Depois da estiagem, a chuva em excesso

Prejuízo. Ciclone e enchente derrubaram expectativa de colheita dos citros

Os fenômenos naturais combinados na semana dos dias 14, 15 e 16 de junho também causaram estragos na agricultura do Vale do Caí. Especialmente a citricultura vai arcar com perdas na produção, quando já comemorava uma pequena recuperação em relação ao impacto das terceira estiagem seguida. Há perdas pontuais na cultura de hortaliças; que, todavia, têm capacidade de reposição.
Avaliação na região administrativa da Emater/RS-Ascar Regional de Lajeado, que inclui o Vale do Caí, no período de 26 de junho a 02 de julho, revela os impactos do fenômeno. As condições climáticas que vinham se estabilizando – com chuvas normais e a recuperação da umidade no solo – foram alteradas pela passagem do ciclone extratropical.

Segundo o extensionista da Emater responsável pelo setor, Marcos Schafer, foram confirmadas inundações de pomares em locais baixos e estragos provocados pela enxurrada e ventos fortes. Os municípios que mais sofreram foram Bom Princípio, Pareci Novo, Harmonia, São José do Hortêncio, São Sebastião do Caí e Montenegro, com perdas diretas nos pomares entre 20 a 30% das variedades intermediarias; o que representa de 4 a 8% da produção total de 2023.

Houve danos indiretos fisiológicos no aspecto e qualidade dos frutos em maturação ou já maduros. Estes efeitos se somam a redução da produção causada por três anos de estiagens. Ao menos nas variedades tardias essa influência, assim como os danos indiretos do ciclone, será praticamente imperceptível.

Efeito na Montenegrina só na colheita
Em Montenegro, o escritório da Emater-Ascar e a Secretaria de Desenvolvimento Rural estimam perdas de 15% a 20% na citricultura (produtividade e qualidade). Os alagamentos deixaram resíduos nos frutos, derrubando seu preço de mercado; mais significativo nas variedades Caí, Pareci e Ponkan. Os cultivos de Montenegrina e Murcott também deverão cair, mas números definitivos somente poderão ser selados quando iniciar essa safra ‘do tarde’, em agosto.
As lavouras foram afetadas de formas diferentes, com ocorrências de ‘stress hídrico’ devido ao acumulado de chuva em 48 horas; alagamentos pontuais e enchente naquelas margeadas ao Rio Caí. No setor de hortaliças (Olericultura), segundo os órgãos, a perda é mínima, de 5% a 10% em relação à produtividade anual. Isso devido à característica desta cultura, que não é restrita à colheita única.

As hortas plantadas tiveram ação das precipitações contínuas e ventos fortes. “A ação direta da constância das gotas das chuvas nas plantas, como pelo alagamento das áreas de produção, comprometeram a possibilidade de venda”, diz o relatório, assinado pela extensionista da Emater, engenheira agrônoma Luísa Leupolt Campos; e pelo engenheiro agrônomo do Município, Felipe Kayser Lampert;

Mas diante das perdas, sobretudo nos pomares, não há o que o agricultor possa fazer neste momento. “Tem que deixar o solo drenar, recuperar plantas de coberturas e estruturas”, explica Luísa. Esses registros – entre 19 e 23 de Junho – são relativos a 10 localidades, com perdas variáveis, somando R$ 3.259.760,00.

Maratá e São José do Sul
– Em Maratá, a Emater estima perdas, em torno de, 15% na citricultura. Segundo a chefe do escritório local, Mariane Conrad Karlinski, a quebra de safra está relacionada aos alagamentos de pomares e o excesso de umidade.
– No município de São José do Sul não haverá perdas na agricultura devido ao ciclone de junho. Houve, no entanto, danos na pavimentação em estradas de diversas localidades, deslizamento de terra nas estradas e isolamento temporário de famílias devido a arroios que transbordaram.

Brochier tem perda de 35% no geral
Em todas as cidades do Vale do Caí houve prejuízos na Zona Rural. Brochier não chegou a realizar levantamento preciso, mas estima que na área de Citros teve perdas relativas a 35% na média das variedades. Algumas estão prejudicadas na qualidade e na produção, tais como as bergamotas Caí e Murgot. e outras precoces. Outras espécies tardias houve perdas menores.
Segundo Gilberto Büttenbender, secretário de Agricultura do Município, nestas variedades ‘do cedo’ houve perdas de até 70%. Elas foram afetadas pelas chuvas em demasia, mas, antes disso, já havia uma parte por conta das geadas no início de junho. “Nas cheias houve perdas consideráveis nas lavouras”, define. Mas o secretário recorda ainda das perdas no Patrimônio Público, como da praça de Pinheiro Machado.

Pareci Novo perdeu na produção leiteira
Em Pareci Novo, o excesso de chuvas deixou um prejuízo total na ordem de R$ 10.476.500,00. A citricultura foi muito afetada, especialmente nas mudas de laranjas e bergamotas. Danos também no cultivo de Aipim e na bovinocultura de leite. Nas propriedades visitadas pela Secretaria de Agricultura e Emater, cerca de 250 hectares de pomares foram cobertos pela inundação dos Arroios Despique e Maratá e do Rio Caí.

Citricultores de Pareci também tiveram frutas no chão. Foto: Secretaria de Agricultura

As perdas estimadas na produção de citros são de 1.964 toneladas por hectare (ton/ha): variedades, Pareci 338 ton/ha; Ponkan 1.245 ton/ha; Murcott 56 ton/ha; Montenegrina 1.078 ton/ha; além de laranja 1.263 ton/há e limão 91 ton/há. Em dinheiro, o prejuízo alcança R$ 10.404.100,00; enquanto de mudas cítricas e na plantação de Aipim o prejuízo é de R$ 18.400,00
No setor de gado leiteiro há queda de 21.600 litros, o que representa, em torno de, R$ 54.000,00 perdidos. Neste seguimento os efeitos do ciclone e da enchente são com pastagens inundadas, restando barro e detritos no campo, levando ao gado a não comer por vários dias.

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