Preço do combustível “comum” já chega aos R$ 4,89 em alguns postos
Se você ou sua família é dono um dos quase 44 mil veículos que circulam por Montenegro, o Seu Bolso desta semana é de seu interesse. Fomos pesquisar e está mais do que claro que o alívio no preço da gasolina verificado no início de 2019 já está longe da atual realidade. Na manhã de ontem, dia 7, os postos da área urbana do Município praticavam o preço médio de R$ 4,80 para o combustível do tipo comum. Em pouco mais de um mês e meio, a alta foi de R$ 0,45 (10,34%).
Ainda não chegou ao assustador patamar de 2018, onde alguns estabelecimentos chegaram a ultrapassar a marca dos R$ 5,00, mas também não está longe. A gasolina comum já alcança os R$ 4,89 na cidade, enquanto a aditivada está nos R$ 4,94, o que vem pesando no bolso dos motoristas e, por tabela, aumentando o custo de produtos e serviços que dependem do combustível para serem transportados.
Nessa situação, cabe uma dica que aparece bastante por aqui, mas sempre é válida:a pesquisa de preços faz a diferença. Ontem, a comum mais barata estava em R$ 4,60. De uma ponta a outra, a variação no preço do produto chegava aos 6,5%. Parece pouco, mas ao encher um tanque de 55 litros, por exemplo, o valor poupado é de R$ 16,00. Então, achou um preço mais em conta por aí? Avise aos amigos.
Peso dos tributos chega a 44%
Ajustes nos tributos federais sobre os combustíveis – o PIS, o COFINS e a Cide – costumam ser usados pelo governo como ferramentas de controle dos preços e também de arrecadação. Foi congelando o PIS e o COFINS do diesel no ano passado, por exemplo, que o presidente Michel Temer conseguiu atender a uma das exigências dos caminhoneiros durante a paralisação de maio para baixar os valores. Em 2017, foi subindo a alíquota das contribuições do produto que o mesmo governo tentou aumentar a arrecadação aos cofres públicos.
Tudo isso pesa bastante. Dados do site da Petrobras mostram que, hoje, 15% do valor da gasolina nas bombas dos postos se refere aos tributos federais. Fica ainda pior quando isso é somado ao estadual: o ICMS.
Sendo o de maior peso, este imposto é calculado pelo Estado no regime de Substituição Tributária por pauta. Em resumo, as refinarias recolhem todo o imposto através de um valor que é presumido pelo governo em cima do que é praticado nas demais etapas do comércio (distribuidoras e postos de combustíveis). Essa presunção é atualizada quinzenalmente e vem passando por altas consecutivas. Conforme a Petrobrás, o peso disso no valor da gasolina é de, em média, 29%.
Colocando na ponta do lápis, ao encher um tanque de 55 litros de gasolina comum, ontem, em Montenegro, nós, motoristas, pagamos R$ 264,00 de acordo com o preço médio praticado. Daí, R$ 116,16 foi de imposto.
O resto? Valor do combustível para a refinaria, custos com transporte (que, ironicamente, precisam de combustível), custos com funcionários de distribuidoras e postos, margens de lucro de cada estabelecimento e afins.
Pela lógica do livre comércio, cada posto tem liberdade para precificar o produto que vende. O que também acaba por interferir nesse preço é a concorrência local. Informações da Sulpetro indicam que vem sendo desafiador para os estabelecimentos abraçar todos os custos, ter lucro e ainda manter um preço competitivo para se diferenciar diante dos demais.
PETROBRAS – A Petrobras responde, hoje, por 98% do petróleo refinado no Brasil. Tudo começa quando o petróleo bruto é extraído nas plataformas, transportado para os terminais no litoral e, então, mandado para as refinarias para ser transformado em gasolina e outros subprodutos. Hoje – embora já tenha anunciado interesse na venda de algumas – a estatal tem 13 refinarias pelo país que trabalham nisso. Refinado, o combustível vai para as distribuidoras, onde a gasolina recebe a adição de etanol e se transforma na “gasolina comum”.
REAJUSTES – Seguindo sua política de reajustes, as altas acumuladas nas refinarias já passam dos 30% em comparação com o último valor de 2018. Hoje, a gasolina está saindo por R$ 2,029 da Refinaria Alberto Pasqualini, em Canoas.
83º LUGAR – No ranking internacional, o Brasil está na posição 83 entre os 164 países com a gasolina mais cara do mundo. Esse levantamento é realizado pela Global Petrol Prices, que é usada como referência pela Petrobras.
MERCADO EXTERNO – Desde 2017, o preço do combustível nas refinarias tem nova política de preços, sendo atualizado conforme as cotações internacionais. Em relação ao mercado externo, embora a maior parte do combustível seja vendido no Brasil, a estatal também trabalha com exportação. Além disso, há petróleo que precisa ser importado devido a especificidades técnicas para o refino.
INTERVENÇÃO – O governo federal pode intervir na Petrobras como forma de controlar os preços, mas isso nem sempre é positivo, visto que compromete o caixa da empresa e não é bom sinal para investidores. A Petrobras acumulou mais de R$ 70 bilhões em prejuízos entre 2014 e 2017 – um reflexo da Operação Lava Jato e também de intervenções do tipo. A presidente Dilma foi uma que utilizou da ferramenta como tentativa de controlar a inflação do país. Neste ano, o presidente Bolsonaro tentou seguir na mesma linha. Mas ao determinar que a estatal suspendesse um aumento no diesel, a petroleira perdeu R$ 32,4 bilhões em valor de mercado. O chefe do Executivo já afirmou que não deve voltar a intervir.