Terceira etapa do projeto será a formação de uma cooperativa de catadores
Esperança. Essa é a palavra usada pela catadora Pedra Olina da Silva, 57, sobre a participação no Projeto Reciclar, realizado no bairro Estação. Durante cinco meses, ela outros 30 moradores passaram por uma formação ministrada através da Global Communities Brasil, em parceria com as empresas John Deere, Tanac, Biocitrus Poker e Sicredi, com apoio da Prefeitura de Montenegro. A formatura dos catadores aconteceu na tarde desta quinta-feira, 25, e marcou mais uma etapa do projeto.
A expectativa dos catadores agora é pela próxima etapa, quando será formada uma cooperativa de catadores. “O curso foi maravilhoso, a gente aprendeu coisas que não sabia que pertencia ao grupo da reciclagem. Agora vamos continuar, porque vai começar o processo de formação da nossa cooperativa”, destaca dona Pedra. Trabalhando há 9 anos com materiais recicláveis nas ruas de Montenegro, dona Pedra afirma que a formação da cooperativa vai melhorar a renda e trazer dignidade para os catadores do bairro. “Pra nós vai ser muito gratificante essa cooperativa, porque o pessoal vai ter um local pra trabalhar com os materiais recicláveis. Por muitas vezes nós somos discriminados e humilhados nas ruas, então a cooperativa vai trazer muita dignidade, para nós vai ser muito bom”, diz.
Um dos responsáveis pela capacitação dos catadores no Projeto Reciclar, o cientista social Alex Cardoso, 42, destacou que a iniciativa tem um grande potencial de gerar emprego e aumentar a renda dos moradores do bairro. “Nós vimos que tem uma potência de gerar muitos postos de trabalho. Que a Prefeitura pode diminuir os recursos que hoje investe na iniciativa privada e fazer com que a renda e a qualidade de vida das catadoras e dos catadores do bairro melhore”, apontou. Para dona Pedra, ter uma renda fixa através da cooperativa vai representar uma vida melhor.
A formatura foi comemorada por todos e destacada como a segunda etapa do projeto. Agora, o desafio será a formalização da cooperativa. Na solenidade, Alex Cardoso lembrou ainda da importância dos catadores no processo de reciclagem. “Todo mundo adora reciclagem, só que 90% da reciclagem é feita pelas catadoras e pelos catadores. Mas em formas indignas, arrastando carrinhos, com chinelo de dedo, muitos dormindo na rua e mergulhando em container atrás de garrafa pet”, disse Cardoso.
Para o cientista social, o projeto coloca o catador como protagonista e traz novas possibilidades e oportunidades. “Aqui eu enxergo uma grande potência e a unidade entre a Prefeitura, as empresas privadas, as organizações da sociedade civil e os catadores. O que queremos agora é trazer os catadores como protagonistas no processo de reciclagem e acabar com essa chaga social”, pontuou Cardoso.
A voluntária Maria Janete Bernardes Francisco, 63, foi uma das idealizadoras do projeto. Para ela, a formatura representa um momento muito especial e a realização de um sonho. “Não adiantaria de nada ter todas as empresas apoiando esse projeto se não tivesse vocês, catadores. Assim como não adiantaria nada ter todos os catadores se não tivesse alguém que apostasse no projeto. Então eu só tenho que agradecer a cada um que viu esse sonho se tornar realidade. Um sonho sonhado junto”, expôs Maria Janete.