Kaingangs retornam a Montenegro para compartilhar tradições

“NOSSA CULTURA não pode ser esquecida”, afirma o Cacique Eliseu Claudino

No mês em que é celebrado o Dia dos Povos Indígenas, Montenegro recebeu a visita de membros da tribo dos Kaingangs. Os ex-vizinhos do Colégio Estadual AJ Renner retornaram à cidade, desta vez, a convite do educandário para um bate-papo com os estudantes.

Contudo, o encontro foi além da explanação verbal, os indígenas trouxeram seu grupo de dança e peças do artesanato produzidos por eles mesmos para ilustrar melhor a mensagem sobre igualdade e respeito a todos os povos. “Nossa cultura não pode ser esquecida”, diz o Cacique Eliseu Claudino.

Turmas dos turnos da tarde e noite vivenciaram a experiência de receber o Cacique e seu povo. O encontro ocorreu na terça-feira, dia 23. “A gente faz apresentações de dança e conta um pouco da nossa história. A gente ainda vive preconceito, ainda estamos lutando contra isso. Temos certeza que vamos conseguir aquilo que a gente tá buscando. Cada dia estamos lutando para isso”, explica Eliseu sobre um dos principais propósitos desse contato com as novas gerações.

O artesanato indígena também foi exposto aos estudantes do AJ Renner

Além de Montenegro, Harmonia, Salvador do Sul e municípios da Serra também já receberam o grupo em suas instituições de ensino. Nas escolas visitadas, o transporte foi fornecido, permitindo que a comunidade indígena compartilhasse sua cultura e desafios. O contato com as crianças é especialmente significativo, já que muitas delas não têm conhecimento da história indígena além do que estudam em sala de aula sobre os costumes do passado. “As crianças não conhecem a história indígena, eles podem estudar na escola como eram os costumes indígenas, mas não sabem como é o convívio dentro de sua aldeia. A gente sofre muitas críticas fora da aldeia por que as pessoas não conhecem nossos costumes”, explica Eliseu.

Apesar dos desafios enfrentados anteriormente em Montenegro, onde moraram pelo período de quatro anos, o Cacique afirma que não restou rancor. “A gente não leva mágoa. Somos guerreiros e sabemos lutar contra o preconceito”, ressalta Eliseu.

O professor Ricardo Kakamy, membro da tribo, além de participar da apresentação do grupo de dança, contribuiu explicando o processo educacional dos indígenas. Os indígenas também compartilharam informações sobre como a venda de artesanato é uma atividade que fortalece os laços comunitários, destacando a importância do respeito intergeracional, com os mais velhos transmitindo conhecimentos aos mais jovens.

O professor Ricardo Kakamy apresentou aspectos do processo de alfabetização e ensino dos Kaingangs

Além disso, foram oferecidas explicações detalhadas sobre a simbologia por trás da pintura corporal e questões de relacionamento amoroso, assim como os processos de punição para quem viola as normas na aldeia indígena.

Conforme o professor Ricardo Kraemer, integrante do corpo docente do AJ Renner, o propósito deste encontro é celebrar a Semana dos Povos Indígenas, e enfatizar a relevância do respeito à diversidade e da superação de preconceitos.

 

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