Marataense é destaque estadual na produção de mel

Gianmateu Schommer também trabalha pela preservação das abelhas

Depois de trabalhar 10 anos como representante comercial, o marataense Gianmateu Schommer, 38 anos, decidiu investir no próprio negócio. Com apoio da namorada, ele abriu uma loja virtual para a venda de mel com sua marca: Flor de Ouro. Um ano após iniciar a produção – e dois depois de ter iniciado a pesquisa sobre apicultura –, Gianmateu foi destaque no 22º Congresso Estadual de Qualidade do Mel, realizado em Balneário Pinhal em outubro de 2019, ficando em segundo lugar estadual na categoria mel claro.

Apicultor mantém favos guardados e em bom estado para abelhas terem menos trabalho na hora de produzir o mel

O apicultor conta que a ideia de entrar no ramo surgiu em 2016, quando ele pensou em comprar e revender mel pela internet. Pesquisando sobre o tema, o marataense descobriu que havia um grande índice de adulteração no produto e, assim, resolveu ele mesmo gerenciar a produção do mel que venderia. Em 2017, Gianmateu começou a estudar sobre o tema. “Busquei entender qual seria a melhor abelha para trabalhar na região”, conta. Para tanto, ele fez a captura de espécies encontradas na natureza e selecionou as melhores para suas colmeias.

Sua produção contava em janeiro de 2018 com apenas uma caixa, em março de 2019, quando fez sua primeira safra, já eram 60 caixas, no entanto, apenas 30 tinham capacidade de produção. Mesmo assim, o apicultor coletou 1,5 tonelada de mel. “A região tem um potencial não explorado”, garante Gianmateu ao falar da produção. Ele salienta que seu objetivo não é unicamente explorar o alimento produzido pelas abelhas, mas buscar floradas intensas e diversificadas, o que representa diferentes qualidades para o mel. Inclusive, o seu produto premiado foi um mel produzido a partir da florada da uva japonesa.

Hoje, o apicultor já possui 80 caixas de abelha, sendo dois apiários construídos na propriedade da sua família na localidade de Macega, no interior de Maratá, um em Harmonia e outro no bairro Faxinal, em Montenegro. Além disso, ele também está realizando um trabalho de abelha migratória, ou seja, ele leva algumas caixas para um local onde haja a floração de uma planta específica. Como exemplo Gianmateu cita as caixas levadas para Maquiné, no Litoral Norte, onde as abelhas puderam aproveitar a floração da uva japonesa. “A minha ideia é trabalhar com o mel específico e sua regionalização”, reforça.

Mel captado por Gianmateu vem da produção em excesso das colmeias . FOTO: Divulgação/Flor de Ouro

Buscando qualificar ainda mais o seu trabalho, o marataense está realizando pós-graduação em Apicultura e Meliponicultura na Universidade de Taubaté, no Estado de São Paulo. A maioria dos encontros ocorre à distância e ele precisa ir para Taubaté a cada dois meses para aulas presenciais. Gianmateu também promove a rastreabilidade do seu produto, tendo dados de cada uma de suas colmeias, e procura aperfeiçoar geneticamente suas abelhas.

Apicultor também faz trabalho de conscientização ao manter caixas com abelhas nativas da região, como a Mandaçaia

Produção racional para preservar as abelhas
Mais do que garantir uma boa produção de mel de suas abelhas, Gianmateu busca contribuir com o planeta preservando-as e aumentado o número delas. Trata-se da chamada apicultura racional, assunto sobre o qual o marataense fala em um canal criado no YouTube. Por exemplo, o mel que ele colhe não é o do ninho, mas sim o excedente que é posto em caixas com favos acima da caixa onde está a colmeia.

Durante o inverno, para preservar o tamanho dos enxames, o apicultor trata as abelhas com uma mistura de açúcar VHP, que é rico em sais minerais, com água. O marataense também planta pasto apícola que garanta comida fora de época para as abelhas, ou seja, flores e árvores que tenha sua floração no outono ou inverno. Todo esse trabalho de manter as abelhas quase como um rebanho é feito exclusivamente por Gianmateu.

Tamanha dedicação é o que faz com que o produto de Gianmateu seja considerado premium, tendo um valor acima do usual encontrado nos mercados. É por isso que o marataense mantém a venda de mel da flora de uva japonesa, de pimenta-rosa e de eucalipto pela internet ou em estabelecimentos especializados da Região Metropolitana e grandes cidades do interior do Estado.

Preservação das abelhas é um dos focos do trabalho de Gianmateu. FOTO: Divulgação/Flor de Ouro

Trabalho de conscientização
No pátio da sua casa, o apicultor mantém caixas com abelhas naturais da região, como as das espécies Mandaçaia, Mirim e Jataí no que ele chama um trabalho de conscientização. O mel produzido por essas abelhas não é explorado por Gianmateu. O marataense também realiza consultoria para pequenos apicultores. Em razão disso tudo, Gianmateu diz que o prêmio recebido foi uma gratificante forma de reconhecimento do trabalho que ele vem fazendo tanto na produção de mel quanto na preservação de abelhas.

Segundo o produtor, um dos problemas enfrentados na sua produção é a forma com que agrodefensivos são utilizados na região. “As boas práticas que existem (para a utilização desses produtos) têm que ser aplicadas”, afirma Gianmateu. Segundo ele, muitas abelhas das suas colmeias foram perdidas durante a pulverização de defensivos agrícolas em pomares de frutas cítricas.

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