Dando seguimento à série de entrevistas especiais em alusão ao Novembro Azul, na última quarta-feira, 22, foi vez do empresário e personal trainer Lucas Kuhn participar da Rádio Ibiá Web. Segundo ele, 80% do público que cuida da saúde dentro das academias são mulheres, sendo apenas o restante homens. É por isso que o público masculino apresenta mais patologias do que o feminino. Ele relembra que hoje não se tem nenhuma contraindicação para o exercício físico. Mesmo tendo algum problema de saúde, ainda assim o exercício é importante e sempre adaptável a cada situação.
Ele relembra que toda doença é a evolução de algum quadro. “Nenhuma doença começa grande, e sim com sinais pequenos”, explica. O profissional exemplifica com o câncer. Mesmo sendo uma doença silenciosa, tem como prevenir. Alguns dos fatores de risco para a doença são obesidade, sedentarismo, má alimentação e tabagismo. Quanto à alimentação desequilibrada, Lucas afirma que hoje em dia as pessoas descascam menos e desembrulham mais, uma grande problemática. “Chega um dia de trabalho e tu pede um lanche, que é rico em sódio e gordura. Na lancheira do filho, um bolinho e uma bebida pronta completamente industrial. Estes são alguns fatores que contribuem para o avanço de patologias. Então as crianças também estão vindo com este hábito de má alimentação. Precisamos fortalecer a base para começar a vir forte novamente”, pontua.
O profissional também relembra da importância da leitura dos rótulos nos alimentos. “Muitas vezes as pessoas não tomam um refrigerante para tomar um suco de caixinha. Dependendo da marca, é muito pior do que o próprio refrigerante. Se tu quer uma opção saudável, tem água e os sucos de fruta naturais”, afirma. Os alimentos integrais também são importantes e precisam de boa interpretação. “Se quer saber se o pão, por exemplo, é integral, começa a ler pelos nutrientes dele. Estes são obrigados, por lei, a começar pela quantidade”, diz.
Áreas da saúde precisam se alinhar
Uma pessoa saudável, cuidadosa com sua saúde, ao apresentar doenças e até mesmo o câncer, tem maiores chances de responder melhor aos tratamentos propostos. “Quanto maior o teu aporte físico e a tua saúde, melhor o tratamento, diagnóstico e prognóstico”, afirma Lucas. Ele pontua que quando uma pessoa descobre o câncer, se treina constantemente, precisa entrar em contato com todas as áreas da saúde para seguir a melhor opção. Segundo ele, as áreas precisam se conversar e entrar em um consenso, afinal o resultado é um só. “O objetivo é o mesmo: dar uma sobrevida para o paciente. Melhorar a vida dele”.
Isso porque quando se recebe a notícia, por exemplo, de um câncer, o paciente fica abalado. Segundo Lucas, muitas vezes é uma pessoa que vem de treino de anos, então ele não vai parar. A partir daí, todas as áreas da saúde envolvidas vão alinhar pontos para que se adapte algumas situações à vida do paciente.
Atividade física é fundamental durante todo o processo
O personal trainer afirma que todos os cânceres têm um ponto em comum: a perda de músculo. Com o tempo, os músculos ficam debilitados. “Com o treino tu vai criando mais músculos e dando uma sobrevida e uma vida melhor para o aluno, para o paciente. Quanto mais músculos tu tiver, melhor, isso durante qualquer doença”, confirma.
Conforme ele, um idoso acamado perde, por dia que não se movimenta, de 0,2 até 0,8 de músculo. “Por isso vai ficando fraco, sem força, podendo perder até mesmo o controle motor, não conseguindo, por exemplo, se alimentar sozinho”, explica. Por isso, ele defende que não importa o exercício que se faça, desde que algum seja realizado.
Mesmo debilitado, o paciente deve realizar alguma atividade, muitas vezes podendo ser até mesmo na própria cama. “O exercício físico é uma coisa programada, com início, meio e fim e atividade física é tudo aquilo que se faz em casa, como varrer, caminhar, tirar o lixo, ente outras. Muitas vezes, para o paciente, isso se torna algo difícil, então tu começa a treinar na cama, no sofá, no leito onde ele está”, enfatiza. Dentre as opções, ele destaca sentar e levantar, colocar os braços para cima e girar o tronco. Ainda sinaliza que podem ser utilizados “pesos” simples como garrafinha de água e até mesmo saco de arroz.
Lucas afirma que sempre cada caso é um caso isolado e precisa ser analisado com cautela, Mas, pensando em um paciente com câncer que está bem, realizar 40 minutos de alguma atividade por dia, seria essencial, que pode ser caminhada, por exemplo. Ainda, mais 40 minutos de exercícios resistidos, que são exercícios com pesos, para criar massa muscular.
Após uma cirurgia de câncer de próstata, Lucas afirma que quem dá a última palavra sobre a volta à academia e treinos é o médico. “Dependendo da clínica, eles mandam o laudo para podermos ver o que foi feito, como foi feito e o que aconteceu. Na dúvida, falamos com o médico”, conta. Vale lembrar que qualquer paciente ao passar meses longe dos treinos, ao retornar, vai iniciar aos poucos, devagar. O mesmo serve para um paciente que retoma sua rotina de exercícios. Lucas ressalta uma frase muito importante, seja para pacientes ou pessoas sem patologias: “Quem não pratica atividade física, comece a praticar”.