PSICÓLOGA Danuzia da Silva explica como lidar com a perda de uma pessoa querida
A perda de uma pessoa querida não é fácil de ser superada, e envolve muitas emoções, como negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Muitas vezes a pessoa não sabe como agir diante da dor e da tristeza. A psicóloga Danuzia da Silva alerta que o processo de luto é complexo, pode ser muito dolorido, e cada um vivenciará de uma forma. Por isso, deve-se respeitar o tempo de cada um, ou seja, saber o momento de acolher, escutar e de falar.
Conforme Danuzia, lidar com a perda envolve um trabalho interno muito grande, uma transformação, devido à sensação de ausência causada. “Existem situações que, em linhas gerais, são importantes, tais como reconhecer a dor da perda e expressar os sentimentos e emoções gerados em cada momento. Haverá os momentos de dor extrema, de negação, mas também haverá alternância com perspectivas de futuro e de esperança, mesmo sem aquela pessoa”, enfatiza.
A perda de uma pessoa querida é um processo muito complexo, pois, segundo Danuzia, envolve a relação que se tinha com aquele ente que partiu, ou seja, a perda daquela relação, daquilo que se era para o outro. “Ocorre uma ruptura do formato de existência que havia com aquele ente querido, e também das nossas expectativas, como, por exemplo, achar que estamos no controle da situação. Portanto, é preciso respeitar a dor e entender que cada indivíduo sentirá o luto e a dor causada por ele de modo diferente”, pontua.
Nesse processo, aceitar a perda é necessário para poder reconstruir e seguir em frente. “Cada processo de luto é único, subjetivo e carrega sentimentos variados e intensos. Então, entende-se que para dissipar a dor psíquica de uma perda, é necessário que ela seja dita, vivida, sentida, refletida e elaborada”, diz a psicóloga. Mas, para ser possível reconstruir, continuar a viver sem aquela pessoa, experienciar o luto é um tempo de olhar com cuidado tudo aquilo que foi vivido para ser possível seguir em frente. “Entende-se que há um tempo para todo esse processo se constituir e que não pode ser apressado, entretanto, o tempo tem de ser usado para melhorar a capacidade do enlutado de elaborar a perda”, afirma a psicóloga.
Ajuda de um profissional pode ser essencial
A psicóloga Danuzia da Silva lembra de uma metáfora da escritora Ana Quintana para descrever o processo do luto. Ela diz que quando morre uma pessoa amada em nossas vidas, no dia da morte é como se nós entrássemos em uma caverna, e a saída não é pela entrada. Para sair dessa caverna do luto a pessoa precisa cavar uma saída, para isso é preciso ação, esforço e força. Ela pode até convidar alguém para ir com ela, para tornar menos doloroso esse processo, mas quem precisará cavar e sair é somente a pessoa.
Nesse processo de vivenciar o luto, muitas vezes a ajuda de um profissional pode ser fundamental. Danuzia afirma que quando, com o passar de certo tempo, o indivíduo que vivencia o luto não passar por uma reconstrução, não reparar a fala sobre a perda, ou caso haja a percepção que esta pessoa perdeu o sentido da vida e não está conseguindo seguir em frente, torna-se importante e crucial buscar a ajuda de um profissional capacitado.
“A psicoterapia possibilita um ambiente acolhedor e empático a fim de auxiliar na compreensão e na exposição dos mais variados sentimentos proporcionados pelo luto. A psicoterapia busca exteriorizar tais sentimentos, possibilitando que estes consigam ter significado e sejam compreendidos, aceitos e até superados”, enfatiza Danuzia. Ela diz que cabe ao profissional da psicologia ajudar o indivíduo a se apropriar da situação que se está vivenciando, de modo que, posteriormente, se consiga falar do fato ocorrido, assimilá-lo e, algum tempo depois, aceitá-lo.