Igreja busca entendimento e sensibilização sobre o tema
Hoje, Quarta-feira de Cinzas, inicia a Quaresma, um dos mais importantes tempos litúrgicos da Igreja Católica. A Quaresma é um tempo que convida os cristãos à conversão e a atitudes novas. Tempo este que nos prepara para a grande celebração do Mistério Pascal de Cristo: sua Paixão, morte e ressurreição.
Em 2023, a Campanha da Fraternidade tem como tema “Fraternidade e Fome”. É a terceira vez que a campanha reflete sobre pobreza. O primeiro ano foi em 1975, seguido de 1985, evidenciando o quanto esta realidade continua afligindo milhões de pessoas mundo afora. Padre Ludinei Marcos Vian, coordenador de pastoral da Diocese de Montenegro, relembra que, segundo o texto-base da Campanha, 33 milhões de brasileiros enfrenta uma insegurança alimentar grave. “É um contexto muito presente em nossa sociedade. Se temos este número, existe a necessidade de reflexão, que a Igreja faz através da fé. Poucos que detém muito e muitos não tem nada. O cálculo não fecha”, ressalta.
O tema instiga uma grande sensibilização sobre o assunto. Por isso, padre Ludinei explica que na quarta-feira, na abertura oficial da Campanha, ocorre o primeiro passo para troca de informações e conhecimentos. Para o evento, que ocorre a partir das 14h na Cúria Diocesana, foram convidados órgãos diretamente ligados à assistência social dos municípios de abrangência da Diocese.

Segundo o padre, o lema da campanha, “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16) , recorda justamente o texto base que relata a existência milhões de pessoas com incapacidade de se alimentar. “Não é só a questão da pessoa ser pró-ativa para conseguir sua alimentação. Mesmo que ela queira, ela não tem acesso. Isso é mais grave ainda”, reflete. Ele também considera que tratar do tema e buscar por soluções seja uma missão. “Nesta passagem bíblica, os discípulos vão até Jesus e dizem que lá tem uma multidão com uma insegurança alimentar grave, assim, questionando como farão para alimentá-los. É aí que Jesus diz “Dai-lhes vós mesmos de comer”. É como se Ele estivesse dizendo que agora é um compromisso que nós devemos assumir”, analisa.
Na Diocese de Montenegro, a Igreja tem se tornado transformadora desta dura realidade. Conforme Ludinei, são diversos os braços que apoiam a causa tentando minimizar a fome no município. “Trabalhamos com pessoas voluntárias que auxiliam nas pastorais sociais da nossa Diocese”, acrescenta. São elas: a Pastoral da Criança, que realiza a conscientização do cuidado das crianças nos primeiros anos de sua vida, também proporcionando trocas com as mães. A Cáritas também exerce sua função atendendo aos cadastrados com o objetivo maior de promover o trabalho para pessoas em situação de exclusão social para que se tornem protagonistas da sua história. A Pastoral da Saúde exerce trabalho de assistência aos que têm a saúde fragilizada.
Já a Pastoral Carcerária, muito importante na cidade, atua dando assistência às pessoas que estão privadas de liberdade. “Tudo isso são iniciativas que a Igreja realiza em vista de um cuidado com aqueles que estão à margem da sociedade”, salienta. “É uma prática que Jesus fazia, por isso, a Igreja tem o compromisso de fazer, se não, será incoerente com aquilo que Jesus ensinou. Ele ia ao encontro dos pecadores, pobres, os mais necessitados, vulneráveis e doentes”, complementa Ludinei.
Campanha da Fraternidade
A Campanha da Fraternidade nasceu por iniciativa de Dom Eugênio de Araújo Sales, em Nísia Floresta, Arquidiocese de Natal, RN, como expressão da caridade e da solidariedade em favor da dignidade da pessoa humana, dos filhos e filhas de Deus.
Assumida pelas Igrejas Particulares da Igreja no Brasil, a Campanha da Fraternidade tornou-se expressão de comunhão, conversão e partilha. Comunhão na busca de construir uma verdadeira fraternidade; conversão na tentativa de deixar-se transformar pela vida fecundada pelo Evangelho; partilha como visibilização do Reino de Deus que recorda a ação da fé, o esforço do amor, a constância na esperança em Cristo Jesus (Cf. 1Ts 1,3). É sempre realizada no período da Quaresma. (Fonte CNBB)
O que é Tempo Quaresmal
Tradicionalmente, esse período se estende por 40 dias, iniciando-se na Quarta-Feira de Cinzas e se encerrando no Domingo de Ramos, ou seja, uma semana antes do Domingo de Páscoa. No entanto, desde o pontificado de Paulo VI, a Quaresma tem duração de 44 dias, pois só se encerra na Quinta-Feira Santa.