Abertura do Plantão 24h em Montenegro e falta de contribuição dos municípios são os motivos para a decisão
Municípios da região estão sinalizando preocupação com o anúncio da suspensão das atividades do pronto atendimento do Hospital Montenegro (HM), prevista para acontecer ainda neste ano. Quem mais usava o serviço eram os cidadãos montenegrinos, que passarão a contar, em breve, com atendimento 24h, na Secretaria da Saúde, antiga Assistência.
Diretor do Hospital Montenegro, Carlos Batista da Silveira diz que conversou com o prefeito de Montenegro, Kadu Müller, a fim de incentivar a criação do plantão integral para os serviços básicos de saúde. “Sou totalmente a favor das Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e Montenegro precisa se organizar melhor quanto a isso, pois atenção básica de saúde é obrigação dos municípios”, aponta.
Batista afirma que vem dialogando com os prefeitos da região, mostrando que a capacidade estrutural, de atendimento e financeira limitada. “O hospital perdeu em torno de R$ 12 milhões em contratos que foram cortados indevidamente, em quatro anos”, afirma. Conforme o diretor do HM, o pronto atendimento é deficitário porque municípios como Capela de Santana geram custo mensal de aproximadamente R$ 50 mil, mas o repassa é de R$ 15 mil.
Para Carlos Batista, é preciso que os municípios entendam que a vocação da casa de saúde é atender pacientes que se enquadram nos quadros de urgência e emergência. “Nós temos responsabilidades com casos graves, infartos, AVCs. Por isso, a partir do exemplo de Montenegro, estamos incentivando as demais cidades para que tenham atendimento 24h”, destaca.
Prefeituras buscam alternativas para o atendimento
Para evitar que os cidadãos fiquem sem atendimento durante a noite, Pareci Novo está elaborando um convênio com outro hospital da região para fazer os atendimentos. De acordo com a secretária da Saúde Gislaine Ribeiro dos Santos não há demanda para um Pronto Atendimento noturno na cidade.
“Encaminhamos ao HM os pacientes que possuem casos de mal súbito, febre muito alta e que possam apresentar algo grave e a piora do quadro de saúde, sem ter condições de esperar para o acolhimento pela manhã, aqui no Posto de Saúde”, afirma. Em Pareci Novo, os serviços de saúde acontecem até as 20h. Atualmente o município possui um contrato com repasses mensais de um pouco mais de R$ 10 mil ao HM.
Em Brochier o pronto atendimento é limitado, funcionando até as 21h durante a semana e das 8h às 18h nos finais de semana, no Hospital São João. Conforme a secretária da área, Mônica Aline Kerber Neis, os casos mais graves são encaminhados ao hospital de referência, que é o HM. “Fizemos constantes campanhas de conscientização para alertar a população sobre o plantão, que serve para atendimentos urgentes. Orientamos os pacientes a consultarem aqui sempre que tiverem algo menos intenso”, diz.
O município não terá alternativa caso o HM deixe de atender pacientes com as chamadas pulseiras verdes e azuis, com baixo risco. Mônica afirma que Brochier repassa em torno de R$ 10 mil à casa de saúde. “Estamos dispostos a negociar um valor maior se for preciso”, afirma.
São José do Sul estuda ampliar o horário de funcionamento do Posto de Saúde do centro da cidade. De acordo com a secretária da Saúde, Ciliane Santos Krahl, a proposta está sendo discutida com o prefeito para definir todos os ajustes. Atualmente, o município possui convênio com dois hospitais: o de Salvador do Sul e o HM.
Conforme Ciliane, para Salvador do Sul são encaminhados os pacientes com baixa gravidade e para Montenegro os que possuem quadros agravados. Dos cofres da prefeitura saem R$ 10.410,44 todos os meses para custear as despesas que a emergência do Hospital Montenegro tem com os moradores.
A secretaria da Saúde de Maratá já está estudando aumentar os repasses ao HM, mesmo que os gastos de atendimentos dos pacientes daquela cidade não cheguem ao valor do reajuste que o município pretende fazer. Segundo a gestora da secretaria, Gisele Adriana Schneider, o atual contrato é de R$ 7.521,00, que é baseado conforme o relatório de despesas emitido pelo hospital e informado ao município.
Gisele afirma que deve ser enviado à Câmara de Vereadores um projeto que reajusta o valor para R$ 10 mil. “Não teremos como manter um Pronto Atendimento 24h aqui na cidade. Por isso, estamos nos mobilizando para evitar que o HM deixe de atender a nossa demanda. Trabalhamos para pressionar o Estado a pagar o que deve ao hospital e para que as cidades da região se mobilizem nesta causa”, afirma a secretária.
De acordo com Gisele, campanhas de conscientização também ocorrem por lá, alertando a população para que chamem o plantão noturno apenas em casos de extrema urgência, que necessitem de um médico. A gestora afirma que triagens são feitas para verificar se a situação pode ou não ser tratada no Centro de Saúde, evitando que pessoas com quadros avaliados em verde ou azul sigam para o Plantão em Montenegro.