Pode piorar. Prefeitura e Emater de Montenegro monitoram as perdas iniciais
A Prefeitura de Montenegro ainda não considera um Decreto de Emergência devido a estiagem. A assinatura é baseada em laudo da Emater, que ainda não foi produzido devido a situação não ser de extrema emergência. E segundo o secretário de Desenvolvimento Rural (SMDR), Ernesto Kasper, é preciso ter cuidado na hora de solicitar, pois depois de publicados os dados não podem ser revistos. “Se colocarmos uma perda de safra de 40%, e com o passar do tempo esse número chega a 60%, não há como rever esse dado”, exemplifica.
Semanalmente Secretaria e Emater realizam reuniões para avaliar os efeitos da falta de chuva e a possibilidade de solicitar reconhecimento de emergência pelo Governo do Estado.
A extensionista rural da Emater em Montenegro Luiza Campos assinala que uma estiagem sempre é preocupante, em cenário amplo e em longo prazo, que ultrapassa o prejuízo financeiro. Mas de imediato, o principal fator é a redução de produtividade, que representa 90% em uma quebra de safra. O segundo é a queda de qualidade dos alimentos. Somados, resultam na perda de valor comercial. Ainda segundo Luiza, a morte de plantas é menos comum, a não ser no caso das mudas.
Maiores perdas são nas hortaliças
A situação mais grave é da produção de hortaliças, onde alguns produtores até já abandonaram canteiros. “Tem propriedades onde se pode dizer que, no momento, a perda é total”, afirma. Ao menos a característica do setor, com alternância de variedades ao longo no ano e considerável desgaste no verão, dilui as perdas.
Fruta da estação e com característica de ser muito suculenta, a produção de melancia também é fortemente afetada. Há casos de lavouras em Montenegro com quebra de até 50%, ainda que alguns tenham anteciparam a colheita. “Então a perda de produtividade não é tão grande quanto em outros municípios”, ilustra,
Para os citros o momento ainda não é de preocupação. Os próprios agricultores afirmam que precisarão de chuva constante a partir de março e abril, sendo agora o período de poda e raleio. “No momento, a maior parte dos pomares tem totais condições de se recuperar”, afirma Luiza. Ainda são poucos os relatos de queda da fruta verde e folhagem murchando.
Inverno será de silagem ruim
Além de verduras e legumes, também já está comprometida o cultivo de grãos. Aqui em Montenegro, e em todo o Vale do Caí, o milho tem perdas gerais na ordem de 50%, seja para grão como para silagem (pasto de inverno). Neste caso, agricultores que projetavam colher o alimento, ao menos, estão tirando para silagem.
“Mas se consideramos que ele plantou para ter o grão, então a perda foi de 100%,” enfatiza. E neste setor se percebe claramente desequilíbrio em longo prazo ao qual Luiza se refere. O primeiro efeito da seca é imediato, com pastagens ruim no campo e calor excessivo afetando o peso do gado e a produção de leite. O segundo efeito é que este mesmo pasto e milho subdesenvolvidos será uma silagem de baixo valor nutricional, em efeito dominó que alcançara o rebanho no inverno.
Irrigação salva parte da horta
O produtor orgânico Norberto Hass perdeu mais de 500 pés de repolho – além de outras verduras, folhas, aipim e batata doce – plantados na parte alta da propriedade em Vapor Velho, interior de Montenegro. Naquele ponto é impossível levar águas dos quatro açudes, seja pelo desnível, seja pelo sistema em larga escala se tornar caro.
“Agora estamos levando a horta para perto da irrigação”, diz, referindo-se aos canteiros na parte baixa que produz em consórcio com milho. No plantio combinado a planta maior faz sombra nas hortaliças e no solo, ajudando na retenção da água. Um processo que foi capaz graças à irrigação, e que será eficiente apenas enquanto puder houver água nos açudes, que já estão no nível mais baixo.
“Se não tivesse os açudes eu já tinha parado de fazer as feiras há tempo”, revela, afirmando que aqueles sem reservatório de água não estão mais semeando neste janeiro. E ao contrário de outros citricultores, Hass está preocupado com a safra de citros. Especialmente diante da possibilidade de perder milhares de mudas novas.