Projeto busca parcerias para viabilizar o filme
O curta-metragem Ecos do Cafundó irá transpor para o cinema uma história em que o pano de fundo é a batalha de junho de 1923, no interior de Montenegro, e que completa 100 anos neste ano. O movimento armado ocorreu no Rio Grande do Sul entre os partidários do então presidente do Estado, Borges de Medeiros, conhecidos como Borgistas ou Ximangos, e os revolucionários aliados de Joaquim Francisco de Assis Brasil, chamados Assisistas, ou Maragatos.
O roteiro de Ecos do Cafundó é inspirado no livro Bárbaros do Paraíso, do escritor montenegrino Pedro Stiehl. O filme irá trazer um inusitado encontro do jovem Pedro e dona Sofia, uma velha senhora descendente de colonos alemães. Juntos eles desvendam um evento épico, praticamente apagado da história oficial, a batalha do Cafundó, confronto que dividiu o estado do Rio Grande do Sul em dois lados: os Assisistas e Borgistas. Os Assisistas alegavam fraude na eleição que derrotou Assis Brasil e levou Borges de Medeiros ao 5º mandato na presidência do Estado. A maioria dos colonos alemães ficou ao lado dos Assisistas.
O encontro das dúvidas de Pedro com as memórias de dona Sofia desvenda o embate. Cinco guerrilheiros Assisistas e seis colonos alemães causaram 30 baixas em um contingente de 150 homens das tropas legalistas. Neste cenário, a narrativa do filme busca valorizar o resgate da memória local e dialogar com a história real. A produção também vai contar com um grande número de figurantes locais e movimentar o comércio da região.
Projeto busca apoio para financiar obra
O curta-metragem está em processo de captação de parceiros. O trabalho vem sendo realizado pela ex-vereadora Josi Paz, que nasceu na localidade de Vapor Velho. Ela tem apresentado o projeto para empresários do município buscando o patrocínio direto, no qual é possível adquirir uma cota e anunciar a empresa no filme. A ideia também é buscar financiamento junto a leis de incentivo à cultura.
Interessados em colaborar com o filme podem entrar em contato com Josi, através do telefone 51 99645-4586. “O nosso objetivo é que essa história não fique só na memória das pessoas que vivem em Vapor Velho. Porque acaba que vai se perdendo essa lembrança do que ocorreu”, destaca a ex-vereadora.
O projeto vem sendo trabalhado há cerca de um ano. A ideia é que o curta-metragem seja gravado ainda este ano, para compor a programação dos 150 anos de Montenegro. Conforme o diretor, Diego Müller, a idéia do filme é trazer uma contrapartida para o município. “O dinheiro do orçamento do filme, na sua grande maioria, vai circular na cidade no que diz respeito a materiais de construção, alimentação, entre outros. Vamos usar a mão de obra do município no que for possível, no que não envolva questões técnicas, que tem que se trazer os profissionais”, pontua.
Diego destaca que o objetivo também é envolver a comunidade na figuração e elenco de apoio, além de testar alguns atores da cidade para fazer pequenas participações. “As escolas do município também podem colocar alunos para fazer um estágio e se envolverem na produção para aprender. A idéia é envolver o município em tudo o que for possível. Claro que a grande maioria dos profissionais serão de fora, porque o filme foi orçado e pensado para ser uma produção grande”, conclui.
Produção será dirigida por montenegrino
Ecos do Cafundó será dirigido pelo montenegrino Diego Müller, da GM/2 Filmes, que já roteirizou e dirigiu 11 curtas-metragens. Dentre eles está Cortejo Negro, de 2008, vencedor dos prêmios de melhor direção, melhor produção-executiva, e melhor fotografia na Mostra Gaúcha do 36º Festiva de Cinema de Gramado.
Diego é irmão da cantora e comunicadora Shana Müller e, apesar de não ter crescido em Montenegro, tem um carinho especial pelo município. “Eu e todos os meus irmãos nascemos em Montenegro. Minha madrinha e meu padrinho moram na cidade, então a gente sempre teve um convívio muito emocional”, diz. Para ele, dirigir o filme será um reencontro com sua cidade natal. “Vamos contando uma história do município que é importante e está dentro de um contexto que diz respeito não só ao meu envolvimento com a cidade, mas a um momento emblemático da história política do Estado. É uma forma de retribuir o carinho que eu tenho pela cidade”, afirma.