Entraves nas licitações atrasam obras
Nessa quarta-feira, 29, o plenário da Câmara de Vereadores foi tomado por um assunto que tem gerado polêmica: os problemas estruturais e a fossa a céu aberto na Emei José Flores Cruz, no bairro Aeroclube. Na reunião, proposta pelo vereador Talis Ferreira (PP), a comunidade escolar esteve presente com a diretoria da escola, pais de alunos e representantes do Círculo de Pais e Mestres (CPM).
Ainda, o engenheiro civil e assessor especial da Secretaria de Obras, Orlando Aguilera, o diretor de projetos da Prefeitura Daniel Vargas de Oliveira e a chefe do serviço de Vigilância Sanitária Beatriz Garcia também participaram da reunião, junto de representantes da Secretaria Municipal de Educação e Cultura. Talis afirmou que o secretário de Viação e Serviços Urbanos, Neri de Mello Pena, o Cabelo, foi convidado para a reunião, mas não se fez presente. Após contato, Cabelo informou ao Ibiá que sua secretária não tem estrutura para realizar as obras em questão e que quem responde é a Secretaria de Obras.
Talis destaca que há muito tempo existem protocolos em caráter de urgência sobre as demandas da escola e nada é resolvido. “Se esperarmos a parte burocrática, cai tudo aquilo lá”, disse, se referindo às salas de aulas sustentadas pelas vigas que estão esfarelando. “Precisamos sair daqui com uma resposta para a comunidade escolar. Caso nada seja feito, vamos ao Ministério Público, porque do jeito que está não dá pra ficar”.
A diretora da escola, Alice Amanda Nedel, afirma que as duas situações são problemas que se arrastam de anos. “Estamos informando a Prefeitura através de documentação faz muito tempo. Não queremos achar os culpados por as coisas estarem como estão, só queremos solução. Não precisava ter chegado neste ponto. Com a fossa e a estrutura do jeito que estão é desumano. Assim não dá para ficar”, enfatiza.
Orlando Aguilera explica que quanto à fossa, a licitação está aberta desde fevereiro e que o edital encerra já neste dia 5 de abril. O valor aproximado repassado na reunião é de R$ 71 mil. Segundo ele, tendo empresas interessadas e habilitadas, a obra, que deve ser rápida, já inicia. Quanto aos problemas estruturais dos pilares que sustentam as salas de aula, está previsto o reforço com estrutura metálica. Orlando afirma que o projeto está sendo licitado, em um investimento de R$ 65,49 mil. Porém, o andamento está dependendo do retorno das empresas sobre os orçamentos. Foi estipulado um prazo de dois meses para que a situação tenha alguma resolução.
Indignação e insegurança: pais querem respostas
Quanto às salas de aula, o Ibiá já havia noticiado, na última semana, que duas delas já foram interditadas por estarem cedendo ao centro. Os pais presentes questionaram se as demais salas, também sustentadas pelos pilares, não correm risco de desmoronamento. Segundo Orlando, sem sobrecarga, o risco é inexistente. Outro medo compartilhado pelos pais é quanto ao cronograma de obras na instituição. “Se for colocar máquina lá dentro para fazer primeiro a fossa, a escola vem abaixo”, opina Paulo Cabral, membro do Círculo de Pais e Mestres. Daniel, diretor de projetos, ressalta que será analisada a melhor forma de realização do cronograma de obras levando a questão em consideração.
Os pais também questionaram sobre a possibilidade de algo ser feito em caráter de urgência, sem a espera da licitação, que tem diversos trâmites burocráticos. Daniel se comprometeu em cobrar agilidade das empresas. “Iremos dar o máximo de celeridade aos processos”, afirma. Ele também prometeu aos pais que ainda nesta semana, de imediato, será realizada nova vistoria na escola com, pelo menos, colocada de nova lona sob a fossa que está coberta com um tapume. “Vamos vistoriar com um olhar mais crítico”, diz.
Juliani Hansen da Motta, que cedeu entrevista ao Ibiá na última matéria publicada, é mãe de aluno e membra do CPM da escola. Para ela, o maior sentimento é de decepção. “É feio ter que implorar que olhem para a nossa escola, só porque ela não fica em local de vitrine na cidade. É triste e decepcionante”, desabafa. Ela ainda fez um apelo aos órgãos responsáveis. “Que vocês dêem o máximo de vocês, como fossem seus filhos que estão lá”, pontua. “Vão esperar uma tragédia acontecer para resolver? Uma sala tem muitas crianças e não podemos culpar uma professora, mas imagina se um dos pequenos sai do local e cai na fossa, ou se o prédio acaba caindo? Como fica?”, argumentou a mãe de outro aluno, Patrícia Quadros.
Vigilância Sanitária foi questionada
Talis lembrou as atribuições da Vigilância Sanitária quanto se trata de saúde pública. As ações do órgão dirigem-se ao controle de bens, produtos e serviços que oferecem riscos à saúde da população. “Se isso não é um grande problema de saúde pública eu não sei o que é. Por que a vigilância não emitiu um laudo dizendo de que os alunos estavam expostos naquele local a condições insalubres?”, indaga. A mãe Juliani também lamentou a grande falta de apoio por parte da Vigilância Sanitária. Em resposta, a responsável Beatriz Garcia argumentou. “Não fizemos nada porque esgoto não é da nossa competência”.