Ação da Cufa leva ajuda e esperança às vítimas da enchente

MAIS DE 500 FAMÍLIAS assistidas em dois municípios da região

Eva Fátima Porn, 65 anos, mora na Travessa Antártica, no bairro Olaria, em Montenegro. Ela e mais de 30 vizinhos ainda estão assimilando as perdas que tiveram com a grande enchente do início de maio. Reunindo doações de várias fontes, os moradores tentam retornar à normalidade de suas vidas, mas enfrentam dificuldades. “Comprar no crediário a gente consegue, porque tem o nome limpo, mas e pra pagar? A gente precisa de comida e remédios, não sobra pra outras coisas”, desabafa Eva.

Vivendo apenas da renda do marido, que é aposentado e faz “bicos” para obter dinheiro extra, Eva e outras vítimas das cheias tiveram um momento de alívio no sábado, dia 25, quando receberam os voluntários da Cufa. Dois caminhões, carregados com doações de cobertores, alimentos, materiais de higiene e limpeza, peças íntimas, colchões e brinquedos para as crianças, foram distribuídos.

Cerca de 10 voluntários trabalharam desde cedo para tornar possível a ação

“Essa é a primeira grande ação das carretas da Cufa no Vale do Caí. Todo o Brasil está envolvido, com muitos parceiros, inclusive pessoas físicas”, relata Rogério Santos, coordenador da Cufa em Montenegro. A ação estava inicialmente planejada para São Sebastião do Caí, mas o cronograma foi alterado devido à elevação do nível do rio. Novas distribuições estão previstas para datas ainda não definidas. No sábado, os voluntários atenderam a mais de 500 famílias. “A Cufa Rio Grande do Sul, Cufa Brasil, Frente Nacional Antiracista estão todos envolvidos junto à sociedade para levar um pouco de esperança nesse momento de tragédia”, diz Santos.

Estudantes da EMEF Prof. Valéria Maria Kirch, de São José do Sul, também enviaram palavras de apoio às vítimas da enchente. Várias cartas foram escritas e entregues junto com as doações. “Isso é muito legal e incentiva cada vez mais nosso trabalho de voluntariado”, afirma Santos.

Com o filho de seis meses no colo, Aryeli foi em busca de ajuda

Comunidade unida
Priscila de Almeida, 40 anos, auxiliou Carliane Pinheiro, a Kaká, a listar as famílias a serem beneficiadas na Travessa Antártica para serem contempladas pela Cufa. Na gelada manhã de sábado, ainda de roupão e chinelo de inverno, Priscila percorreu casa a casa para avisar aos vizinhos sobre a chegada dos voluntários. Aos poucos, a mensagem se espalhou de boca em boca e formaram-se filas para a retirada dos materiais.

“Aqui o pessoal se ajuda muito. Nós não temos condições, eu sou autônoma, meu marido também, então conseguir o que já tínhamos vai ser muito mais difícil”, diz. Para ela, a ação da Cufa é fundamental para ajudar principalmente famílias com crianças, como a de Aryeli e Jorge Silva, pais do pequeno Israel da Silva, de seis meses.

A Cufa reuniu uma van com voluntários e dois caminhões carregados com diversos produtos para atender aos necessitados

“Nasci e me criei aqui e nunca tinha visto algo assim. Foi bem assustador”, diz Aryeli, 24, sobre a enchente. A renda da família é composta apenas pelo salário de Jorge, o que dificulta novas compras. “Viemos pegar um colchão, recebemos alimentos e fraldas também. É um trabalho muito importante pra gente, que teve que sair de casa. Vai nos ajudar bastante”, completa.

Eva Porn se emociona ao mostrar como ficou o pátio e as residências dela e do irmão. Dentro de casa, o colchão ainda aguarda por uma cama e a sala está vazia. “Em 65 anos de vida, nunca tive que pedir nada pra ninguém. Agora acontece isso. Ainda bem que tem esse pessoal pra ajudar a gente”, comenta a ex-diarista ao se referir aos voluntários da Cufa.

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