o narrador acusa como “branca”. Se conquistada, a voz eloquente do narrador aponta como “boa”.
Lucas Vargas Finkler, 25 anos, é outro apaixonado por rodeios e competições campeiras. Aos 12 anos fez uma viagem para a fazenda do tio, em Rondônia. Lá e apaixonou por cavalos e a partir de então começou a montar em quinos e treinar tiro de laço. “Já competi em Santa Catarina e no Paraná”, revela. O peão coleciona vários prêmios, entre eles um carro 0km recebido em Triunfo e cinco motos, conquistadas em diferentes competições, como a do Rodeio Internacional de Osório.
Os jovens Eduarda e Lucas namoram e ambos participam das provas com a mesma égua. Segundo Finkler, o gado a ser laçado e os cavalos são muito bem cuidados. “A organização do evento arruma os bovinos que ficam na pastagem, possuem todas as vacinas em dia e em dias quentes são refrescados”, diz.
Para Lucas, a cultura tradicionalista e as competições têm um significado especial. “Laço é a minha vida, o meu esporte favorito”, destaca o rapaz. O jovem é o único da família que possui cavalo e realiza laçada. No rodeio de Brochier, 254 competidores laçaram individualmente e 123 equipes, com cinco laçadores cada, estiveram inscritas para as provas.
Segundo o patrão do CTG Rincão dos Brochier, Paulo Dahmer, o meio tradicionalista é muito forte na cidade e a participação da comunidade aumentou nos últimos anos. “A gente incentiva muito quem gosta de laçar e competir. O CTG tem um caminhão que leva os gados de laçadores e temos uma cozinha dentro dele para facilitar na hora de acampar”, conta o Patrão. Dahmer aponta fazer parte dessas tradições e do meio tradicionalista é motivo de muito orgulho e que o evento deste ano superou todas as expectativas.