Você conhece a doença mão-pé-boca (DMPB)? Se trata de uma enfermidade contagiosa causada pelo vírus Coxsackie que habita, normalmente, o sistema digestivo e também podem provocar estomatites (espécie de afta que afeta a mucosa da boca). Embora possa acometer também os adultos, ela é mais comum na infância, antes dos cinco anos de idade. O nome da doença se deve ao fato de que as lesões aparecem mais comumente em mãos, pés e boca. Mauro Umann Ladeira, médico pediatra de Montenegro, define que é uma doença contagiosa febril com manifestações cutâneas causada por vírus.
Mauro diz que nestes primeiros meses de 2023 já foram notificados 20 surtos da doença, que são caracterizados quando há mais de três casos em um mesmo local. “Somados, esses surtos representam 210 casos em 15 municípios. No ano passado, foram 68 surtos em 35 cidades, que somaram 581 casos. O ano de 2021 se encerrou com 172 surtos em 76 municípios, que totalizaram mais de 3,3 mil casos”, acrescenta.
Como é uma doença causada por vírus que estão no sistema digestivo, a transmissibilidade ocorre principalmente por via oral/fecal, ou seja, contato direto com pessoas contaminadas ou com secreções, saliva ou fezes destes. Ou ainda, contato com alimento contaminado. Por isso, a prevenção se dá, principalmente, por higiene das mãos e alimentos, evitando contato direto com doentes acometidos pela DMPB.
Conforme Umann, faz parte da prevenção não compartilhar itens pessoais como talheres, chupetas, mamadeiras, copos e brinquedos. “Se houver contato direto, lavar muito bem as mãos. Se possível, higienizar o ambiente onde este paciente esteve”, alerta o médico. Ainda, quando o jovem frequenta a creche ou escola deve evitar a mesma até melhora dos sintomas, o que deve ocorrer em torno de sete dias. Mesmo assim, por cerca de quatro semanas, ainda é possível seguir eliminando os vírus nas fezes.
Segundo o médico, as crianças pequenas, que geralmente são as mais acometidas, podem apresentar febre alta seguida de dor de garganta ou na boca com recusa alimentar, mal-estar, vômitos e diarréia. Também se manifestam com lesões orais e periorais vesiculares ou aftosas (aftas dolorosas) e lesões papulovesiculares (pequenas bolhas ou bolinhas) nas palmas das mãos e plantas do pés, e, ocasionalmente , na região das nádegas e genitais. Apesar disso, adultos também podem apresentar a doença.
Sinais da doença
– febre alta nos dias que antecedem o surgimento das lesões;
– aparecimento, na boca, amídalas e faringe, de manchas vermelhas com vesículas branco-acinzentadas no centro que podem evoluir para ulcerações muito dolorosas;
– erupção de pequenas bolhas em geral nas palmas das mãos e nas plantas dos pés, mas que pode ocorrer também nas nádegas e na região genital;
– mal-estar, falta de apetite, vômitos e diarreia;
– por causa da dor, surgem dificuldade para engolir e muita salivação.
Diagnóstico e tratamento
Nos pacientes que apresentam o típico quadro de febre, úlceras orais e lesões nas palmas das mãos e plantas dos pés, o diagnóstico é feito facilmente, sem a necessidade de maior investigação laboratorial. Nos casos atípicos, se o médico sentir a necessidade de fazer o diagnóstico, a identificação do vírus pode ser obtida através de exame de fezes, das secreções da garganta ou das lesões de pele.
Ainda não existe vacina contra a doença mão-pé-boca. Em geral, como ocorre com outras infecções por vírus, ela regride espontaneamente depois de alguns dias. Por isso, na maior parte dos casos, o tratamento é sintomático com antitérmicos e anti-inflamatórios. Os medicamentos antivirais ficam reservados para os casos mais graves. Mauro destaca que o tratamento é basicamente com hidratação oral, com dieta pastosa, incluindo alimentos frios e bebidas frias que são mais fáceis de engolir.
Recomendações
Algumas recomendações são importantes a serem seguidas. Saiba que nem sempre a infecção pelo vírus provoca todos os sintomas clássicos da síndrome MPB. Há casos em que surgem lesões parecidas com aftas na boca ou erupções cutâneas, em outros, a febre e a dor de garganta são os sintomas predominantes. Alimentos pastosos, como purê, mingau, gelatina e sorvete são mais fáceis de engolir.
Além disso, bebidas geladas, como sucos naturais, chás e água são indispensáveis para manter a boa hidratação do organismo, uma vez que podem ser ingeridos em pequenos goles. É também fundamental que você evite, na medida do possível, o contato muito próximo com o paciente, como abraçar e beijar. Nisso, também entra a higienização da casa, creches e escolas, que deve estar sempre em dia. Também não esqueça de descartar corretamente fraldas e lenços de limpeza.
Tire suas dúvidas
O paciente está com dificuldade para comer por conta das aftas e dor de garganta. Que alimentos são mais indicados?
Opte por alimentos pastosos, como purês e mingaus, assim como gelatina e sorvete, são mais fáceis de engolir. Evite alimentos ácidos, muito quentes e condimentados.
É possível pegar a doença mais de uma vez?
Sim. Apesar de o organismo melhorar a imunidade contra a infecção após o contágio, a doença pode ser causada por diversos tipos de vírus. Dessa forma, é possível infectar-se com outra variedade, para a qual o corpo não desenvolveu resistência.
Antibióticos funcionam contra a doença mão-pé-boca?
Não, pois a doença é causada por vírus. Antibióticos só são utilizados caso as feridas provocadas pela doença infeccionem, mas deve sempre haver indicação de um médico.
Qual a diferença entre catapora e mão-pé-boca? O vírus causador da doença mão-pé-boca faz parte da mesma família responsável pela catapora, outra doença comum na infância. As duas apresentam semelhanças, como alguns sintomas e lesões na face. Por isso, diante do surgimento dos primeiros sinais da síndrome, é preciso ir ao médico a fim de obter o diagnóstico correto. A principal característica da síndrome é o aparecimento de lesões na boca, nas mãos e nos pés, enquanto a catapora se manifesta em manchas vermelhas e bolhas por todo o corpo, podendo causar coceira.