Entidade tem o intuito de servir o próximo, reduzindo as desigualdades sociais
O mês de Outubro marca um período muito importante para a Cáritas Paroquial São João Batista, de Montenegro, pois é celebrado os 40 anos da entidade. A nível internacional e nacional, a Cáritas atua há mais de 60 anos e é uma rede de pessoas organizadas em grupos, comunidades e paróquias que contribuem para a vivência da solidariedade, construção da cidadania e fortalecimento da democracia e da organização popular, em vista de uma sociedade justa e solidária. Mobilizando a sociedade, o objetivo é promover o trabalho com pessoas em situação de exclusão social para que se tornem protagonistas da sua história. O intuito principal do serviço de caridade não é o assistencialismo, mas a promoção humana.
A criação da Cáritas Paroquial São João Batista Montenegro surgiu de uma necessidade levantada em assembléia paroquial de pastoral em 1982. A data oficial da criação, em ata, é 16 de outubro. Neste mesmo ano, um grupo coordenado pelo Padre Hugo Büttenbender e a irmã Elvira Slongo se reuniu para iniciar um serviço de caridade. A ideia foi se desenvolvendo e na antiga casa paroquial, em Montenegro, iniciou o trabalho com atendimento de pessoas necessitadas. Já naquela época as solicitações à comunidade eram atendidas e as doações eram repassadas para quem mais precisava.
A partir de 1983 foi realizado o cadastramento de mulheres que procuravam pelo serviço. Assim, era agendada uma visita às famílias carentes e, se comprovada a necessidade, eram cadastradas. Em 1984, o Conselho Paroquial cedeu à Cáritas uma ampla sala nos fundos da Igreja Matriz. A sala foi dividida em ambientes como cozinha, dispensa, secretaria, sala para costura, confecção de acolchoados, sala infantil, lojinhas e sala de reuniões. Até o momento as coordenadoras foram a irmã Elvira Slongo, Nayr Bondan, Núbia Franco, Neida Schons, Jane de Oliveira Hauser, Fátima Dal Bosco, Maria Elaine Figueiró, Paula Lunardon Pereira, Marlene Reidel e, desde junho de 2022, a coordenação é de Beloni Nunes Juliano.
“Caridade é amor, não esmola”
Jane Maria de Oliveira Hauser, 81, está na Cáritas desde a sua fundação em Montenegro. Para ela, a maior mudança desde o início da entidade na cidade, em 1982, foi a forma da realização dos cadastros. Ela explica que antigamente, o cadastramento era mais simples, menos complexo, e hoje em dia, a equipe de voluntários se aprimorou e sabe exatamente quem precisa do auxílio. Outra mudança positiva destacada por Jane foi a sala em que a Cáritas opera hoje, pelo espaço amplo e localização de fácil acesso junto à Catedral. Mas, o que não mudou desde o início, foi o objetivo da entidade. “Eu posso ter mais, mas não sou mais do que ninguém. O nosso intuito é tratar sempre todo mundo com muito amor e carinho. Caridade é amor, não esmola”, pontua Jane.
Beloni, atual coordenadora da Cáritas, conta que há cerca de oito anos foi conhecer a fundo o trabalho. “Eu acabei me apaixonando, porque além de tu ajudar as pessoas com a caridade, tu aprende muito”, destaca. “Não é só doar roupas e alimentos. Tu conhece a história de cada um. Tem muitas pessoas que atendemos que querem conversar, falar das suas dificuldades. Às vezes uma palavrinha que tu dá, eles acham o máximo”, afirma. Ela destaca que ajudar ao próximo é a grande missão da Cáritas. “Muitos chegam até nós com fome, dizendo que não comeram nada no dia, então a gente faz um sanduíche, dá uma bolacha, um leite. Poder ajudar o próximo é muito gratificante para a gente. A Cáritas vicia e depois a gente começa é muito difícil não ir”, conclui.
Atualmente, todas as famílias cadastradas que recebem benefícios constam em documentos guardados na Cáritas, junto do número do seu cadastro e integrantes. Deste modo, a coordenação tem controle exato do que cada mãe e seus filhos receberam, quando foi a última retirada e quando será a próxima, tendo em mãos o balanço de todos os alimentos e roupas que foram destinados. Outro benefício é para mães gestantes cadastradas. A Cáritas separa roupas vindas de doações e monta o enxoval para doar à mãe. Jane conta que as roupinhas para os bebês são lavadas com todo o cuidado por voluntárias, para serem entregues em perfeitas condições de uso após o nascimento.
O trabalho da Cáritas é feito por uma equipe de 16 voluntários, que todas as terças e quintas-feiras, das 14h às 17h, se dedicam a servir o próximo. As famílias continuam sendo visitadas antes do cadastramento, para averiguar necessidade de ajuda. As 12 mães cadastradas passam a tarde no espaço da Cáritas, participando de oficinas de tricô, chochê, confecção de acolchoados e costura a máquina e a mão. Durante as tardes, elas recebem orientações sobre religião, higiene, culinária, relacionamento familiar, saúde e economia doméstica. As cadastradas também levam seus filhos para o espaço, onde são atendidos. No fim da tarde, todas ganham uma cesta básica. Além das famílias, são atendidos 29 idosos que recebem uma cesta básica por mês, roupas e calçados.
Recursos e cadastramento
Nas dependências da Cáritas, lojinhas, em formato de brechós, vendem roupas e calçados a preços que variam de R$ 1,00 a R$ 10,00. Todo o valor arrecadado é utilizado para comprar alimentos, tecidos para os acolchoados, fibra e fraudas. Ainda, o segundo domingo de todo mês é dedicado a coleta do quilo, feito em todas as missas do fim de semana na Catedral São João Batista. Nos dias atuais, a Cáritas também recebe ajuda de empresas com a compra de alimentos. Vale lembrar que a entidade aceita doações de alimentos, roupas, móveis, roupas de cama e cortinas. Os cadastros ocorrem durante o ano todo, mas, agora, os próximos cadastramentos ocorrem em março. As mães interessadas devem se dirigir até a Cáritas, junto à Catedral, com seu documento de identificação com foto, assim como de todos os filhos e comprovante de endereço.