Ao que tudo indica, será mais um verão sem que o segundo poço artesiano na comunidade de Bom Jardim esteja em funcionamento. Questões técnicas impedem o início da captação no ponto ao lado da ERS-411, além de – mesmo sem atividade – ter gerado uma dívida. Ao menos não há seca, e as 136 famílias com ligação à rede comunitária (há 5 anos eram 114 e há 6 novas esperando) não sofrem com pouca vazão ou cortes.
No final de 2023 a Construtora MK consertou a estrutura da torre, em investimento de R$ 46.421,070 pelo Município. O processo seguinte, de colocação da caixa d’água de 20.000 litros no topo, é responsabilidade da Associação Comunitária do Bom Jardim; o que permitirá que a Prefeitura conclua o processo de ativação do poço.
Mas na manhã da quarta-feira, 10, a atual presidenta da organização, Noemi Silveira da Motta, ainda tinha muitas dúvidas; especialmente a respeito da viabilidade de tapar um furo que apareceu na caixa d’água de fibra, sem desconsiderar trocá-la. “A caixa veio furada, na Administração Municipal passada. Tudo coisa que a atual está corrigindo”, disse, ao confirmar que estrutura e rede elétrica foram entregues.
Neste último ponto surge outro problema. A Associação tem uma dívida de R$ 8.000,00 com a concessionária de energia elétrica RGE Sul, mesmo que não tenha havido consumo no ponto. Além disso, as contas foram registradas em nome do ex-presidente, Waldemar Antônio Helfer, restando à gestão atual dúvida de como pagá-la. A luz foi cortada e até o relógio contador retirado do número 7.301 da rodovia.
Associação quer receber a área
Por fim, a Associação aguarda para receber legalmente a área do poço, para então ter segurança de investir. A presidente observa que a doação do saudoso Licindo Luiz da Silva foi ao Município, seguindo trâmite legal, que agora precisaria repassá-la à Associação. Além de religar a energia, Noemi aponta falta de hidrômetro e sistema de tratamento com dosador de cloro. Noemi acredita que estes equipamentos também deverão ser adquiridos pela Prefeitura. “A única coisa que a associação tem que fazer é engatar uma rede na outra para passar água para os usuários”, defende. A moto-bomba está instalada.
Prefeitura garante sua responsabilidad
A pasta de Desenvolvimento Rural (SMDR) é a principal responsável pela questão, e iniciou sua resposta ao Ibiá apontando que o contrato não prevê a intervenção da Prefeitura sobre o reservatório propriamente dito (conserto e colocação). “Contudo, os moradores podem agendar uma reunião no gabinete do prefeito para tratar do assunto e debater alternativas”, declarou o secretário Ernesto Kasper.
Ele sugere que o encontro sirva também para esclarecer a respeito da transferência do terreno do Município à Associação, pois hoje a Administração Municipal não tem conhecimento desta demanda. Seria inclusive necessário avaliar se há base legal para está mudança.
Quanto ao hidrômetro, a Secretaria de Obras Públicas (Smop) informa que havia um instalado, “a menos que tenha sido retirado após a conclusão das obras”. A presidente nega. “Nunca teve ‘relógio’ ali, e nunca ninguém mexeu, nunca ninguém tirou”. O sistema dosador de cloro foi comprado e, ainda segundo o governo, será instalado quando for realizada a ligação da água.
Ex-presidente diz que a conta não é dele
O ex-presidente Waldemar Antônio Helfer atendeu o Ibiá para esclarecer o caso da conta de luz em seu nome. Ele afirma que precisou tomar essa atitude para garantir que tenha luz quando o poço estiver pronto para uso, especialmente naquele período de seca. Todavia, reitera que a dívida de R$ 8.000,00 é da Associação, inclusive porque a presidência atual estava à frente nos dois anos de ligação ativa. Helfer move ação na Justiça a respeito do valor – sem consumo- e defendendo que a dívida não é dele. Questionada pelo Ibiá, a RGE diz que “não comenta publicamente informações de seus clientes”.