Algumas famílias montenegrinas estão aguardando desde maio
Na manhã dessa terça-feira, 29, a Câmara de Vereadores foi espaço para esclarecimento de dúvidas e muita indignação da população que ainda aguarda o Auxílio Reconstrução do Governo Federal, no valor de R$ 5.100. Passados quase seis meses da catástrofe que deixou centenas de desabrigados na cidade, 1.900 pessoas ainda estão com algum impasse para receber o valor.
O vereador Talis Ferreira propôs a reunião, que contou com a presença do secretário municipal de Desenvolvimento Social, Vitor Cardoso; coordenador da Defesa Civil, Clóvis Pereira e o vereador Felipe Kinn.
O objetivo do encontro foi sanar algumas dúvidas da população, ainda que a maior delas ainda esteja sem nenhuma resposta: quando o valor, de fato, chegará às famílias?
Talis relembra que apesar dos esforços da Prefeitura Municipal em ajudar os afetados com o cadastramento e atualizações, é o Governo Federal quem analisa e aprova os pagamentos. “Eles não dão prazo para analisar o benefício, tem pessoas em análise desde junho. Esta reunião é para tirar dúvidas, fazer uma ata e pedir soluções. Isso é um total desrespeito com todos vocês e a gente da Câmara, da Prefeitura, da Secretaria, é totalmente contra os critérios que estão sendo utilizados. Talvez vocês tenham dúvidas que a gente também tenha, mas temos que levar isso ao Governo justamente para entender”, salienta.
A ata citada foi assinada por todos os participantes da reunião e deve ser entregue na próxima quinta-feira, 31, para o ex-ministro Paulo Pimenta ou o secretário-executivo do órgão, Maneco Hassen. Este evento, por sua vez, acontecerá no Teatro Roberto Atayde Cardona e tratará principalmente das novas moradias prometidas pelo Governo à Montenegro pelo programa Minha Casa, Minha Vida.
Ao todo, 3.700 pessoas já receberam o Auxílio, mas o secretário Vitor Cardoso ressalta que fora este número, cerca de 12 mil cadastros foram realizados pela Prefeitura com atualizações e ainda não obtiveram sucesso para receber o valor.
Estes 1.900 cadastros que ainda não “passaram” estão “em análise” ou “com pendências”. Vitor destaca que a Administração nota que o atendimento por parte do Governo Federal não tem sido “nada humanizado, já que muitas famílias não conseguem ultrapassar as etapas para o recebimento do valor”. “Tem cadastros que voltaram seis, sete vezes já depois da atualização, mas é importante lembrar que começamos o cadastramento já no primeiro dia que abriu”, ressalta.
Espera desde maio
Daniela e Silva, 47, uma moradora de Porto Garibaldi, revela o impacto devastador que a perda de sua casa afetou em sua vida. Desde maio, ela espera pelo Auxílio Reconstrução. “Eu perdi a minha casa, perdi tudo dentro dela”, pontua Daniela, que assistiu à reunião com indignação, buscando respostas para sua situação.
Ela, que morava de aluguel, teve que voltar a morar em sua própria casa, que se encontra em estado deplorável. “Voltei pra minha casa toda quebrada, nem banheiro eu tenho pra usar”, desabafa. Sem o auxílio, ela e o marido enfrentam dificuldades financeiras e vivem sem condições mínimas de habitação. “Meu marido ganha pouco e a gente tem que pagar luz, água, tudo. Não tem banheiro e tomamos banho na casa dos vizinhos”, conta, emocionada.
Desde que o auxílio foi anunciado, Daniela atualizou seu cadastro junto à Prefeitura cinco vezes, mas ainda não recebeu resposta concreta. Apesar da espera que se arrasta há meses, ela mantém a esperança. “Pra Deus nada é impossível. Tenho fé que ele vai olhar por todos nós de Porto Garibaldi e que todos vamos conseguir reconstruir.”
Famílias que aguardam casas terão reunião quinta
Famílias afetadas pelas enchentes de maio em Montenegro, que aguardam moradias do Governo Federal, estão convocadas para participar de uma reunião nesta quinta-feira, às 14h, no Teatro Roberto Atayde Cardona. O encontro, promovido pela Secretaria de Apoio à Reconstrução do RS, contará com a presença do ex-ministro Paulo Pimenta ou do secretário-executivo Maneco Hassen.
Segundo o secretário Vitor Cardoso, cerca de 200 cadastros foram enviados ao Ministério das Cidades para aquisição de imóveis de até R$ 200 mil pelo programa Minha Casa Minha Vida Reconstrução. No entanto, a escassez de moradias prontas que atendem aos critérios tem atrasado o processo.
Será apresentada uma nova opção: construção de unidades habitacionais, com prazo de entrega de até oito meses, conforme Portaria 704 – 2024 MCID. As famílias poderão escolher entre aguardar imóveis prontos ou aderir ao programa de construção. Há duas áreas disponíveis, no Panorama e no Aeroclube, ambos fora de risco de enchentes.