EVENTO da Cufa aborda problemáticas e potencialidades femininas no Polivalente
Durante essa segunda-feira, 11, na Escola Estadual Dr. Paulo Ribeiro Campos (Polivalente), a Central Única das Favelas (Cufa) Montenegro, promoveu um grande evento que reuniu mulheres de poder de várias esferas para falar sobre problemáticas femininas. Nessa ocasião, integrantes do núcleo de mulheres Maria Maria da Cufa, em parceria com o Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres, Comitê em Frente Mulher RS, 5º Batalhão da Polícia Militar, Prefeitura, Defensoria Pública e Unisc, abordaram o tema “Mulheres: Inúmeras Possibilidades”. Ponto alto do dia foi a apresentação dos dados da Cufa sobre uma pesquisa realizada em parceria com a Associação Isokan sobre a “violência doméstica com mulheres de favelas e periferias vulneráveis de Montenegro”.
Os dados foram coletados por meio de entrevistas pessoalmente e on-line entre janeiro e fevereiro, com 240 formulários aplicados, totalizando 200 participantes que responderam. Participaram da pesquisa mulheres dos bairros Aeroclube (6,5%), Santa Rita (1%), Estação (13%), Travessa Steigleder (7,5%), Imigrantes (6,5%), Industrial (6,5%), Cinco de Maio (7,5%), Serra Velha (1%), Esperança (29%), Passo da Serra (3%), Centenário (1%), Panorama (2%), Alfama (1%), Santo Antônio (7,5) e São Paulo (1%). Das participantes, 66% têm o ensino fundamental incompleto; 29% têm o ensino médio incompleto; 4% o ensino médio completo; 1% o ensino superior incompleto e 1% ensino superior completo.
“Os dados são assustadores”
Carliane Pinheiro, coordenadora do núcleo Maria Maria, destaca que os dados coletados mostram a realidade das mulheres de periferias da cidade. Kaká enfetiza a questão da educação, já que 66% das mulheres têm até mesmo o ensino fundamental incompleto. Outro ponto de atenção é a dificuldade de acesso aos locais para denúncia de mulheres que estão sofrendo alguma violência para pedir a medida protetiva. “Os dados são assustadores, por isso é importante trazê-los. 70% destas mulheres sofreram alguma violência e somente 30% denunciaram. Quais são as entraves para elas não estarem conseguindo denunciar?”, indaga.
Ainda, através dos dados é possível ver que muitas que denunciaram não pediram a medida protetiva. “Esta mulher está em risco”. 41% das mulheres (a maioria) sofreu violência física, por isso Kaká alerta: “Quanto essa mulher sofreu antes de chegar nesta violência?”, alerta. Isso porque, é muito difícil que uma violência inicie com a física. Antes dela, há violência moral, psicológica, patrimonial e sexual, por exemplo.
E deste assunto, a delegada Cristiane Pires Ramos, diretora da Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher e titular da 1ª Delegacia de Polícia Especializada no Atendimento à Mulher; Dra. Lisiane Hartmann, dirigente do Núcleo de Defesa da Mulher da Denfesoria Pública e a Dra. Giovana Mazzarolo Fopa, do Comitê Em Frente Mulher RS trataram com afinco. Cristiane enfatiza a importância dos dados coletados pela Cufa e reitera a fala de Kaká. “A violência começa de maneira muito sutil”, alerta.
Dentre diversas explanações, ela destaca: se a mulher/menina está com um homem abusivo, ele não vai deixar de ser sem as intervenções necessárias e sim, deve piorar com o tempo. É preciso estar sempre atenta aos sinais para conseguir identificar uma violência no seu início e de fato realizar a denúncia. Muitas vezes, mulheres que passam por violência doméstica não estão prontas para denunciar por diversos motivos, mas Cristiane lembra aos que estão tentando ajudar: “desistir desta mulher não deve ser opção, ela precisa de ajuda, mão estendida, apoio e acolhimento”.
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