Doenças alérgicas merecem atenção no Verão

O Verão inicia oficialmente apenas na próxima semana, dia 22 de dezembro mas os termômetros já estão mostrando que a Estação será bastante quente. Sol, calor, natureza, água e roupa fresca é o que muitos esperam o ano todo, mas é preciso estar atento também a saúde nesta época. Neste momento, as doenças alérgicas são muito comuns e ainda pouco debatidas. Porém, é preciso ter mais cuidado e ficar alerta aos sintomas. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 30% da população brasileira possui algum tipo de alergia. Para aqueles que apresentam sintomas alérgicos, o Verão costuma ser um período delicado, gerando crises, desconfortos e até mesmo atrapalhando um momento que remete ao lazer e às férias.

As altas temperaturas podem provocar o que é conhecido como alergia ao calor, que pode acometer em qualquer idade. No entanto, esse tipo de alergia não se refere somente à exposição solar, podendo ser causada pelo exercício físico intenso, pelo banho quente, pela ingestão de alimentos picantes e até mesmo pelo estresse e forte ansiedade.

Quando o corpo tem sua temperatura elevada, as glândulas sudoríparas écrinas, que estão presentes em todas as regiões corporais, produzem o suor, composto por água e sais minerais, como uma resposta imune. Nesse caso, a pessoa pode sofrer com a alergia ao suor, também chamada de urticária colinérgica, causando edemas e vermelhidões na pele. Em bebês e crianças, o calor excessivo pode provocar a “brotoeja” e o surgimento de assaduras. É importante toda a atenção e o cuidado maior dos pais em dias
quentes para proteger os pequenos de qualquer tipo de anomalia.

Os sintomas da alergia ao calor em adultos são diversos. Os mais comuns aparecem como, coceira, inchaço na pele, queimação, manchas vermelhas e pequenos caroços. Já em casos mais graves, a pessoa pode ter náuseas, diarreia, sentir dor abdominal, além de ter dificuldade para respirar e salivação. Abaixo, confira algumas das principais alergias comuns no Verão.

Rinite alérgica
Outro tipo de alergia que se correlaciona ao calor é a rinite alérgica, que causa uma inflamação nas mucosas do nariz. Ela é uma das alergias mais comuns que atingem as vias respiratórias e é desencadeada pela exposição a substâncias alérgenas, como polén, poeira, ácaro, epitélio de animais ou, ainda, pelo ressecamento das mucosas, causado pela baixa umidade do ar.

Foto: freepik

Acredita-se que a rinite acontece mais no Inverno, quando as doenças respiratórias são mais constantes, e na Primavera, por causa do aumento de pólen no ar. No entanto, a rinite alérgica também é bastante comum no Verão e, com o calor, alguns sintomas, como dor de cabeça, congestão nasal e coriza, podem se tornar mais intensos. A rinite se caracteriza pela reação exagerada do organismo, por meio da liberação de uma substância chamada histamina, a algum elemento que, para outras pessoas (sem alergia), habitualmente são inofensivas. No caso da rinite, há uma forte irritação das mucosas do nariz, dos seios da face e dos olhos.

As principais causas da rinite alérgica são a exposição ao vento direto de ventiladores, exposição às baixas temperaturas em ambientes com ar condicionado, falta de limpeza e manutenção dos mesmos, mudanças bruscas de temperaturas entre outras.

Dermatite atópica infantil
A dermatite atópica é uma doença de pele comum em crianças. Ela deixa a pele muito seca, eventualmente apresentando crostas, descamação, erupções e muita coceira. No Verão, a dermatite atópica pode ser agravada pelo contato com suor, areia e exposição a substâncias alergênicas. A pele das crianças com essa condição é mais seca e sensível, por isso, a hidratação é essencial. Use produtos específicos, sem fragrância e hipoalergênicos. Os principais sintomas são lesões, manchas e bolhas na pele.

Em crianças, ela geralmente aparece a partir dos três meses de idade: 85% dos casos surgem ao longo do primeiro ano, podendo chegar a 95% antes dos 5 anos, persistindo durante toda a vida. Contudo, é comum que essa doença entre em remissão na adolescência e retorne novamente na idade adulta, de forma menos intensa, ou desapareça completamente em 75% dos casos. Nos bebês, a dermatite atópica afeta o rosto, o pescoço, as dobras das pernas e dos braços. Nos adolescentes, as regiões mais atingidas são o tronco e as pernas.

Embora a causa específica não seja conhecida, vários fatores precedem as crises. O principal é a combinação de pele ressecada com um sistema imunológico deficiente. Outro ponto importante nessa enfermidade é a sua condição hereditária, ou seja, se um dos pais tem alguma atopia (rinite, asma ou dermatite) a criança terá 25% de probabilidade de desenvolver dermatite atópica. Caso ambos apresentem essas doenças, as chances de a criança reproduzir o quadro são de 50%.

Urticária
A urticária é uma irritação cutânea caracterizada por lesões avermelhadas e levemente inchadas, como vergões, que aparecem na pele e coçam muito. Essas lesões podem surgir em qualquer área do corpo, ser pequenas, isoladas ou se juntarem e formar grandes placas avermelhadas, com desenhos e formas variadas, sempre acompanhadas de coceira. Aparecem em surtos, podendo surgir em qualquer período do dia ou da noite, durando horas e desaparecendo sem deixarem marcas na pele.

