Em meio às adversidades enfrentadas pela população gaúcha, com as recentes enchentes exacerbando as dificuldades econômicas, um novo relatório da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) lança luz sobre a situação financeira das famílias brasileiras. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada no dia 4 de maio, o percentual de famílias brasileiras endividadas se manteve estável em 78,3% em abril deste ano, igualando-se ao mês anterior, mas apresentando um leve aumento em relação aos 77,7% registrados em abril de 2022.
A CNC projeta que essa taxa de endividamento se mantenha nos próximos dois meses, com uma expectativa de leve alta para 78,4% em julho. O estudo aponta ainda que a inadimplência, caracterizada pelo atraso no pagamento de dívidas, afetou 29,1% das famílias, uma redução em relação aos 29,4% de março, mas ainda acima dos 28,6% observados no mesmo período do ano passado, com a classe média sendo a mais impactada.
O levantamento revela também que 11,6% das famílias acreditam não ter condições de quitar suas dívidas, um aumento comparado tanto ao mês anterior (11,5%) quanto a abril de 2022 (10,9%). “Os juros elevados continuam a ser um obstáculo para aqueles que buscam sair da inadimplência, especialmente para os que estão nessa situação há mais tempo”, afirma Izis Ferreira, economista da CNC. Ela destaca que 45% dos consumidores inadimplentes em abril enfrentavam atrasos superiores a três meses.
Em uma tentativa de gerenciar dívidas mais onerosas, como as do cartão de crédito rotativo, muitos consumidores têm recorrido ao crédito pessoal, que registrou o menor aumento de juros, com uma média anual de 42%. A pesquisa indica que 86,8% dos endividados possuem dívidas no cartão de crédito, enquanto 9% recorreram ao crédito pessoal, marcando o uso mais elevado dessa modalidade em um ano e superando os últimos seis meses.
Este panorama financeiro desafiador, agravado pelos recentes desastres naturais, sublinha a necessidade de estratégias eficazes para o manejo de dívidas e a importância de políticas de apoio às famílias afetadas, tanto em nível estadual quanto nacional.
Fonte: Agência Brasil