“A arte salva, a música salva”
“A arte salva, a música salva”, afirma Antônio Marcus Teixeira, 52 anos, mais conhecido como Fumanchu, ao justificar sua paixão por diversos campos artísticos. Popular em Montenegro, o artista se destaca tanto como cantor de heavy metal quanto como escultor de obras únicas feitas com materiais recicláveis, como madeira e metal. Ele transforma objetos que seriam descartados em verdadeiras peças de arte, deixando sua energia fluir.
Desde pequeno, Fumanchu trouxe a vocação para a arte de berço. Aos quatro anos, já se encantava com música e literatura, incentivado pelos livros que seus pais liam para ele. Aos oito anos, teve a certeza de que sua relação com a música iria além de apenas ouvir. “Em um trabalho de escola, a professora pediu que os alunos levassem objetos de suas casas, e um colega levou um disco de vinil. Me apaixonei ao ver aquilo”, relembra.
Natural de Caçapava do Sul, Fumanchu viveu em várias cidades, incluindo Balneário Camboriú, mas escolheu Montenegro para fixar raízes e se dedicar ao mundo das artes. “Trabalhei no setor privado, mas sentia algo sufocado dentro de mim. Então, saí e passei a me dedicar à arte”, revela.
No cenário musical, em 1994, Marcus fundou a banda Nonconformity. Após o fim do grupo, ele se envolveu em outros projetos musicais e integrou a banda Revogar, de Esteio, e a Steel Grinder, de Porto Alegre.
Autodidata, sem formação superior, criativo e ávido por explorar suas potencialidades, Fumanchu também se dedicou ao teatro e ao artesanato.
O caminho criativo trilhado pelo artista
“Eu passava na frente do cinema, onde artesãos vendiam seus produtos, e pensava que também poderia fazer aquilo”, conta Fumanchu. Ele começou fazendo brincos, depoi, passou a fazer filtros dos sonhos e não parou por aí.
“De repente, resolvi trabalhar com madeira e comecei a criar peças. Foi então que surgiu a oportunidade de trabalhar no cinema, um lugar que sempre gostei, tanto que trabalhava aqui em frente. O Universo me colocou aqui. Comecei a trazer minhas peças, expor e vender no cinema”, relata.
A sensibilidade no olhar é uma marca característica do artesão. “Eu olho para um tronco de árvore, por exemplo, e vejo um rosto. Aí é só esculpir e transformar em trabalhos como esses que vocês podem ver aqui no cinema.”
“As pessoas ainda pensam que a arte é apenas o valor material da obra. Para o artista, é importante quando alguém chega e pergunta o que aquela peça representa, em que ele se inspirou para fazer. Tem que existir interação, às vezes o dinheiro nem é o principal. O problema é que as pessoas ainda estão distantes, não querem saber o que te levou a fazer aquela arte”, lamenta Fumanchu.
Fumanchu pede maior apoio e espaço para a Arte
Fumanchu expressa preocupação com a falta de apoio aos artistas e artesãos. Ele destaca que não é vinculado a nenhuma associação e acredita que poderia estar em uma situação melhor. Apesar do apoio de várias ONGs, Antônio Marcus sente que falta um olhar mais atento para a arte em Montenegro. Ele acredita que os espaços na cidade poderiam ser melhor aproveitados para promover o trabalho dos artistas locais.
Fumanchu observa que existem artistas que realmente querem mostrar seu trabalho e não têm espaço. Ele ressalta a importância de haver mais apoio e oportunidades para todos, permitindo que a arte seja mais valorizada e reconhecida na comunidade.