O sintoma mais comum é a coceira intensa, mas as lesões podem provocar a sensação de ardor ou queimação. Pode ocorrer inchaço rápido, intenso e localizado, que atinge normalmente pálpebras, lábios, língua e garganta. Este inchaço é chamado de angioedema e, algumas vezes, por dificultar a respiração, constitui risco de vida. Também existe uma complicação chamada anafilaxia, na qual a reação envolve todo o corpo, causando náuseas, vômitos, queda da pressão arterial e inchaço na garganta, provocando dificuldade para respirar. Esses casos são graves e precisam de atendimento de emergência.

Se você já sabe o que desencadeia os surtos de urticária, afaste-se dele. Essa é a maneira mais segura de prevenir as crises. Além disso, não coce a pele, aplique compressas frias sobre as lesões e não se automedique.

Previna-se das alergias
– Evite exposição solar entre 10h e 16h
– Beba bastante água
– Tome banho rápido com água morna e com quantidade moderada de sabonete
– Utilize sabonetes líquidos infantis
– Evite buchas no banho
– Hidrate a pele após o banho e pelo menos mais uma vez ao dia
– Opte por produtos hipoalergênicos
– Priorize roupas leves de algodão
– Lave as roupas com sabão líquido, sem amaciante
– Remova as etiquetas das vestimentas
– Faça lavagens nasais com soro fisiológico para hidratar as mucosa
– Limpe bem a casa ou o ambiente que irá utilizar
– Opte por aspirar e passar pano úmido em vez de varrer os locais;
– Use capas anti-ácaros em colchões e travesseiros
– Busque auxílio médico assim que possível, e não abandone o tratamento após o Verão.

Dermatite de Contato ou Eczema
Entre as alergias de Verão, a dermatite de contato, também chamada de eczema de contato, é um tipo de reação inflamatória da pele provocada pela exposição a agentes alergênicos que causam irritação e alergia. Os pacientes podem desenvolver dois tipos de dermatite de contato: irritativa e alérgica. No primeiro caso, trata-se de uma reação provocada pelo contato com substâncias ácidas ou alcalinas, comumente presentes em materiais de limpeza pesada e demais substâncias químicas. Por outro lado, a dermatite de contato alérgica caracteriza-se pela exposição prolongada a determinado produto ou substância.

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Os principais sintomas da dermatite de contato podem variar de acordo com cada paciente, entretanto, é bastante comum a sensação de ardência e queimação da pele, bem como coceira intensa. Na maior parte dos casos, a doença pode surgir de modo repentino ou até mesmo muito tempo após o contato com substância potencialmente tóxica ao organismo. Sendo assim, o diagnóstico da doença torna-se mais difícil, já que o agente causador da irritação pode não ser conhecido. Na dermatite irritante, por sua vez, os sintomas são mais brandos, já que apresentam pouco prurido e uma sensação de dor e queimação mais discreta. A pele ganha um aspecto mais seco, áspero e avermelhado.

Conjuntivite alérgica
Durante o Verão, é comum que o globo ocular fique mais seco, o que aumenta o risco para a conjuntivite alérgica. Esse distúrbio é uma irritação da conjuntiva, a membrana que reveste o olho e o protege. Coceiras, vermelhidão e inchaço ao redor do olho afetado estão entre os sintomas. Há pelo menos quatro tipos conhecidos de conjuntivite alérgica: sazonal, perene, primaveril e infecciosa. A sazonal quase sempre é provocada por esporos de fungos ou pólen de árvores, flores e plantas. Ela se desenvolve durante a primavera e o início do Verão. Já a perene surge o ano todo, por conta de ácaros encontrados em pelos de animais e até mesmo na poeira. A forma mais grave ocorre por meio da ceratoconjuntivite primaveril, uma vez que não se conhece o alérgeno.

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É mais comum nos meninos com idade entre 5 e 20 anos que sofrem de eczema, asma ou alergia sazonal. Ela reaparece na Primavera e some durante o outono e inverno. Para tratar desse problema, é preciso lavar bem a região, com água corrente e fresca, além de fazer compressas com algodão e água quente, e usar colírios lubrificantes. A conjuntivite infecciosa, diferentemente das alérgicas, é causada por um vírus ou por bactérias.

Alergia a picada de insetos
Pele exposta em clima quente e úmido são um prato cheio para picadas de insetos. Picadas de mosquitos e borrachudos podem causar reações locais, como coceira e inchaço na pele das crianças. Nesses casos, especialistas podem recomendar o uso de pomadas antialérgicas. Já as picadas de formigas, vespas e abelhas podem desencadear reações alérgicas mais graves, como a anafilaxia. Nestes casos, é essencial procurar atendimento médico imediatamente.

E quando o protetor solar e o repelente causam alergias? Sim, isso pode acontecer e o que era para prevenir, acabar causando o problema. Algumas substâncias presentes em sabões, xampus, perfumes e mesmo em protetores solar e repelentes de insetos podem desencadear irritação ou alergia de contato na pele das crianças. Uma criança que passa menos protetor solar e repelente ao longo do ano pode ter algum tipo de reação na pele quando passa a usar esses produtos no Verão. Porém, vale ressaltar a importância de proteger a pele dos pequenos. Dê preferência a produtos hipoalergênicos e observe como a pele responde à utilização.

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