Atividades ocorrem até a próxima sexta-feira
A programação da Semana de Combate à Violência Sexual Infantojuvenil iniciou nesta segunda-feira, 15, e segue até sexta, 19. A primeira ação realizada pelo Comitê Intersetorial Municipal de Enfrentamento à Violência Sexual Infantojuvenil foi uma entrevista à Rádio Ibiá Web, abordando a prevenção ao crime. O psicólogo do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), Guilherme Manica, defende que sempre que se falar neste assunto um tabu de silêncio estará sendo quebrado. “Prevenir é falar sobre”, alertou.
Integrante do Comitê de Combate à Violência Sexual Infantojuvenil, Sandra Moraes, afirma que o principal objetivo da semana é alertar os pais e as famílias. Manica acrescenta que o foco é o diálogo aberto com as crianças. “Nosso principal trabalho é instrumentalizar, orientar e educar as crianças com conceitos da psicologia, informando sem papas na língua sobre educação sexual. A gente precisa conversar com crianças e adolescentes, então realizamos atividades com crianças a partir dos seis anos de idade em escolas”, aponta. Sandra afirma que com alguns pais o diálogo se torna um tabu, principalmente devido a questões religiosas. O primeiro passo, conforme ela, é a triagem com os pais, uma conversa sobre as crianças, para então sim chegar até os jovens.
Assunto deve ser tratado com leveza
Manica explica que são utilizados alguns métodos para falar sobre partes do corpo com os mais jovens. “Dá para trabalhar com crianças a prevenção e o cuidado com o corpo. A linguagem muda conforme a idade, mas o importante é falar sobre este assunto e com leveza e naturalidade”, destaca. “A educação sexual nas escolas é muito importante porque, ao contrário do que algumas pessoas pensam, não estimula as crianças e adolescentes a fazerem sexo. Muito pelo contrário. Ensina e estimula eles a aprenderem a se defender”, defende o psicólogo.
Guilherme afirma que há muitos casos deste tipo de violência em Montenegro. Ele relembra que o Creas atende exclusivamente pessoas com direitos violados. “Toda quarta-feira é dia de acolhimento e, de acordo com nossos levantamentos, das cinco ou seis famílias que a gente acolhe, no mínimo duas são por questões de violência sexual”, detalha. Isto sem contar com os casos que não aparecem. “A impressão que me dá, trabalhando com isso, é que tristemente, é muito mais comum que alguém tenha em algum momento sofrido uma violência sexual, ou que conhece alguém que sofreu do que não”, analisa.
Crimes virtuais
A última novela das 21h da Globo, Travessia, lidou com um caso aterrorizante de crime de violência sexual através da internet. O criminoso se passava por uma modelo que prometia a mesma vida de luxo para suas vítimas. Utilizando a inteligência artificial para enganar as meninas, o indivíduo pedia fotos íntimas todos os dias e assim consumava o abuso virtual. As cenas viraram exemplo de cuidado redobrado no virtual.
Guilherme relembra que nunca será possível ficar 100% do tempo com os jovens para saber como estão utilizando seus aparelhos eletrônicos e com quem estão falando. Por isso, ele reitera a importância de ensinar aos jovens como proceder caso alguém tente uma conversa mais íntima ou qualquer outro sinal de possível ataque. Ele explica que a violência sexual abarca o estupro de vulnerável, o assédio e o abuso sexual. Por isso, uma passada de mão, um olhar ou até mesmo uma fala já podem ser abusivos.