O governo do Estado apresentou nesta terça-feira, 21, um primeiro modelo do distanciamento social controlado que deve ser adotado no Rio Grande do Sul a partir de maio. Em transmissão diária ao vivo, Eduardo Leite explicou as diretrizes e ressaltou que o modelo não corresponde a uma flexibilização aleatória, nem uma volta à normalidade.
“O vírus não está indo embora, não está passando. Está entre nós, circulará ao longo dos próximos períodos, e vamos conviver com isso. Para isso, precisamos do apoio da sociedade para evitarmos esse volume de contágio para além da nossa capacidade hospitalar. Tudo o que fizemos até agora foi priorizando a vida, e tudo o que faremos de agora em diante será priorizando a vida”, reforçou.
A transmissão feita no Facebook deu uma ideia de como o Rio Grande do Sul deve “funcionar” a partir do próximo mês; mas o governo ainda vai receber, até o dia 23, sugestões para a adoção de indicadores e protocolos.
Esse distanciamento social controlado já vem sendo discutido há algumas semanas. É uma segunda etapa, após as medidas restritivas uniformes postas em prática desde o fim do mês passado e que, segundo o governo, tinham a intenção de evitar que o novo coronavírus se espalhasse muito rapidamente, antes da preparação de toda a rede de saúde.
O governador salientou que, hoje, cerca de 40 dias depois de o Estado registrar o primeiro caso confirmado de Covid-19, o Rio Grande do Sul já tem informações sobre o comportamento do vírus. Além disso, está munido de uma base de dados abrangente, que inclui resultados da pesquisa que vem sendo aplicada pela Universidade Federal de Pelotas; e informações do novo sistema de controle de leitos, que monitora, em tempo real, dados dos 300 hospitais gaúchos.
Com isso, o novo sistema vai prever regras de distanciamento com níveis de restrição que variam conforme regiões e segmentos econômicos. Isso se justifica porque, no entendimento do Executivo, partes do Estado apresentam diferentes velocidades de transmissão e contam com estruturas diferenciadas de atendimento. Então, o nível de distanciamento será controlado pela capacidade de resposta de saúde e pelo comportamento da pandemia no território, que será divido em níveis de risco: baixo, médio/baixo, médio e alto.
A retomada da atividade econômica também é um fator do novo sistema. Segundo o governador, o distanciamento controlado será adotado com restrições estabelecidas de maneira específica para cada setor, levando em consideração os riscos de transmissão impostos pela atividade empresarial e a importância econômica dela. Os setores serão divididos em seis grupos: varejo (vestuário, informática etc.), construção, indústria/agricultura, eventos, serviços essenciais e educação.
Em outras palavras, por exemplo, uma loja de roupas que poderá abrir no Alegrete com 50% da capacidade de lotação; poderá funcionar em Caxias do Sul com 30% da capacidade; e não poderá funcionar em Porto Alegre. Vai variar de região para região; e de setor para setor. Esse detalhamento ainda não foi fechado e, como salientou Eduardo Leite, pode ser constantemente atualizado de acordo com os desdobramentos da contaminação.
“Estamos fazendo um esforço para que tenhamos um modelo de distanciamento que seja mais sustentável. Uma vez que conviveremos com esse vírus por um longo período, precisamos dessa sustentabilidade que permita que consigamos proteger a vida e, de outro lado, mantermos a atividade econômica, gerando riqueza. Esse é o equilíbrio que buscamos, que só é possível porque, agora, temos mais dados e informações”, colocou o governador.