Você têm estado de olho para o comportamento do seu corpo e as doenças silenciosas que possam aparecer? As hepatites virais entram neste leque e apresentam um grave problema na saúde pública, justamente por muitas vezes não apresentarem sintomas. Pensando nisso, torna-se necessário um conjunto de ações de saúde de caráter individual ou coletivo, abrangendo promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção de saúde, a fim de atender a tão complexa e crescente demanda. Em 28 de julho é celebrado o Dia Mundial contra as Hepatites Virais. O mês é considerado “Julho Amarelo”, com a finalidade de reforçar as ações de prevenção, vigilância e controle da doença.
Em Montenegro, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) conta com o Setor de Infectologia, que atua diretamente com as hepatites virais. No local, os responsáveis são A enfermeira Zaira Motta, dr. Antonio Rosa e as técnicas de enfermagem Meraci Schneider e Angelita de Campos Ferreira. Nesta matéria, são eles que tiram algumas dúvidas e explicam mais a fundo as hepatites. São doenças infecciosas, que provocam inflamação do fígado. Podem ser agudas ou crônicas e quando não diagnosticadas podem levar à cirrose ou ao câncer de fígado. Conforme informações do setor, no Rio Grande do Sul, são causadas mais comumente pelos vírus A, B e C. Ainda, existem outros vírus, mas estes não têm predominância no Brasil (a D e E).
Mesmo geralmente com sinais silenciosos, as infecções podem apresentar sintomas aparentes, como cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. As infecções causadas pelos vírus das hepatites B ou C frequentemente se tornam crônicas. Contudo, por nem sempre apresentarem sintomas, grande parte das pessoas desconhecem ter a infecção. Isso faz com que a doença possa evoluir por décadas sem o devido diagnóstico.
Tipo de hepatites e suas características
Hepatite A:
Tem o maior número de casos. Está diretamente relacionada às condições de saneamento básico e higiene. É uma infecção leve e se cura sozinha.
Hepatite B:
É o segundo tipo com maior incidência. Atinge maior proporção de transmissão por via sexual e contato sanguíneo.
Hepatite C:
Tem como principal forma de transmissão o contato com sangue. É considerada a maior epidemia da humanidade, cinco vezes superior a AIDS ou HIV. Este tipo é a principal causa de transplantes de fígado. A doença pode causar cirrose, câncer de fígado e morte.
Hepatite D:
Ocorre apenas em pacientes infectados pelo vírus da hepatite B.
Hepatite E:
É transmitida por via digestiva, provocando grandes epidemias em certas regiões. Ela não se torna crônica, mas mulheres grávidas que forem infectadas podem apresentar formas mais graves da doença.
Diagnóstico
O diagnóstico da hepatite é feito pela história clínica e exame cuidadoso do paciente. Exames laboratoriais sorológicos são habitualmente usados para confirmação infecções virais que causam hepatite. O diagnóstico precoce da doença faz toda diferença, uma vez que o tratamento mais adequado pode ser recomendado de modo a preservar a saúde e a qualidade de vida do paciente, além de minimizar o risco de complicações graves. Visitas regulares ao médico, exames de rotina e check ups podem contribuir para preservar a sua saúde.
Exames de sangue são úteis para identificar o tipo de vírus causador da hepatite. A sorologia pode detectar e diferenciar as hepatites A, B, C, D ou E. Além da sorologia, exames que determinam o funcionamento do fígado, tais como as transaminases AST e ALT, são muito indicados. Além dos exames laboratoriais, exames de imagem como a Ultrassonografia, a Tomografia Computadorizada e a Ressonância Magnética colaboram de forma significativa para o diagnóstico preciso das diversas formas de hepatites. A avaliação complementar com exames laboratoriais e de imagem ajudam a avaliar o grau de comprometimento hepático e a evolução para complicações como a cirrose.
Como ocorre a transmissão?
A hepatite A, segundo o Setor de Infectologia da SMS, é transmitida via oral-fecal, ou seja, pela água ou por alimentos contaminados, mãos mal lavadas ou sujas de fezes após ir ao banheiro, crianças que brincam com terra contaminada pelo esgoto sem saneamento básico, ou objetos contaminados. Os tipos B e C têm transmissão de mesmo modo: pelo contato com sangue contaminado, ou seja, compartilhamento de seringas ou agulhas contaminadas, procedimentos como piercing, manicure/pedicure, tatuagem, cirurgias, tratamentos odontológicos, hemodiálise em local que não segue as normas de biosegurança, compartilhamento de utensílios e objetos de higiene pessoal contaminados (escovas de dentes, lâminas de barbear ou de depilar).
Vale destacar que a transmissão de mãe para filho, chamada transmissão vertical, pode ocorrer durante o parto, pela exposição do recém-nascido ao sangue. De qualquer forma, não há evidências de que o aleitamento materno aumente o risco da transmissão da hepatite B, por isto é recomendado a aplicação da imunoglobulina anti hepatite B no bebê nas primeiras 12 horas de vida junto com a vacina da hepatite B. O uso de preservativo nas relações sexuais é importante para evitar qualquer uma das hepatites. Toda mulher grávida precisa fazer os exames para detectar as hepatites B e C, HIV e sífilis no pré-natal. Ainda, o tratamento da hepatite C não está indicado para gestantes, mas, após o parto, a mulher deverá ser tratada.
Previna-se!
Lembre-se que as hepatites têm prevenção e esta é fundamental para diminuição dos casos. Para a do tipo A, em primeiro lugar, deve ocorrer a vacinação das crianças após um ano de idade e a imunização é disponível através do Sistema Único de Saúde, o SUS. Além disso, lave bem as mãos, principalmente após o uso do sanitário, trocar fraldas e antes do preparo de alimentos. Lave com água tratada, clorada ou fervida, os alimentos que são consumidos crus, deixando-os de molho por 30 minutos; cozinhe bem os alimentos antes do consumo; lave adequadamente as louças; não tome banho perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto e utilize preservativos e higienização das mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais. Além disso, no caso de creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas, adote medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfecção de objetos, bancadas e chão utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária.
A principal forma de prevenção da infecção pelo vírus da hepatite B é a vacina, que está disponível no SUS, independentemente da idade. Para crianças, a recomendação é que se façam quatro doses da vacina, sendo: ao nascer, aos 2, 4 e 6 meses de idade (vacina pentavalente). Já para a população adulta, via de regra, o esquema completo se dá com aplicação de três doses. Outras formas de prevenção devem ser observadas, como usar camisinha em todas as relações sexuais e não compartilhar objetos de uso pessoal, como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de manicure e pedicure, equipamentos para uso de drogas, confecção de tatuagem e colocação de piercings. Para a hepatite C, vale lembrar que não há vacina disponível, mas os demais métodos de prevenção são os mesmos do tipo B.
Serviços oferecidos em Montenegro
Segundo o Setor de Infectologia, em Montenegro, são oferecidos através do SUS, testes rápidos das hepatites tipo B e C em todas unidades de saúde e maternidades do município (público e privado). Além disso também há disponível o acompanhamento das hepatites virais tipo A, B e C no próprio setor, que fica na SMS, com atendimentos de enfermagem, médico, exames específicos e tratamentos. E, claro, você também pode usufruir das vacinas contra a tipo A e B também em todas as salas de saúde do município.