Passagem da enchente danificou o Cais do Porto

FORÇA DA ÁGUA. Fenômeno histórico deixou prejuízo de R$ 15,6 milhões em Montenegro
O rescaldo após a enchente histórica da última semana inclui calcular o rastro de prejuízos deixados em Montenegro, incluindo estrago no Cais do Porto das Laranjeiras. A força com que o extraordinário volume de água ‘desceu’ e impactou na estrutura ao longo da Rua Coronel Álvaro de Moraes atingiu até a calçada do lado oposto; agravou a situação no trecho desmoronado e derrubou pedaços da estrutura ribeirinha.
Antes do retorno da chuva na quarta-feira, Diretoria de Turismo e Secretaria Municipal de Gestão e Planejamento realizaram vistoria em toda a extensão do Cais. Foi confirmado um pequeno aumento nas fissuras do calçadão nas imediações da pizzaria e o surgimento de novas junto à bomba de captação da Corsan. Como são restritas ao espaço destinado aos pedestres, o trânsito de veículos não será interrompido. O que deve ocorrer é um estreitamento da pista. Os dois pontos serão monitorados e, havendo agravamento, outras providências serão tomadas.

Estes dois pontos serão incluídos no projeto de recuperação total da orla, para o qual a Prefeitura está formalizando parceria com a Caixa. Através desta, o serviço de engenharia do banco ainda deverá fazer um estudo sobre a situação, apontando providências para conter novos desmoronamentos.
A Administração Municipal observa ainda que, como a estrutura do Cais é muito antiga e boa parte fica dentro da água, o Município não conseguiu encontrar nenhuma empresa disposta a fazer o estudo. Por isso, está recorrendo à Caixa.

Em relação a novos danos com a enchente, a princípio, o maior foi no trecho em frente à Câmara. De acordo com o engenheiro Daniel Vargas de Oliveira, este pode ser recuperado em pouco tempo. Contudo, a ideia é aguardar, considerando que há previsão de novas chuvas fortes e enchentes neste Inverno de ‘El Niño’.

O custo deste reparo não foi calculado, dependendo do que será realizado. Essas obras não serão feitas com recursos enviados devido ao Decreto de Emergência assinado no sábado, 17.

Colunas e correntes da parte recém reformada foram arrancados pela força da água
Rede pluvial foi danificada na calçada no lado oposto ao cais, onde começa a curva
Argila deixada evidencia onde há afundamentos na estrutura do passeio público

Prejuízo total pela cidade é avaliado em R$ 15,6 milhões

A Prefeitura divulgou na quinta-feira, 22, prejuízo total de R$ 15.631.500,00. O levantamento realizado pela Defesa Civil definiu que o maior dano foi em 2.653 moradias, avaliados em R$ 14.646.500,00. Na quarta-feira, o Governo do Estado homologou o Decreto de Emergência, habilitando o Município a pedir recursos públicos, junto à União e ao próprio Estado.
Em seu relatório, a Administração Municipal divulgou monitoramento da empresa Tanac indicando que o nível máximo do rio atingiu 8,55 metros no sábado. Os bairros atingidos foram Olaria, Industrial, Ferroviário, Centro, Passo do Manduca e Municipal e a parte mais baixa do Centro, prejudicando, em maior ou menor escala, cerca de 8 mil famílias. Também ocorreram inundações em localidades do interior.

Calçada apresenta pedras soltas e com sua base lavada
Parte do Cais que desmoronou em agosto de 2018 piorou com pressão da água

Maiores prejuízos

•2.663 unidades habitacionais – R$ 14.646.500,00
• instalações públicas de saúde – R$ 250.000,00
•5 escolas – R$ 650.000,00
•2 instalações públicas de outros serviços – R$ 85.000,00

Auxílio de R$ 1.000,00

Famílias com renda per capita de até R$ 218,00, que integram o CadÚnico e tiveram perdas com a enchente, receberão um auxílio financeiro de R$ 1.000,00 da Prefeitura. O projeto de lei que institui o “Programa Recomeçar” foi encaminhado quinta-feira à Câmara de Vereadores e seria votado em regine de urgência na Sessão Ordinária das 19 horas.

Cerca de 600 atendem aos critérios de pobreza e vulnerabilidade social. Se aprovado pelo Legislativo, o recurso será pago em parcela única, por meio de cartão magnético e/ou aplicativo. Um requisito é que seja usado no comércio local. Com o dinheiro, não podem ser comprados cigarros e bebidas alcoólicas.
“Trata-se de mais medida de enfrentamento aos efeitos do ciclone da semana passada, que provocou vendaval e chuvas que elevaram o nível do Rio a 8,55 metros”, destaca o prefeito, Gustavo Zanatta. Após aprovado pelos vereadores, o Programa Recomeçar ainda precisa da publicação de um decreto de regulamentação.

Chuva atípica e concentrada nas encostas

A Metsul Meteorologia fez um estudo do ciclone extratropical que atingiu o Rio Grande do Sul entre quinta e sexta-feira passada. Ele classifica seu efeito no continente como ‘um dos maiores desastres climáticos da história do estado’; afetando dois milhões de pessoas. Mas, acima de tudo, revela que este fenômeno foi diferente.

Assim como a tempestade subtropical “Yakecan”, de maio de 2022, o ciclone extratropical dos dias 15 e 16 avançou de Leste para o Oeste, do mar à terra. Em geral, a trajetória de ciclones é de Oeste para Leste. A Yakecan veio do Sul, ao se formar na costa da Argentina; e o sistema de agora veio do Norte, da costa paulista.

O relatório na página da Metsul, assinado pela meteorologista Estael Sias, informa que os volumes de ‘chuvas extremas’ foram de até 350 milímetros (mm) em poucas horas, gerando inundações repentinas. Chamada de “orográfica”, é a precipitação surge devido ao relevo.
Os acumulados, extremos a extraordinários, se deram justamente em áreas perto ou junto à Serra do Mar, entre os vales do Caí e do Sinos, e a áreas entre a Serra e o Litoral. Estações mostraram que no Caí, em pontos baixos na encosta serrana, a chuva atingiu até 250 mm; enquanto apenas 20 ou 30 quilômetros ao Norte ficou ao redor de 100 mm.

Ou seja, os morros serviram como uma barreira para a umidade e a chuva caiu com violência nas encostas. A tempestade com ventos quentes se deparou com a serra e suas temperaturas frias, criando nuvens pesadas e que caíram no setor abaixo.

Imagem de satélite do Vale revela efeito de quase 2 meses de chuva em 30 horas. Foto: MetSul – Sentinel Hubsistema Copernicus

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