Comemoração. Aniversário nesta sexta-feira será lembrando, com o “parabéns a você”, aquilo que já foi conquistado
Um singelo evento, que condiz com a realidade financeira do setor da Saúde Pública no Brasil, marca os 88 anos do Hospital Montenegro (HM) nesta sexta-feira, dia 22. Autoridades, religiosos, parceiros, colaboradores e servidores serão recebidos a partir das 14 horas, culminando com um coquetel oferecido pela associação dos funcionários. Principal instituição de saúde do Vale do Caí, o HM enfrenta problemas, todavia também tem muitos motivos para comemorar.
A atual presidente da mantenedora Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas (OASE), Eliane Maria Leser Daudt, fala com carinho da história de fundação do HM, em 1911, em um contexto de importância no qual não havia hospital no Vale do Caí. E se esta iniciativa das senhoras luteranas foi fundamental há 88 anos, hoje segue como alicerce social da região, marcado por uma trajetória de fortalecimento.
No centro dela está a história da própria família de Eliane, que está em seu sexto mandato, tendo como precursora sua mãe Morena Leser, que presidiu a OASE entre 1962 e 1979. Inclusive foi dela a honra de liderar o primeiro grande passo do Hospital Montenegro, decretando definitivamente seu destino de crescimento, quando, nos anos 70, inaugurou o Raio-X. “Sem ele não daria para fazer os exames”, defendeu Eliane.
A atual presidente não nega que a casa ainda enfrenta problemas, assinalando que unicamente é a falta de dinheiro, mas assinala que a situação já foi pior. Por isso considera que a maior conquista do HM nos últimos anos é a retomada da credibilidade. Com o pagamento de boa parte da dívida milionária e honra com fornecedores, agora a instituição tem outra vez confiança da população em geral.
Programação a partir das 14 horas
– Apresentação de Galeria de Fotos com história do HM;
– Reinauguração do Centro de Materiais Esterilizados (CME) no Centro Cirurgíco;
– Inauguração do equipamento Arco Cirúrgico;
– Inauguração do Espaço de Convivência dos servidores;
– Lançamento do Compliance – Programa de Integridade Corporativa (programa de integridade e transparência definido por lei);
– Apresentação do Protocolo de Sepse (prevenção de infecções);
– Demonstração de equipamentos adquiridos pela Consulta Popular e emendas parlamentares;
– Coquetel em comemoração.
Números que revelam o HM
*Por mês, cerca de 7 mil pacientes circulam pelo Hospital Montenegro (HM);
*Somente na Emergência, em dezembro de 2018 foram 5.200 atendimentos, dos quais 4.991 cidadãos das 14 cidades que o HM é Referência no Vale do Caí. O restante são urgências Gerais que significa de pessoas que estão passando pela região, como em acidentes de trânsito;
*Em janeiro, a Emergência recebeu 3.453 pacientes no Geral;
*Até dia 18 de fevereiro foram 1.867;
*Contando os casos gerais, 2019 somou 5.314 casos de Emergência neste ano;
*O Hospital conta com 170 leitos – sendo 10 de UTI –, tem 472 funcionários e 190 médicos, com o contrato do Plantão;
*O HM tem área total 9.576,07 m², área construída de 10.515,40 m² com cinco andares.
Há 88 anos aconteceu um ato de coragem
Tudo começou em 23 de novembro de 1911, quando um grupo de mulheres da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) criou a Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas (OASE) em Montenegro. Em 1930 os atendimentos de saúde na região eram realizados em pequenas salas, então concluíram que era latente a necessidade de um Hospital Regional, em face à crescente demanda por serviços médicos.
A tesoureira da OASE era Guilhermina Jahn, mãe do então Intendente de Montenegro, Carlos Gustavo Jahn, que era o prefeito na época. E foi ela que liderou a incrível e corajosa missão do grupo de senhoras criado 19 anos antes. A primeira tarefa foi conversar com o filho, que cedeu o terreno do Município entre as ruas Coronel Apolinário de Moraes e Assis Brasil, onde até hoje está a casa de saúde.
A partir daí, foram intensas atividades, promoções, campanhas de doações e muito trabalho. Apenas 1 ano e 2 meses após o Hospital Montenegro abria as portas para a região, inaugurado no dia 22 de fevereiro de 1931. São assim 88 anos de atividade ininterruptos, em uma história com sucessos e momentos difíceis.
O pior deles entre os anos de 2000 e 2011, quando a mantenedora terceirizou a administração. Isso acabou gerando dívidas, que provocaram empréstimos, criando uma bola de neve perigosa para o futuro da instituição.
Hoje, é considerado que o pior já passou, especialmente o resultado dos anos de 2000 e 2011, quando a terceirização da administração acabou gerando dívidas. A inserção de uma nova gestão em 2012 permite dias mais tranquilos.
Dívidas quitadas permitem projetar crescimento
O diretor Carlos Batista salienta as melhorias administrativas e de organização. “Já reduzimos uma parcela fundamental, quase R$ 10 milhões junto à Receita Federal de dívidas que o Hospital tinha”, informou. Isso possibilita captar recursos, como a execução de emendas parlamentares, algo que nunca havia acontecido antes. Esses recursos vêm direcionados para reformas ou ampliações, não sendo possível aplicá-los em custeio.
Um dos resultados palpáveis é a criação do Centro Estadual de AVC nível três, sendo um dos 18 centros de referência no Estado. Serviço que justifica através dos 23 pacientes com Acidente Vascular Cerebral atendidos apenas em janeiro passado. Eliane não nega que ainda vivam dias de incerteza, em especial quanto à regularidade e valor de repasses por parte do Governo do Estado. Todavia, isso não impede de projetar.
No horizonte estão ações como ampliação da Emergência, melhorias no depósito de resíduos, no Centro Cirúrgico, instalação do Centro Obstétrico, qualificação dos leitos da UTI do Tipo 2 para Tipo 3 (amplia a gravidade que pode ser atendida) e, talvez, posterior duplicação de 10 para 20 leitos. A contratação de mais médicos a fim de qualificar o serviço é outra necessidade. Batista falou ainda sobre a polêmica em relação ao Plantão, salientando que não via fechar, mas sim mudar o sistema de atendimentos (veja no vídeo).