PARTE do acervo do Arquivo e do Museu Histórico será realocado na Estação da Cultura
Uma força-tarefa composta por voluntários, organizados pela Diretoria de Patrimônio Histórico e Cultural de Montenegro, trabalha na recuperação dos acervos do Museu Histórico Nice Antonieta Schüler e do Arquivo Histórico Maria Eunice Kautzmann. A enchente também atingiu os dois prédios históricos. “Parte do acervo que estava na parte mais baixa dos armários foi erguida na terça, 30 de abril, à noite. Então não tivemos perdas significativas. Acredito que, em torno de 90 a 95% do nosso acervo está a salvo”, comenta a diretora da DIPAHC, Juciele Paz. Agora, a equipe trabalha na desocupação total do Arquivo Histórico para que os documentos sejam arejados e secos.
O Arquivo preserva a história política, social, econômica e de fundação de Montenegro. Entre os diversos livros que lá estão, constam os que registram a chegada dos primeiros imigrantes italianos, que fundaram as Colônias Princesa Isabel e Conde D’Eu, dando origem aos municípios de Bento Gonçalves e Garibaldi.
Assim que a água da enchente baixou, um grupo de voluntários iniciou o processo de limpeza do Arquivo e do Museu, com orientação da DIPAHC. “Nós tivemos a colaboração e apoio do Movimento do Patrimônio Histórico, Conselho de Cultura, agricultores de Campo do Meio e do Maratá, que vieram com água pra cá, nos ajudar na limpeza. Além deles, amigos e a minha família que está comigo desde a terça-feira, antes da enchente”, ressaltou Juciele.
O acervo, que vem sendo retirado do Arquivo, está passando por uma curadoria voluntária, feita pela museóloga Tania Cappra, que vem separando os documentos um a uma para que eles passem pelo processo de secagem. Conforme Juciele, o Arquivo Histórico vai continuar fechado e o acervo vai ocupar salas da Estação da Cultura, neste primeiro momento. “Até que tenhamos um outro local, estes documentos que estão sob a guarda do município ficarão conosco no Complexo da Estação da Cultura. Por isso, pedimos a compreensão de toda a comunidade que tem salas agendadas para reuniões conosco. Hoje parte delas estão ocupadas pelo nosso acervo”, afirma. O Município também está dialogando com o Movimento do Patrimônio Histórico para que se faça a retirada total do acervo do Museu Histórico.
Um trabalho de resgate e preservação
Em meio aos desafios impostos pela enchente, o Arquivo Histórico Municipal se viu em uma corrida contra o tempo para preservar os documentos atingidos pela água e umidade. Nesse cenário de urgência, a atuação de voluntários como a museóloga Tânia Cappra ganha destaque, trazendo esperança e determinação para o processo de recuperação. “Estamos separando em unidades para que a gente seque os documentos. Precisamos que seja tudo bem organizado para voltar para os arquivos originais depois”, explicou Tânia. O desafio é constante, pois além da umidade, há o risco de surgimento de fungos e outros danos.
A voluntária ressaltou a importância do cuidado e destacou a sensibilidade necessária para lidar com os documentos históricos. “Para poder manusear, a gente precisa de luvas, o que evidencia a delicadeza do processo”, relata. Além da preocupação com os documentos do Cartório Eleitoral, Tânia também mencionou a recuperação de outros materiais, como fotografias, mapas e plantas. “Cada item resgatado representa um pedaço da história da cidade, um testemunho vivo do passado que precisa ser preservado para as gerações futuras”, pontua.
Ao abordar a motivação por trás de seu envolvimento, Tânia compartilhou a jornada solidária que a levou ao trabalho voluntário. “Esses documentos representam a vida do cidadão que já viveu aqui no nosso Município, e isso vai ficar para a posteridade, para contar a nossa história”, enfatizou. Ela também expressou sua esperança de que o trabalho de recuperação traga resultados positivos e que, em breve, os arquivos históricos possam ser disponibilizados novamente à comunidade. “É um trabalho que precisa ser feito, porque esses documentos preservados são a valorização da nossa história”, conclui.