Embora sejam discriminados por muitas pessoas, os depósitos de ferro-velho fazem um importante trabalho de coleta, reciclagem e reutilização de material na sociedade. Além de priorizar as questões ambientais, empregam muitos que tiram dali o sustento da família.
Adão Rodrigues de Oliveira, 52 anos, é proprietário do Ferrymont há 10 anos. Viu no negócio de sucatas a possibilidade de renda quando a empresa de parafusos que mantinha faliu.
Atualmente, emprega seis funcionários e recebe na empresa, localizada na Estrada Maurício Cardoso, 3145, materiais ferrosos (como geladeiras, freezer, fogão) e não ferrosos (como alumínio, inox, cobre e metal). E paga por todos os itens recebidos, por quilo.
Também coleta e coloca para circular, muitas vezes, a menos da metade do preço, produtos cuja validade expirou no controle de qualidade das empresas. Na maioria das vezes, são itens novos, que retornam às prateleiras da Ferrymont com um valor bem mais em conta ao consumidor.
“Muitas pessoas têm essa consciência de adquirir e vender no ferro-velho. Outras tantas, porém, mantêm certo preconceito. Sem dúvida, a gente muda o pensamento quando entra nesse ramo. Se preocupa mais com o meio ambiente. Estou em constante aprendizado”, salienta.
E a renda conquistada com a venda de itens pode matar a fome de alguém. Atualmente, segundo Adão, o preço da sucata de ferro está bem em conta. O preço pago por ele, por quilo, é de R$ 0,50. “Há 10 anos, eram apenas R$ 0,05. A pessoa mais humilde, que encontra um fogão velho na rua, pode conseguir algum dinheiro. E há muitas pessoas aqui em Montenegro que vivem disso. Tem um senhor que junta latinhas na estrada e todo mês vem aqui e vende 80 kg. Se for pensar que o quilo do alumínio custa R$ 4,00, aí você faz as contas…”, sugere o proprietário do ferro-velho.
E na categoria de não ferrosos, latinhas de refrigerante, panelas de alumínio, rodas de carro, blocos de motor, janelas velhas e muito mais se enquadram, de acordo com Adão. Todo o processo realizado na empresa, segundo ele, é feito de forma legal. “E não compro de pessoas que sei serem usuárias de drogas. Isso não incentiva o roubo e nem a drogadição”, salienta.
Da chegada do material à filtragem
O fluxo diário de pessoas que se deslocam até o local para vender e comprar produtos é intenso no ferro-velho. E assim que entra algo no estabelecimento, o primeiro passo é passar pela pesagem. Da balança, os quilos acusados se convertem em dinheiro direto para o bolso do cliente.
E, dali, os itens passam então para a filtragem. “Que se chama segregação. Eles são separados e classificados. O que não for bom tem como destino a sucata; o que render, vai para a prateleira ou fundição. Hoje em dia eu não boto nada fora. Reaproveito tudo”, salienta.
No sistema de funcionamento dessa máquina de reciclar e reaproveitar que é o ferro-velho, diariamente um caminhão recolhe as sucatas. “E leva para a siderúrgica da Gerdau. Já o alumínio é levado sempre em sextas-feiras. Como destino final, chega a São Paulo. Com o tempo, pretendo entrar mais profundo, também, no recolhimento de material contaminado, e dar a devida finalidade a ele”, afirma Adão. “Uma das minhas filhas escolheu estudar Engenharia Ambiental influenciada pelo trabalho feito aqui e me ajudará”, conclui.