Calamidade. Rio Caí recua e nesta terça-feira começa o rescaldo
A enchente iniciada na noite de sexta-feira, 16, quando o Rio Caí transbordou pela rede de esgoto da rua Apolinário de Moraes (Centro), confirmava o que muitos alertavam, inclusive pelo fato de naquela tarde (14h49min) São Sebastião do Caí já ter cheia com 13m36cm e moradores desabrigados. O momento mais crítico em Montenegro foi a madrugada de sábado, 17, com um avanço rápido nos bairros Industrial, Olaria e Ferroviário, pegando todos desprevenidos. Ao final, a previsão é de o transbordo do rio girou em torno dos 2 metros de altura e se tornou a maior enchente em anos.
De acordo com medições feitas pela Emater, as precipitações somaram em torno de 150 milímetros em apenas 24 horas, mesmo volume que costuma ser registrado, historicamente, em todo o mês de junho. As fortes chuvas que atingiram a região, como todo o Rio Grande do Sul, entre quarta e sexta-, foram resultado de um ciclone extratropical na costa gaúcha.
O nível do Rio Caí subiu cerca de 8 metros, causando danos nas comunidades mais baixas e ribeirinhas. Ao todo, 8 mil pessoas foram afetadas, e 15 famílias foram abrigadas pelo Municípios, nos ginásios do Cinco de Maio e do Sesc. No Centro a água ultrapassou a rua José Luiz, e pela Ramiro Barcelos chegou até a esquina da Caixa.
No Interior, em três pontos estradas foram alagadas. A Secretaria de Desenvolvimento Rural abriu valetas para o escoamento da água e recuperou a pista. As primeiras localidades afetadas foram Lajeadinho e Serra Velha. A Estrada Papa João XXIII também está na lista de prioridades.
Vice-governador veio orientar o Município
No sábado, o prefeito Gustavo Zanatta assinou o decreto de emergência e de calamidade pública; que autoriza uma série de ações de socorro e convocação de voluntários. Uma força tarefa trabalhou no final de semana, com as primeiras retiradas feitas na madrugada do dia 17. Ao lado da prefeitura e da Defesa Civil atuaram o Corpo de Bombeiros Militares, Brigada Militar e Patram, e um pelotão do Exército.
No domingo, o vice-governador, Gabriel Souza, visitou Montenegro para reunião técnica e de avaliação das necessidades. Ele lembrou que, após a assinatura do decreto o Município tem 10 dias para enviar laudos e demandas, para receber apoio. “O governador (Eduardo Leite) está dizendo que não vai economizar recursos para poder socorrer as comunidades atingidas”, declarou. Na segunda-feira, 19, o Administração Municipal pediu à Defesa Civil do Estado colchões e cobertores; e determinou a compra emergencial de produtos para limpeza das casas.
Solidariedade foi fundamental
No resgate dos flagelados sobressaiu também a fraternidade. Exemplo do empresário Lucas Brinckmann, que já noite da sexta-feira foi ver se conhecidos precisavam de ajuda e constatou que muitos ribeirinhos estavam em emergência. Primeiramente começaram a erguer móveis, e depois passaram a resgatar pessoas e animais domésticos com um barco.
“A gente passava por uma casa e um ou outro gritava”, recorda, em trabalho que foi até as 2h30min e recomeçou na manhã de sábado. O jovem acredita que muitas pessoas foram surpreendidas pela força do fenômeno. “Não tenho conhecimento sobre a região; mas, pelos relatos, foi atípico. Foi uma subida rápida e não se esperava que tivesse esse volume”, refere.